sábado, 28 de janeiro de 2017

“Cala a boca já morreu ...” - crônica do Prof. Me Cláudio Silva

“Cala a boca já morreu ...”
                                                                                                                                                                                 *Por Cláudio Silva

Lembrei-me outro dia dessa expressão tão comum dos idos tempos de infância, “cala a boca já morreu, e quem manda na minha boca sou eu”! Sempre seremos os donos absolutos das nossas palavras, mas, às vezes não medimos a sua extensão. E quando nos arrependemos, já terá sido tarde. Na maioria dos casos, como diz o ditado, a palavra proferida não tem mais volta, sendo praticamente impossível evitar as suas consequências deletérias.

Conta-se que certo homem, que não controlava a própria língua, foi um dia se orientar com um monge para tentar se livrar dessa inconveniente mania. O mestre lhe deu a seguinte tarefa:

- Meu filho, tome este saco de penas e ao final da tarde, quando venta mais intensamente na aldeia, suba até o ponto mais alto da  torre da igreja e de lá  vá jogando-as uma a uma.

O homem fez exatamente como havia sido orientado. No outro dia, apresentou-se para confirmar o cumprimento da tarefa recebendo a seguinte observação do velho sábio:

 - Muito bem, vamos agora à segunda parte, saia pela aldeia e recolha todas as penas que espalhou.

Imbuído de muita boa vontade, aquele homem caminhou por toda a aldeia atrás das penas. Mas haviam se dispersado de tal forma que, exausto depois de muito tentar, concluiu não ser mais possível recolhê-las. Ao final do dia só havia conseguido recuperar um pequeno punhado.

- É impossível recolher o que foi espalhado, foi dizer ao mestre. Ao que este observou:

- Pois é exatamente o que acontece quando dizemos coisas que não deveríamos, meu filho!  Mesmo que venhamos a nos arrepender e tentar corrigir o nosso ato, o estrago já estará irremediavelmente feito.

 A verdadeira personalidade de uma pessoa se revela mais no que ela fala de você para os outros, do que, por vezes, no que diz diretamente à você, que pode não ser sincero.

S. Scott, em seu livro Salomão, o homem mais rico que já existiu, observa que boa parte das críticas que fazemos poderiam ser evitadas, por serem desnecessárias e causarem mais prejuízos do que algum bem efetivo. Nos famosos Provérbios, o  sábio rei adverte que temos o poder de ferir ou quebrar o espírito de uma pessoa ao criticá-la injustamente. “O que dizemos pode literalmente mudar o curso de uma vida.” Porque as pessoas geralmente conseguem encontrar forças para lutar contra um ferimento ou doença, porém, afirma, a dor de um  espírito ferido é por vezes  insuportável.

Numa analogia à Aristóteles na Ética à Nicômaco, “usar as palavras certas, com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa, é sabedoria”. Vale a pena persegui-la.

Pense nisso !
                                                                                         19 de janeiro de 2017
*Cláudio Silva é mestre em Educação, professor e conferencista, ex-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR,ex-Secretário de Educação de Apucarana-Pr. Diretor da Escola Nossa Senhora da Alegria.
* LEIA TAMBÉM A CAMPEÃ DE ACESSOS "AS RAPOSAS E O GALINHEIRO"

Mais crônicas do professor poderão ser acessadas através do Site Prof. Cláudio Silva Educacional

Ficha Técnica:
Estrutura: Jornalista Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva- MTE 000 9817/PR
Revisão: Psicóloga e Mestra Cláudia Yaísa Gonçalves da Silva - CRP 06/11120 e acadêmica de Direito Cláudia Layla Gonçalves da Silva