terça-feira, 31 de maio de 2011

E O LIVRO DO MEC COM ERROS DE PORTUGUÊS !

 

A  respeito  da  polêmica  sobre  erros  no  livro  Por  uma  Vida  melhor,  adotado  pelo  MEC  para aulas com alunos  de  educação  de  jovens  e  adultos é  elucidativo  o artigo  de  Sergio  Fausto, publicado  no  último domingo, no  jornal  O  Estado  de  São  Paulo.  Fausto  é diretor  executivo do  Instituto  Fernando  Henrique  Cardoso, ou  seja, teoricamente, um opositor  do  governo. Leia com atenção  e  tire  suas  próprias  conclusões.

Educação para o debate

Sergio Fausto, O Estado de S. Paulo, 29/05/11
Disseram que o livro Por uma Vida Melhor estaria autorizando o desrespeito generalizado às regras da concordância e abolindo a diferença entre o certo e o errado no emprego da língua portuguesa. Tudo isso com o beneplácito do MEC.
A celeuma ganhou os jornais nas últimas semanas. Foi motivada por um trecho no qual se afirma que o aluno pode dizer “os livro”. Parece a senha para um vale-tudo na utilização da língua. Não é, mas assim foi lido.
Não conheço a autora nem sou educador, embora vínculos de família me tenham feito conviver com educadoras desde sempre. Escolhi comentar o caso não apenas porque se refere a um tema importante, mas também porque exemplifica um fenômeno frequente no debate público. Tão frequente quanto perigoso.
O procedimento consiste na desqualificação de ideias sem o mínimo esforço prévio de compreendê-las. Funciona assim: diante de mero indício de convicções contrárias às minhas, detectados em leitura de viés ou simples ouvir dizer, passo ao ataque para desmoralizar o argumento em questão e os seus autores. É a técnica de atirar primeiro e perguntar depois. A vítima é a qualidade do debate público.
Existem expressões, e mesmo palavras, que têm o condão de desencadear essa reação de ataque reflexo. Há setores da opinião pública para os quais a simples menção à privatização é motivo para levar a mão ao coldre. No caso em pauta, o gatilho da celeuma foi a expressão “preconceito linguístico” para qualificar a atitude de quem estigmatiza o “falar errado” da linguagem popular. Houve quem aventasse a hipótese de que o livro visasse à justificação oficial dos erros gramaticais do ex-presidente Lula. Um despropósito.
Dei-me ao trabalho de ler o capítulo de onde foram extraídas as “provas” do suposto crime contra a língua portuguesa. Chama-se Escrever é diferente de falar, título que já antecipa uma preocupação com o bom emprego da língua no registro formal, típico da escrita. São algumas páginas. Nada que um leitor treinado não possa enfrentar em cerca de 10 ou 15 minutos de leitura atenta. Se a fizer sem prevenção, constatará que o livro não aceita a sobreposição da linguagem oral sobre a linguagem escrita em qualquer circunstância, como chegou a ser escrito.
Ao contrário, no capítulo em questão, a autora busca justamente marcar a diferença entre a norma culta, indispensável na escrita formal, e as variantes populares da língua, admissíveis na linguagem oral. Não se exime ela do ensino das regras. Mas, em vez de recitá-las, vale-se da técnica da reescrita. Há uma seção particularmente interessante sobre o uso da pontuação. Vale a pena citar uma passagem: “(...) uma cuidadosa divisão em períodos é decisiva para a clareza dos textos escritos. A língua oral conta com gestos, expressões, entonação de voz, enquanto a língua escrita precisa contar com outros elementos. A pontuação é um deles”.
Noves fora um certo ranço ideológico, aqui e ali, o livro é de bom nível. Trabalho de gente séria, que merece crédito. E um pouco mais de respeito. Fica o testemunho: a ONG responsável pela obra tem entre seus dirigentes, se a memória não me trai, profissionais responsáveis, no passado, por um dos melhores cursos de Educação para Jovens e Adultos da cidade de São Paulo, o supletivo do Colégio Santa Cruz.
É justamente a esse público que o livro se dirige. Ele é formado por alunos que estão travando contato com a norma culta da língua mais tarde em sua vida. Nesse contato tardio, frequentemente se envergonham do seu falar. Emudecem. Reconhecer a legitimidade do repertório linguístico que carregam é condição para que possam aprender. Não se trata de proteger esse repertório das convenções da norma culta, para supostamente preservar a autenticidade da linguagem popular. Isso, sim, seria celebração da ignorância. E populismo. O livro não ingressa nesse terreno pantanoso.
O que está dito acima se aplica também às crianças quando iniciam o processo de alfabetização. Sabe-se que o primeiro contato com a norma culta da língua é crucial para o desempenho futuro do aluno como leitor e escritor. Sabe-se igualmente que a absorção da norma culta é um longo processo. O maior risco é o de bloqueá-lo logo ao início, marcando com o estigma do fracasso escolar os primeiros passos do aprendizado. No início dos anos 1980, mais de 60% dos alunos eram reprovados na primeira série do ensino fundamental, o que se refletia em altas taxas de evasão escolar. Embatucavam no contato com as primeiras letras (e as primeiras operações aritméticas). Melhoramos desde então? Sim, as taxas de repetência, defasagem idade/série e evasão escolar diminuíram. Parte da melhora se deve à adoção da progressão continuada, outra presa fácil da distorção deliberada, pois passível de ser confundida com a aprovação automática.
Não aprendemos, ainda, porém, como assegurar a qualidade desejada no aprendizado da língua. Mas há sinais de vida. O desempenho dos alunos em Português vem melhorando, em especial no primeiro ciclo do ensino fundamental, conforme indicam avaliações nacionais e internacionais, ainda que mais lentamente do que seria desejável e necessário. A verdade é que o desafio é enorme: não faz muitos anos que as portas da educação fundamental se abriram para todos e a escola passou a ter de ensinar ao “filho do pobre” - dezenas de milhões de crianças - a norma culta da língua, que seus pais não dominam.
Há muita discussão e aprendizado a serem feitos para vencer esse desafio. É ótimo que todos queiram participar. Mas é preciso educar-se para o debate. Isso implica desde logo dar-se ao trabalho de conhecer o tema em pauta e ter a disposição de entender o ponto de vista alheio antes de desqualificá-lo. Sem querer ser pedante, é o que dizia Voltaire, séculos atrás: “Aprendi a respeitar as ideias alheias, a compreender antes de discutir, a discutir antes de condenar”. Todo mundo ganha com isso.
DIRETOR EXECUTIVO DO iFHC, É MEMBRO DO GACINT-USP
E-MAIL: SFAUSTO40@HOTMAIL.COM






A falsa polêmica do livro de português, que segue com todo o vigor, só tocou dois dos infinitos erros (ou “inadequações”, para inticar) da fala cotidiana: as concordâncias verbal e nominal. Até agora, e isso é muito engraçado, todos os puristas do idioma que ouvi atacando o livro usaram expressões como “os cara” e frases como “existe pessoas no governo que só faz asneira”. E olhe que não estou falando apenas do pessoal da rua, dos leigos, dos linguistas de botequim.
O gramático Claudio Moreno, cujas vituperações contra o livro foram publicadas também neste jornal, escreveu – de piada? – a oração “tem uma expressão que…”, desrespeitando uma premissa básica da gramática normativa, a que impede a utilização do verbo “ter” no sentido de “existir” (o correto seria “HÁ uma expressão que…”). Ora, pois: se nem mesmo os gramáticos seguem as regras o tempo todo, por que o cidadão comum precisa se sentir diminuído diante de um impasse gramatical?
O problema é que todo mundo está fingindo que o tal livro da polêmica autorizou a escrita caótica, quando isso não é verdade. Ele só reconhece o que todos vivenciamos na prática, que existem formas diferenciadas de comunicação, umas mais e outras menos distantes da norma apropriada a situações e ambientes formais. Ou vai dizer que você fala exatamente do mesmo jeito na mesa do bar, no almoço de família e no atendimento aos seus clientes?
No mais, o livro manda estudar, sim senhor, para que os alunos, mais tarde, quando pedirem a punição de quem desrespeita a gramática, não cometam o vexame de trocar o “há” pelo “tem”. Ou seja, para não serem como os moralistas, enxergando nos outros os defeitos que não conseguem enxergar em si mesmos… Mas eu dizia que a falsa polêmica só mexeu com as concordâncias, o que já deu todo o pano para a manga, sem abordar tópicos mais problemáticos como a colocação pronominal.
Ah, ah, a colocação pronominal! Não peço que os puristas observem como as pessoas comuns utilizam a próclise e a ênclise (nem me atrevo a citar a mesóclise); peço, isso sim, que observem como as nossas lideranças, os nossos professores, os médicos, os advogados e todos esses palestrantes de automotivação maltratam a Última Flor do Lácio, ainda mais aqui no Vale, onde temos o costume de misturar o pronome reto da segunda pessoa (tu) com o pronome oblíquo da terceira (se). Chegaremos à conclusão de que quase ninguém fala o português-padrão, mesmo os que deveriam por força de suas profissões.
As incessantes críticas ao livro da polêmica não demonstram apenas a nossa falta de visão sobre o assunto, mas também a nossa falta de humildade.
Fonte:http://wp.clicrbs.com.br/maicontenfen/



Acesse a mais recente crônica do  Prof. Cláudio Silva  “Tá faltando tempero, Zé!"! clicando: http://profclaudiosilva.blogspot.com/2011/08/ta-faltando-tempero-ze.html.   

segunda-feira, 30 de maio de 2011

BALLET DO TEMPO INTEGRAL DE APUCARANA

                                   A peça foi protagonizada por alunos das escolas municipais
  • Segunda,30/05/11 •15h22 • Autor: Assessoria de Imprensa
Mamães são homenageadas no Cine Fênix
A peça foi protagonizada por alunos das escolas municipais

A Autarquia Municipal de Educação (AME) e o Ballet Pavlova de Apucarana promoveram domingo (29/05), no Cine Teatro Fênix, o espetáculo “Hoje é dia circo”.

Montado com o intuito de homenagear as mamães, a peça foi protagonizada por alunos das escolas municipais.

Foram duas sessões: 15 horas e 18 horas. Para abrilhantar ainda mais o momento, esteve presente também a Escola de Circo de Londrina.









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