terça-feira, 28 de maio de 2013
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Escolas receberão R$ 100 milhões para investir em cultura ( AGÊNCIA BRASIL)
Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A partir do segundo semestre deste ano, escolas públicas de ensino integral terão dinheiro para promover atividades culturais pelo Programa Mais Cultura nas Escolas, lançado hoje (21) pelos ministérios da Educação e da Cultura. "Estaremos potencializando a difusão cultural. Muitos professores querem, mas não sabem como fazer", diz a ministra da Cultura, Marta Suplicy.
Serão selecionados 5 mil projetos. Cada escola contemplada receberá entre R$ 20 mil e R$ 22 mil, que serão usados em apresentações de teatro, música, dança, circo, artes visuais, cultura indígena, cultura afrobrasileira, além de atividades externas, como visitas a museus.
Estão aptas a se inscrever 34 mil escolas de educação básica, que participam dos programas Mais Educação e Ensino Médio Inovador. "A jornada maior é o que permite desenvolver as atividades com mais qualidade", explica o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
De acordo com a ministra, o projeto é uma demanda tanto dos professores quanto dos artistas e agentes culturais. Eles poderão criar um plano de atividade cultural, envolvendo linguagens artísticas e manifestações da cultura. Como a inscrição será feita apenas pelos diretores das escolas, os grupos de cultura que quiserem participar devem procurar as secretarias de Educação municipais e estaduais.
As escolas serão escolhidas por um grupo de representantes dos ministérios da Educação, da Cultura e por professores de universidades federais. Os projetos serão selecionados de acordo com o histórico de atuação dos grupos culturais e de acordo com a qualidade do projeto apresentado. Será levado em consideração o equilíbrio regional e o equilíbrio temático.
Segundo o ministro Aloizio Mercadante, todos os estados e o Distrito Federal serão contemplados. Os projetos serão desenvolvidos pelas escolas e será exigida prestação de contas da utilização dos recursos. As escolas deverão enviar também fotografias e vídeos que provem a execução das atividades. "A escola que não enviar o registro pode não participar do próximo edital", explica Mercadante.
As inscrições começam amanhã (21) e vão até o dia 30 de junho no portal do Simec . O resultado será divulgado no começo de agosto. Os recursos serão encaminhados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) pelo Programa Dinheiro Direto da Escola (PDDE).
Edição: Beto Coura
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quarta-feira, 22 de maio de 2013
Maioria dos métodos de estudar para provas não funciona, diz estudo ( FOLHA DE LONDRINA/BBC Brasil)
22/05/2013
Os métodos favoritos de se preparar para provas escolares não são os que garantem os melhores resultados para os estudantes, segundo uma pesquisa feita por um grupo de psicólogos americanos.
Universidades e escolas sugerem aos estudantes uma grande variedade de formas de ajudá-los a lembrar o conteúdo dos cursos e garantir boas notas nos exames.
Entre elas estão tabelas de revisão, canetas marcadoras, releitura de anotações ou resumos, além do uso de truques mnemônicos ou testar a si mesmo.
Mas segundo o professor John Dunlosky, da Kent State University, em Ohio, nos Estados Unidos, os professores não sabem o suficiente sobre como a memória funciona e quais as técnicas são mais efetivas.
Dunlosky e seus colegas avaliaram centenas de pesquisas científicas que estudaram dez das estratégias de revisão mais populares, e verificaram que oito delas não funcionam ou mesmo, em alguns casos, atrapalham o aprendizado.
Por exemplo, muitos estudantes adoram marcar suas anotações com canetas marcadoras.
Mas a pesquisa coordenada por Dunlosky - publicada pela Associação de Ciências Psicológicas - descobriu que marcar frases individuais em amarelo, verde ou rosa fosforescente pode prejudicar a revisão.
"Quando os estudantes estão usando um marcador, eles comumente se concentram em um conceito por vez e estão menos propensos a integrar a informação que eles estão lendo em um contexto mais amplo", diz ele.
"Isso pode comprometer a compreensão sobre o material", afirma.
Mas ele não sugere o abandono dos marcadores, por reconhecer que elas são um "cobertor de segurança" para muitos estudantes.
Resumos e mnemônicos
Os professores regularmente sugerem ler as anotações e os ensaios das aulas e fazer resumos.
Mas Dunlosky diz: "Para nossa surpresa, parece que escrever resumos não ajuda em nada".
"Os estudantes que voltam e releem o texto aprendem tanto quanto os estudantes que escrevem um resumo enquanto leem", diz.
Outros guias para estudo sugerem o uso de truques mnemônicos, técnicas para auxiliar a memorização de palavras, fórmulas ou conceitos.
Dunlosky afirma que eles podem funcionar bem para lembrar de pontos específicos, como "Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, Seno A Cosseno B, Seno B Cosseno A", para lembrar a fórmula matemática do seno da soma de dois ângulos: sen (a + b) = sena.cosb + senb.cosa.
Mas ele adverte que eles não devem ser aplicados para outros tipos de materiais: "Eles não vão te ajudar a aprender grandes conceitos de matemática ou física".
Repetição
Então, o que funciona?
Somente duas das dez técnicas avaliadas se mostraram efetivas - testar-se a si mesmo e espalhar a revisão em um período de tempo mais longo.
"Estudantes que testam a si mesmos ou tentam recuperar o material de sua memória vão aprender melhor aquele material no longo prazo", diz Dunlosky.
"Comece lendo o livro-texto e então faça cartões de estudo com os principais conceitos e teste a si mesmo. Um século de pesquisas mostra que a repetição de testes funciona", afirma.
Isso aconteceria porque o estudante fica mais envolvido com o tema e menos propenso a devaneios da mente.
"Testar a si mesmo quando você tem a resposta certa parece produzir um rastro de memória mais elaborado conectado com seus conhecimentos anteriores, então você vai construir (o conhecimento) sobre o que já sabe", diz o pesquisador.
'Prática distribuída'
Porém a melhor estratégia é uma técnica chamada "prática distribuída", de planejar antecipadamente e estudar em espaços de tempo espalhados - evitando, assim, de deixar para estudar de uma vez só na véspera do teste.
Dunlosky diz que essa é a estratégia "mais poderosa". "Em qualquer outro contexto, os estudantes já usam essa técnica. Se você vai fazer um recital de dança, não vai começar a praticar uma hora antes, mas ainda assim os estudantes fazem isso para estudar para exames", observa.
"Os estudantes que concentram o estudo podem passar nos exames, mas não retêm o material", diz.
"Uma boa dose de estudo concentrado após bastante prática distribuída é o melhor caminho", avalia.
Então, técnicas diferentes funcionam para indivíduos diferentes? Dunlosky afirma que não - as melhores técnicas funcionam para todos.
E os especialistas acreditam que esse estudo possa ajudar os professores a ajudar seus alunos a estudar.
Universidades e escolas sugerem aos estudantes uma grande variedade de formas de ajudá-los a lembrar o conteúdo dos cursos e garantir boas notas nos exames.
Entre elas estão tabelas de revisão, canetas marcadoras, releitura de anotações ou resumos, além do uso de truques mnemônicos ou testar a si mesmo.
Mas segundo o professor John Dunlosky, da Kent State University, em Ohio, nos Estados Unidos, os professores não sabem o suficiente sobre como a memória funciona e quais as técnicas são mais efetivas.
Dunlosky e seus colegas avaliaram centenas de pesquisas científicas que estudaram dez das estratégias de revisão mais populares, e verificaram que oito delas não funcionam ou mesmo, em alguns casos, atrapalham o aprendizado.
Por exemplo, muitos estudantes adoram marcar suas anotações com canetas marcadoras.
Mas a pesquisa coordenada por Dunlosky - publicada pela Associação de Ciências Psicológicas - descobriu que marcar frases individuais em amarelo, verde ou rosa fosforescente pode prejudicar a revisão.
"Quando os estudantes estão usando um marcador, eles comumente se concentram em um conceito por vez e estão menos propensos a integrar a informação que eles estão lendo em um contexto mais amplo", diz ele.
"Isso pode comprometer a compreensão sobre o material", afirma.
Mas ele não sugere o abandono dos marcadores, por reconhecer que elas são um "cobertor de segurança" para muitos estudantes.
Resumos e mnemônicos
Os professores regularmente sugerem ler as anotações e os ensaios das aulas e fazer resumos.
Mas Dunlosky diz: "Para nossa surpresa, parece que escrever resumos não ajuda em nada".
"Os estudantes que voltam e releem o texto aprendem tanto quanto os estudantes que escrevem um resumo enquanto leem", diz.
Outros guias para estudo sugerem o uso de truques mnemônicos, técnicas para auxiliar a memorização de palavras, fórmulas ou conceitos.
Dunlosky afirma que eles podem funcionar bem para lembrar de pontos específicos, como "Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, Seno A Cosseno B, Seno B Cosseno A", para lembrar a fórmula matemática do seno da soma de dois ângulos: sen (a + b) = sena.cosb + senb.cosa.
Mas ele adverte que eles não devem ser aplicados para outros tipos de materiais: "Eles não vão te ajudar a aprender grandes conceitos de matemática ou física".
Repetição
Então, o que funciona?
Somente duas das dez técnicas avaliadas se mostraram efetivas - testar-se a si mesmo e espalhar a revisão em um período de tempo mais longo.
"Estudantes que testam a si mesmos ou tentam recuperar o material de sua memória vão aprender melhor aquele material no longo prazo", diz Dunlosky.
"Comece lendo o livro-texto e então faça cartões de estudo com os principais conceitos e teste a si mesmo. Um século de pesquisas mostra que a repetição de testes funciona", afirma.
Isso aconteceria porque o estudante fica mais envolvido com o tema e menos propenso a devaneios da mente.
"Testar a si mesmo quando você tem a resposta certa parece produzir um rastro de memória mais elaborado conectado com seus conhecimentos anteriores, então você vai construir (o conhecimento) sobre o que já sabe", diz o pesquisador.
'Prática distribuída'
Porém a melhor estratégia é uma técnica chamada "prática distribuída", de planejar antecipadamente e estudar em espaços de tempo espalhados - evitando, assim, de deixar para estudar de uma vez só na véspera do teste.
Dunlosky diz que essa é a estratégia "mais poderosa". "Em qualquer outro contexto, os estudantes já usam essa técnica. Se você vai fazer um recital de dança, não vai começar a praticar uma hora antes, mas ainda assim os estudantes fazem isso para estudar para exames", observa.
"Os estudantes que concentram o estudo podem passar nos exames, mas não retêm o material", diz.
"Uma boa dose de estudo concentrado após bastante prática distribuída é o melhor caminho", avalia.
Então, técnicas diferentes funcionam para indivíduos diferentes? Dunlosky afirma que não - as melhores técnicas funcionam para todos.
E os especialistas acreditam que esse estudo possa ajudar os professores a ajudar seus alunos a estudar.
BBC Brasil
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domingo, 19 de maio de 2013
MBA Executivo em Estratégias Empresariais Turma III - Instituto TEAR de Balneário Camboriú (maio/13)
Em Santa Catarina,no dia 14.05.2013, o professor Me Cláudio Silva ministrou aulas para no MBA Executivo em Estratégias Empresariais Turma III - Instituto TEAR de Balneário Camboriú, que é realizado em parceria com a UNIVEL Cascavel Pr. Implementação de competências no âmbito pessoal, profissional e empresarial.
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Alunos beneficiados pelo Bolsa Família no Norte e Nordeste têm aprovação maior que média brasileira ( AGÊNCIA BRASIL)
Mariana Tokarnia
Enviada Especial da Agência Brasil *
Enviada Especial da Agência Brasil *
Costa do Sauípe (BA) – Estudantes beneficiados pelo programa governamental Bolsa Família nas regiões Norte e Nordeste têm rendimento melhor do que a média brasileira no ensino médio das escolas públicas. A taxa de aprovação desses alunos é 82,3% no Norte e 82,7% no Nordeste, enquanto a taxa brasileira é 75,2%.
Os números são do cruzamento de dados de 2011 do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) apresentados hoje (16) pela ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, no 14º Fórum Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).
“Os mais pobres tiveram um desempenho melhor do que a média”, constata Tereza Campello. “Não só conseguimos garantir que essas crianças não saiam mais da escola, mas conseguimos garantir que elas consigam ir melhor na escola”. Ela atribui o rendimento ao fato de que os estudantes beneficiados pelo programa não podem ter uma taxa de frequência inferior a 85%. Para os demais alunos, a taxa é 75%. “Além disso, esses estudantes são superestimulados, as famílias entendem que é um ganho muito grande”, diz a ministra.
No Brasil, esses estudantes também se destacam. A taxa de abandono escolar brasileira no ensino médio era 10,8% em 2011, mas entre os alunos beneficiados pelo Bolsa Família, a taxa foi 7,1%. A taxa de aprovação entre os beneficiados foi 79,9% em comparação à taxa nacional de 75,2%.
No ensino fundamental, estudantes beneficiados do Norte e Nordeste tiveram taxa de rendimento um pouco inferior à taxa nacional. No Norte, a taxa de aprovação dos beneficiados foi 84,4% em 2011 e 82% no Norte, em comparação à taxa nacional de 86,3%. No Brasil, a taxa geral de aprovação dos beneficiados foi 83,9%. O abandono nacional nessa etapa do ensino foi 3,2%. Entre os beneficiados, também foi inferior, 2,9%.
A ministra também apresentou dados que mostram a maior presença dos 20% mais pobres da população brasileira no sistema de ensino. Em 2001, 17,3% dos jovens com 16 anos, que fazem parte desse grupo, tinham ensino fundamental completo. O número passou para 42,7%, em 2011. No Brasil, em 2001, 43,8% dos jovens nessa faixa etária tinham o ensino fundamental completo, e em 2011, 62,6%.
Entre os 20% mais pobres do país, os jovens de 15 a 17 anos na escola passaram de 71,1%, em 2001, para 81,1%. No Brasil, a porcentagem de jovens nessa faixa etária na escola passou de 81% para 83,7%. Entre os 20% mais pobres de 15 a 17 anos no ensino médio, - a idade adequada a essa etapa de ensino - a taxa passou de 13,6% para 35,9%. A variação nacional foi 37,4% para 51,7%. “Houve uma melhora no fluxo escolar e são os mais pobres que estão puxando esses indicadores para cima”, constata Tereza.
*A repórter viajou a convite da Undime
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terça-feira, 14 de maio de 2013
Adolescente autista pode ser cotado para o Prêmio Nobel (O GLOBO)
Jacob Barnett, de 14 anos, estuda sistema quânticos
O GLOBO Publicado:10.05.2013
RIO - O adolescente americano Jacob Barnett, de 14 anos, diagnosticado com autismo aos 2 anos, pode ser cotado para receber o prêmio Nobel de Física. Em entrevista à rede de televisão britânica BBC, a mãe de Jacob, Kristine Barnett, disse que na época do diagnóstico do autismo do tipo que varia entre o moderado e o forte, os médicos disseram que ele não aprenderia nem a ler e tampouco a escrever. Entretanto, ele entrou para a faculdade aos 11 anos de idade e, hoje, estuda para seu mestrado em física quantica.
— Foram tempos difícieis e eu só queria dar uma educação apropriada ao meu filho — conta a mãe, autora do livro “The Spark: a mother's story of Nurturing Genius” (A centelha: a história de uma mãe de um gênio em desenvolvimento, em uma tradução livre), onde descreve as experiências do filho.
Apesar do diagnóstico pessimista, a mãe de Jacob conta que buscou estimular o desenvolvimento da capacidade de aprendizado do filho e o cercou de elementos que ele gostava, como música. Aos dois anos, relata Kristine, Jacob fazia terapia todos os dias para desenvolver a fala, mas ela percebeu que era nos momentos em que estava em casa que ele fazia experiências fantásticas.
— Ele recriava no chão mapas de locais que visitávamos, recitava o alfabeto de trás para frente e aprendeu a falar quatro línguas diferentes — conta Kristine, que percebeu que o filho era diferente quando o levou a um planetário e ele respondeu a todas as perguntas sobre a lua e a massa relativa dos astros, feitas por um instrutor — Ele tinha três anos e meio na época e ficamos muito surpresos.
Para Jacob, os conceitos de física e astronomia são de fácil assimilação:
— As perguntas que o instrutor fez naquele dia eram triviais — disse à jornalista da BBC.
No ano passado, Jacob fez uma apresentação no TEDx com a temática “A importãncia de parar de aprender e começar a pensar”. Hoje, Jacob prepara sua tese de Phd em sistemas quânticos
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domingo, 12 de maio de 2013
EDUCAÇÃO: na sala de aula tem um artista ( GAZETA DO POVO)
Sistema educacional ainda tropeça na hora de identificar alunos talhados para as artes e ciências, frustrando talentos que poderiam ser revelados pelas escolas
Publicado em 12/05/2013 | José Carlos Fernandes
Fotos: Andre Rodrigues / Gazeta do Povo
A palavra “talento” pode causar urticárias em pedagogos e professores em geral. Motivo? O termo está por demais associado ao mundo corporativo, que o adotou para batizar programas de garimpagem de futuros profissionais. A escola, sabe-se, não quer se confundir com as empresas. Prefere usar expressões como “potencialidades” e “habilidades” e é a elas que recorre ao se ver diante de alunos com “pendores” especiais. O problema, porém, mais do que semântico, é saber o que fazer quando um candidato a Einstein, a Picasso ou a Nijinski está na lista de chamada.
Raro encontrar um educador que não tenha vivido essa situação pelo menos uma vez. “Foi um dia de alegria e de tormenta”, costumam dizer. Diante de um vocacionado para a dança, para a música ou para o teatro, por exemplo, fica a surpresa, mas também a amargura diante de um sistema de ensino com pouco a oferecer, pesando sobre ele, mais uma vez, a acusação de ser um matadouro de futuros artistas e cientistas. Resta, nesses casos, esperar que por milagre alguma empresa financie o jovem promissor.
Aos 10 anos
“Mitologia em geral”, responde Letícia Neuber ao ser perguntada sobre o projeto pessoal de estudos que desenvolve em 2013. Diz-se preocupada em saber de deuses menos conhecidos de todos os olimpos. Ano passado estudou os cetáceos. Ao mesmo tempo, Gisele Mazeika conta do livro que está escrevendo – sobre uma princesa com amnésia. Avisa que não é autobiográfico e que é seu segundo livro. A conversa fica animada com a blague de Jeasy Parreira – ele já sabe o que vai ser quando crescer: “Adulto”. Risos. E brinda a todos com um solo de violino de “Além do Arco-Íris”. “Quero ser cineasta”, dispara o já quadrinista Emanuel Plinta. “E eu ator”, diz a revelação nos palcos escolares João Pedro Kimura. Essa trupe (foto) faz parte de um grupo de altas habilidades da Secretaria Municipal de Educação e é orientada pela arte educadora Josilene de Oliveira Fonseca. Idade média da turma: 10 anos.
O dilema costuma ser maior na rede pública de ensino. Diante dos equipamentos sucateados, indisciplina e toda sorte de dificuldades, os talentos desse ou daquele aluno tendem a ir para o arquivo morto. Por ironia, é na rede pública que ganha impulso uma espécie de movimento, ainda subterrâneo, em prol da criança e do adolescente talhado para alguma arte e demais ramos do saber.
Chega a ser curioso: o ensino começou a sair da apatia que a faz “desperdiçar cérebros” graças ao avanço dos programas de inclusão de pessoas com deficiência, no início desta década. “De repente, nós nos demos conta de que estávamos trabalhando pelo aluno com problemas de mobilidade e esquecendo de um outro grupo, que acaba se desinteressando pela escola porque ela não satisfaz sua imensa capacidade”, conta Eliane Titon Hotz, membro da Associação Brasileira de Altas Habilidades e coordenadora de programa de superdotação na Secretaria Municipal de Educação.
Com base nos estudos de múltiplas inteligências, esses programas de acompanhamento que pipocam em todo o país estão de olho em prováveis esportistas, dançarinos, artistas plásticos e músicos, uma turma que não costuma ser conhecida por fazer silêncio em sala de aula ou tirar notas azuis.
A reportagem da Gazeta do Povo conversou com oito interessados do assunto – todos relataram que é comum encontrar entre alunos multitalentosos quem tenha recebido diagnóstico de hiperatividade, bipolaridade e similares, não raro tomando remédios como Ritalina.
Desconfiança
Os núcleos de altas habilidades que se formam aqui e ali estão longe de salvar esses alunos do tédio que o ensino formal lhes provoca. A cultura escolar – avessa a tudo que lembre competição ou distinção – faz com que essas iniciativas extracurriculares ainda sejam vistas com desconfiança. Teme-se, do mesmo modo, tomar a propensão às artes e ciências como um feito extraordinário. Outro obstáculo são os próprios pais, que, ao verem seus filhos identificados com superdotação, passam a apresentá-los como iluminados, enchendo-os de ansiedade.
“O ideal seria que os programas de atividades que fazemos fossem estendidos a toda escola”, admite a doutoranda em Educação Denise Pereira Lima, da Secretaria de Estado da Educação, posto que há vários níveis possíveis de altas habilidades. Só os mais destacados são identificados pelos núcleos. A expectativa é de que o avanço das escolas com período integral sane essa dificuldade, aumentando a carga horária de atividades criativas e de pesquisa.
Ainda assim vai ficar faltando uma peça para que a escola não dependa tanto de uma empresa caça talentos para redimir seus alunos – a existência de uma “cidade educadora”. O alerta é dado pela pesquisadora Sônia Haracemiv, do setor de Ensino e Práticas de Educação da UFPR. Ela toca o ponto. Parte do sufoco das escolas seria sanado se o equipamento cultural – como teatros e museus – e o tecnológico tivessem suas portas naturalmente abertas para a educação.
Há faúlhas dessas parcerias, mas são tímidas. Será perfeito o momento em que, diante de um provável dançarino e músico erudito, o professor possa ligar para um corpo de baile ou para uma orquestra avisando que tem talento novo na área, estendendo a sala de aula até lá. A turma que trabalha com altas habilidades espera por esse dia, pronta para dividir com artistas e cientistas a alegria de descobrir um talento, qualquer que seja o nome que se queira dar.
Também foram consultados para esta reportagem: consultor Marcos Meier; Roseli Alves, da Fundação Iochpe; Mari Ângela Calderari, do Núcleo de Prática em Psicologia da PUCPR; arte educadora Joseli de Oliveira Fonseca, da SME; relações pública Jessica Maris Maciel, do Hub Curitiba.
Questões abertas
Confira diagnóstico e “agenda positiva” sobre a percepção de talentos nas escolas, feitos com a ajuda da pesquisadora Sônia Haracemiv, da UFPR; do consultor Marcos Meier; da arte educadora Roseli Alves, da Fundação Iochpe, e da psicóloga Mari Ângela Calderari, da PUCPR:
Cultura educacional
Aluno bom é, em primeiro lugar, aluno que vai bem em Matemática e depois em Português. São para os craques em cálculos, em especial, as gincanas nacionais de desempenho. Contudo, com base nos estudos de inteligência múltipla desenvolvidos por Howard Gardner, educadores voltados para as altas habilidades têm chamado atenção para talentos no movimento (corporal sinestésico), nas relações interpessoais e na expressão plástica, que são, em geral, mais difíceis de serem identificados e valorizados.
Currículo escolar
Os núcleos de altas habilidades têm servido para reforçar o já acalorado debate sobre urgência da reforma curricular. Se as inteligências são múltiplas, os educandos têm direito a uma escola que considere essas sensibilidades e o percurso de conhecimento que exigem. “Estamos longe do ideal. Nosso currículo segue parâmetros do século 19. Valoriza-se a técnica e não a criação”, observa Meier.
Ensino de artes
Roseli Alves acredita que a descoberta dos talentos não se resolve apenas nos programas de altas habilidades. “Precisamos uma nova política para o ensino de Artes. É uma disciplina ainda marginal”, diz. Com o avanço do ensino integral, diz, a tendência é o aumento de disciplinas de música, teatro, dança e artes visuais lecionadas por professores do ramo, o que por si só há de revelar alunos afinados com essas linguagens.
Iniciativas
São por vezes heroicos os esforços de muitos professores para aumentar a interação das escolas com a cultura e a ciência, criando pequenos projetos e trazendo a sociedade para dentro da escola. A promoção de talentos ganha, mas o próximo passo é conquistar ações mais integradas e acompanhamento individual dos alunos. Do contrário, um dom para o desenho ou para a música pode ficar estacionado.
Modelo inglês
A relações públicas Jessica Maris Maciel, 22 anos, é uma das sócias do escritório de empreendedorismo Hub Curitiba e teve sua formação básica em escolas britânicas.
Lá, coral, teatro, instrumento e teatro são disciplinas obrigatórias. A identificação de talentos artísticos é uma política de Estado, reforçada na célebre gestão do ministro Chris Smith, na virada do século 20.
“Nas oficinas que promovemos aqui na cidade me surpreendo com a quantidade de empreendedores que contam ter visto sua criatividade inibida pelas escolas brasileiras. Eles descobrem o valor da iniciativa quando já são adultos”, comenta
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