sexta-feira, 6 de maio de 2011

BIN LADEN ESTÁ VIVO !

* Por Cláudio Silva

Nestes últimos dias ouvi várias vezes um questionamento:
- Professor, não vai escrever sobre a morte do Bin Laden?

Sinceramente, não havia me ocorrido nada que pudesse acrescentar ao que a imprensa vem comentando. Mas, agora há pouco, o senhor que me vendia o pão deu-me a motivação que eu precisava, ao comentar:
- Professor, não deve estar sendo fácil pra vocês darem aula hoje em dia. Tem aluno demais batendo em professores, não é mesmo?

E relatava o caso de um conhecido seu que está literalmente “jogando a toalha”, profissionalmente falando.  E concluía, repetindo uma expressão do mesmo:
- Eles que façam o que quiserem. Jogo a matéria no quadro e que se “lixem”.

A educação ganha um “transmissor de conteúdos” no lugar de um “educador”, se é que o tinha. Porque educador possui uma dimensão transcendente e muito mais profunda.

Seu comentário serviu para unir os fatos para a reflexão de que o mundo está ficando cada dia mais violento. Não são as escolas que estão se tornando lugares violentos.  O ambiente escolar apenas reproduz o que se encontra fora dele. Minha cunhada relatava que numa cidade em que ela morou, dois pais se engalfinharam aos socos e pontapés, no calor da disputa de uma gincana realizada, pasmem, pela pastoral familiar. Cômico se não fosse trágico. Atualmente, promover uma simples gincana escolar, torneio de futebol, ou algo do gênero, requer pensar várias vezes e se precaver.  E o que se dirá das corriqueiras desavenças no trânsito que têm evoluído para homicídios?

Aí, nos voltamos para as imagens das multidões nos Estados Unidos fazendo “carnaval” pela morte de Osama Bin Laden. Explosão de alívio após o terror que se instalou desde o já histórico 11 de setembro, data da atrocidade cometida contra as vítimas indefesas dos ataques às torres do World Trade Center, em Nova York. Mas, as primeiras manifestações dos partidários e  simpatizantes do líder  terrorista, já levam a pressupor que o perigo além de não  estar eliminado, parece recrudescer. Apesar  das promessas do  presidente  Obama de que  o objetivo é  a destruição  total  da  rede Al-Qaeda  e  sua “Jihad”, guerra  santa, como  popularmente  se  convencionou  chamar. Reedição do olho por  olho, dente  por  dente?

Vivemos em uma época de exacerbada violência. Ela nos acompanha e seus sinais estão por toda a parte, basta ler ou ouvir os noticiários. A violência da agressão física, à sutileza do desrespeito à ética e suas manifestações na sociedade contemporânea através do bullying, da corrupção e das manipulações de consciências. O que fazer? É a pergunta recorrente, para a qual parece não se encontrar respostas que satisfaçam. Tempos belicosos! O mundo parece clamar por uma nova revolução. A da cultura da paz, que culmine na não violência. Que ajude os homens e mulheres a desarmarem primeiramente os espíritos e se abrirem à fraternidade. As referências dessa proposta verdadeiramente revolucionária de viver vão de Jesus Cristo, sem dúvida a maior de todas, a personagens que se imortalizaram em suas lutas, como Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Nelson Mandela. “Para atingir a autonomia, os indivíduos devem cultivar o servir, a renúncia, a verdade, a não-violência, o autodomínio e a paciência”, pregava Gandhi.  E acrescentava, “Olho por olho, e o mundo acabará cego”. 

Nesse sentido, o trabalho educativo das novas gerações precisa ser repensado na perspectiva da paz e da fraternidade. O que só poderá ser efetivado através das, “ainda”, frise-se, três fundamentais instituições educadoras da sociedade moderna - a família, a escola e a (s) igreja(s). E para o que, as modernas tecnologias de informação podem ser importantes “armas” nesta “guerra pela paz”.

Um abraço e uma boa semana!

(Se achou esta crônica interessante, poste seu comentário abaixo. Sua referência é importante para nós.)
*Cláudio Silva é mestre em Educação, Secretário de Educação de Apucarana-PR e ex- presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR.                                              (mais textos do professor poderão ser acessados em http://profclaudiosilva.blogspot.com)

Referência bibliográfica:
·        OS GRANDES LÍDERES - GANDHI. São Paulo: Nova Cultural, 1987.


Ficha Técnica:
Estrutura: Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva (acadêmica de jornalismo)
Revisão: Prof.ª Doutoranda Leila Cleuri Pryjma

Acesse a mais recente crônica do  Prof. Cláudio Silva  “Tá faltando tempero, Zé!"! clicando: http://profclaudiosilva.blogspot.com/2011/08/ta-faltando-tempero-ze.html.   

2 comentários:

Profª. Sol disse...

Prof. seu artigo me fez (re)lembrar o começo de um estudo e um ensaio de programa: a Pedagogia Emocional como filosofia de ensino e, nesse tempo, e talvez mais atualizada ainda o que muitos tem chamado de "Pedagogia Espiritual".

Prof. Cláudio Silva disse...

Oi Sol. Primeiramente grato pela consideração. Como educador tenho me preocupado muito sobre essa questão da violência. Penso que é algo bem mais amplo do que manifestações episódicas. E requer um repensar geral sobre os processos educativos, na familia , na escola e na sociedade como um todo. Estou gostando de um trabaho do Prof. carlos rodrigues Brandão, que você conhece, " A canção das sete cores - educando para a paz."