segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Segunda chamada do Sisu 2014 (MEC)

                          Aprovados devem se matricular de 31 de janeiro a 4 de fevereiro

O resultado da segunda chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação está disponível on-line para consulta. Os estudantes convocados devem comparecer à instituição de ensino selecionadora a partir do dia 31 próximo, até de fevereiro, para fazer a matrícula. Aquele que deixar de fazer a matrícula no prazo perderá a vaga.

Os candidatos que não foram convocados nas duas primeiras chamadas podem integrar a lista de espera. O prazo de adesão, aberto nesta segunda-feira, 27, vai até de fevereiro.
Nesta primeira edição de 2014, o Sisu oferece 171.401 vagas em 4.723 cursos de 115 instituições públicas de educação superior. O sistema seleciona estudantes com base nas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A inscrição, encerrada no dia 10 último, foi restrita ao estudante que participou da edição de 2013 do exame.
O cronograma completo do Sisu e o resultado da primeira chamada estão na página do sistema na internet.
Assessoria de Comunicação Social
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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Na saída de Mercadante, MEC eleva piso em 8% e professores reclamam (FOLHA)

O governo federal definiu em 2014 um reajuste de 8,32% no piso nacional dos professores da educação básica e causou atrito com a categoria no momento em que Aloizio Mercadante deixa o Ministério da Educação para assumir a Casa Civil da Presidência.
Os docentes esperavam de 13% a 15%. Agora, acusam o MEC de ter "maquiado" os dados para o cálculo do índice, previsto em lei, como forma de reduzir o impacto nas contas de Estados e municípios -que pressionavam a União por um percentual menor.
Em tese, com o índice, nenhum dos 2 milhões de professores da rede pública poderá ganhar menos do que R$ 1.697 -hoje são R$ 1.567.
Editoria de Arte/Folhapress
A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) diz, porém, que a grande maioria dos municípios não cumpre a regra. Não há na lei punição prevista.
"O índice não condiz com o que foi repassado a Estados e municípios pelo Fundeb [fundo de apoio ao ensino básica, cujos repasses do ano anterior são usados para definir o reajuste]. O governo fez maquiagem", disse o presidente da CNTE, Roberto Leão. Ou seja, para a entidade, os repasses foram maiores.
A categoria, afirma ele, pretende fazer uma greve de três dias em março, como forma de pressionar o governo.
Paralelamente às críticas do sindicato, o senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque (PDT-DF) iniciou na Justiça Federal uma ação pedindo a suspensão da portaria que definiu os parâmetros do reajuste.
A Justiça negou o pedido de liminar (decisão provisória), mas ainda julgará o mérito da ação. "Eles manipularam os dados. Temos a convicção de que o governo tungou o dinheiro dos professores", afirmou Cristovam.
Embora o MEC ainda não tenha anunciado oficialmente o índice, o percentual foi confirmado por Mercadante em reunião com os docentes, segundo a entidade, e já foi usado por alguns Estados.
Para o 1º vice-presidente do Consed (que reúne secretários estaduais de Educação), Eduardo Deschamps, a forma de cálculo precisa ser mais transparente e estável. "O índice demora muito a ser definido. Trabalhamos com um orçamento às escuras que, depois, precisa ser refeito."
Em notas, o MEC e o Tesouro Nacional negam maquiagem e afirmam que o reajuste varia de acordo com "estimativas anuais das receitas formadoras do Fundeb, as quais, não raramente, requerem revisões das projeções".
O MEC também ressaltou que a correção supera a inflação do período e que prefeituras e governos têm tido muita dificuldade de acompanhar o reajuste.
No ano passado, o aumento foi de 7,97%. Em 2012, 22,22%.
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

As cotas para negros: por que mudei de opinião.(PCI)


Douglas, juiz federal (RJ), mestre em Direito (UGF), especialista em Políticas Públicas e Governo (EPPG/UFRJ), professor e escritor, caucasiano e de olhos azuis.
Roberto Lyra, Promotor de Justiça, um dos autores do Código Penal de 1940, ao lado de Alcântara Machado e Nelson Hungria, recomendava aos colegas de Ministério Público que "antes de se pedir a prisão de alguém deveria se passar um dia na cadeia". Gênio, visionário e à frente de seu tempo, Lyra informava que apenas a experiência viva permite compreender bem uma situação.
Quem procurar meus artigos, verá que no início era contra as cotas para negros, defendendo - com boas razões, eu creio - que seria mais razoável e menos complicado reservá-las apenas para os oriundos de escolas públicas. Escrevo hoje para dizer que não penso mais assim. As cotas para negros também devem existir. E digo mais: a urgência de sua consolidação e aperfeiçoamento é extraordinária.
Embora juiz federal, não me valerei de argumentos jurídicos. A Constituição da República é pródiga em planos de igualdade, de correção de injustiças, de construção de uma sociedade mais justa. Quem quiser, nela encontrará todos os fundamentos que precisa. A Constituição de 1988 pode ser usada como se queira, mas me parece evidente que a sua intenção é, de fato, tornar esse país melhor e mais decente. Desde sempre as leis reservaram privilégios para os abastados, não sendo de se exasperarem as classes dominantes se, umas poucas vezes ao menos, sesmarias, capitanias hereditárias, cartórios e financiamentos se dirigirem aos mais necessitados.
Não me valerei de argumentos técnicos nem jurídicos dado que ambos os lados os têm em boa monta, e o valor pessoal e a competência dos contendores desse assunto comprovam que há gente de bem, capaz, bem intencionada, honesta e com bons fundamentos dos dois lados da cerca: os que querem as cotas para negros, e os que a rejeitam, todos com bons argumentos.
Por isso, em texto simples, quero deixar clara minha posição como homem, cristão, cidadão, juiz, professor, "guru dos concursos" e qualquer outro adjetivo a que me proponha: as cotas para negros devem ser mantidas e aperfeiçoadas. E meu melhor argumento para isso é o aquele que me convenceu a trocar de lado: "passar um dia na cadeia". Professor de técnicas de estudo, há nove anos venho fazendo palestras gratuitas sobre como passar no vestibular para a EDUCAFRO, pré-vestibular para negros e carentes.
Mesmo sendo, por ideologia, contra um pré-vestibular "para negros", aceitei convite para aulas como voluntário naquela ONG por entender que isso seria uma contribuição que poderia ajudar, ou seja, aulas, doação de livros, incentivo. Sempre foi complicado chegar lá e dizer minha antiga opinião contra cotas para negros, mas fazia minha parte com as aulas e livros. E nessa convivência fui descobrindo que se ser pobre é um problema, ser pobre e negro é um problema maior ainda.
Meu pai foi lavrador até seus 19 anos, minha mãe operária de "chão de fábrica", fui pobre quando menino, remediado quando adolescente. Nada foi fácil, e não cheguei a juiz federal, a 350.000 livros vendidos e a fazer palestras para mais de 750.000 pessoas por um caminho curto, nem fácil. Sei o que é não ter dinheiro, nem portas, nem espaço. Mas tive heróis que me abriram a picada nesse matagal onde passei. E conheço outros heróis, negros, que chegaram longe, como Benedito Gonçalves, Ministro do STJ, Angelina Siqueira, juíza federal. Conheço vários heróis, negros, do Supremo à portaria de meu prédio.
Apenas não acho que temos que exigir heroísmo de cada menino pobre e negro desse país. Minha filha, loura e de olhos claros, estuda há três anos num colégio onde não há um aluno negro sequer, onde há brinquedos, professores bem remunerados, aulas de tudo; sua similar negra, filha de minha empregada, e com a mesma idade, entrou na escola esse ano, escola sem professores, sem carteiras, com banheiro quebrado. Minha filha tem psicóloga para ajudar a lidar com a separação dos pais, foi à Disney, tem aulas de Ballet. A outra, nada, tem um quintal de barro, viagens mais curtas. A filha da empregada, que ajudo quanto posso, visitou minha casa e saiu com o sonho de ter seu próprio quarto, coisa que lhe passou na cabeça quando viu o quarto de minha filha, lindo, decorado, com armário inundado de roupas de princesa. Toda menina é uma princesa, mas há poucas das princesas negras com vestidos compatíveis, e armários, e escolas compatíveis, nesse país imenso. A princesa negra disse para sua mãe que iria orar para Deus pedindo um quarto só para ela, e eu me incomodei por lembrar que Deus ainda insiste em que usemos nossas mãos humanas para fazer Sua Justiça. Sei que Deus espera que eu, seu filho, ajude nesse assunto. E se não cresse em Deus como creio, saberia que com ou sem um ser divino nessa história, esse assunto não está bem resolvido. O assunto demanda de todos nós uma posição consistente, uma que não se prenda apenas à teorias e comece a resolver logo os fatos do cotidiano: faltam quartos e escolas boas para as princesas negras, e também para os príncipes dessa cor de pele.
Não que tenha nada contra o bem estar da minha menina: os avós e os pais dela deram (e dão) muito duro para ela ter isso. Apenas não acho justo nem honesto que lá na frente, daqui a uma década de desigualdade, ambas sejam exigidas da mesma forma. Eu direi para minha filha que a sua similar mais pobre deve ter alguma contrapartida para entrar na faculdade. Não seria igualdade nem honesto tratar as duas da mesma forma só ao completarem quinze anos, mas sim uma desmesurada e cruel maldade, para não escolher palavras mais adequadas.
Não se diga que possamos deixar isso para ser resolvido só no ensino fundamental e médio. É quase como não fazer nada e dizer que tudo se resolverá um dia, aos poucos. Já estamos com duzentos anos de espera por dias mais igualitários. Os pobres sempre foram tratados à margem. O caso é urgente: vamos enfrentar o problema no ensino fundamental, médio, cotas, universidade, distribuição de renda, tributação mais justa e assim por diante. Não podemos adiar nada, nem aguardar nem um pouco.
Foi vendo meninos e meninas negros, e negros e pobres, tentando uma chance, sofrendo, brilhando nos olhos uma esperança incômoda diante de tantas agruras, que fui mudando minha opinião. Não foram argumentos jurídicos, embora eu os conheça, foi passar não um, mas vários "dias na cadeia". Na cadeia deles, os pobres, lugar de onde vieram meus pais, de um lugar que experimentei um pouco só quando mais moço. De onde eles vêm, as cotas fazem todo sentido.
Se alguém discorda das cotas, me perdoe, mas não devem faze-lo olhando os livros e teses, ou seus temores. Livros, teses, doutrinas e leis servem a qualquer coisa, até ao nazismo. Temores apenas toldam a visão serena. Para quem é contra, com respeito, recomendo um dia "na cadeia". Um dia de palestra para quatro mil pobres, brancos e negros, onde se vê a esperança tomar forma e precisar de ajuda. Convido todos que são contra as cotas a passar conosco, brancos e negros, uma tarde num cursinho pré-vestibular para quem não tem pão, passagem, escola, psicólogo, cursinho de inglês, ballet, nem coisa parecida, inclusive professores de todas as matérias no ensino médio.
Se você é contra as cotas para negros, eu o respeito. Aliás, também fui contra por muito tempo. Mas peço uma reflexão nessa semana: na escola, no bairro, no restaurante, nos lugares que freqüenta, repare quantos negros existem ao seu lado, em condições de igualdade (não vale porteiro, motorista, servente ou coisa parecida). Se há poucos negros ao seu redor, me perdoe, mas você precisa "passar um dia na cadeia" antes de firmar uma posição coerente não com as teorias (elas servem pra tudo), mas com a realidade desse país. Com nossa realidade urgente. Nada me convenceu, amigos, senão a realidade, senão os meninos e meninas querendo estudar ao invés de qualquer outra coisa, querendo vencer, querendo uma chance.
Ah, sim, "os negros vão atrapalhar a universidade, baixar seu nível", conheço esse argumento e ele sempre me preocupou, confesso. Mas os cotistas já mostraram que sua média de notas é maior, e menor a média de faltas do que as de quem nunca precisou das cotas. Curiosamente, negros ricos e não cotistas faltam mais às aulas do que negros pobres que precisaram das cotas. A explicação é simples: apesar de tudo a menos por tanto tempo, e talvez por isso, eles se agarram com tanta fé e garra ao pouco que lhe dão, que suas notas são melhores do que a média de quem não teve tanta dificuldade para pavimentar seu chão. Somos todos humanos, e todos frágeis e toscos: apenas precisamos dar chance para todos.
Precisamos confirmar as cotas para negros e para os oriundos da escola pública. Temos que podemos considerar não apenas os deficientes físicos (o que todo mundo aceita), mas também os econômicos, e dar a eles uma oportunidade de igualdade, uma contrapartida para caminharem com seus co-irmãos de raça (humana) e seus concidadãos, de um país que se quer solidário, igualitário, plural e democrático. Não podemos ter tanta paciência para resolver a discriminação racial que existe na prática: vamos dar saltos ao invés de rastejar em direção a políticas afirmativas de uma nova realidade.
Se você não concorda, respeito, mas só se você passar um dia conosco "na cadeia". Vendo e sentindo o que você verá e sentirá naquele meio, ou você sairá concordando conosco, ou ao menos sem tanta convicção contra o que estamos querendo: igualdade de oportunidades, ou ao menos uma chance. Não para minha filha, ou a sua, elas não precisarão ser heroínas e nós já conseguimos para elas uma estrada. Queremos um caminho para passar quem não está tendo chance alguma, ao menos chance honesta. Daqui a alguns poucos anos, se vierem as cotas, a realidade será outra. Uma melhor. E queremos você conosco nessa história.
Não creio que esse mundo seja seguro para minha filha, que tem tudo, se ele não for ao menos um pouco mais justo para com os filhos dos outros, que talvez não tenham tido minha sorte. Talvez seus filhos tenham tudo, mas tudo não basta se os filhos dos outros não tiverem alguma coisa. Seja como for, por ideal, egoísmo (de proteger o mundo onde vão morar nossos filhos), ou por passar alguns dias por ano "na cadeia" com meninos pobres, negros, amarelos, pardos, brancos, é que aposto meus olhos azuis dizendo que precisamos das cotas, agora.
E, claro, financiar os meninos pobres, negros, pardos, amarelos e brancos, para que estudem e pelo conhecimento mudem sua história, e a do nosso país comum pois, afinal de contas, moraremos todos naquilo que estamos construindo.
Então, como diria Roberto Lyra, em uma de suas falas, "O sol nascerá para todos. Todos dirão - nós - e não - eu. E amarão ao próximo por amor próprio. Cada um repetirá: possuo o que dei. Curvemo-nos ante a aurora da verdade dita pela beleza, da justiça expressa pelo amor."
Justiça expressa pelo amor e pela experiência, não pelas teses. As cotas são justas, honestas, solidárias, necessárias. E, mais que tudo, urgentes. Ou fique a favor, ou pelo menos visite a cadeia.
Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/comopassar/as-cotas-para-negros-por-que-mudei-de-opiniao
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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Por que países com melhor educação são menos corruptos? ( FOLHA)

02.01.2014
Por Sabine Righetti

O dilema é o mesmo do ovo e da galinha: países com melhores níveis de educação atingem tais patamares porque são menos corruptos ou são menos corruptos porque têm melhores níveis de educação?
De acordo com um especialista com quem conversei para escrever uma matéria sobre esse assunto, Rafael Alcadipani, da FGV, são as duas coisas. Trata-se de um sistema que se retroalimenta.
Com menos desvio de dinheiro, sobra mais dinheiro para educação. E como uma sociedade mais bem educada acompanha, participa e cobra mais do governo, a corrupção tende a diminuir.
Foi o que chamamos de “círculo virtuoso positivo”.  E, nesse círculo, tudo tende a funcionar bem.
Na Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Suécia e Noruega, os governos são mais honestos e as escolas são boas. Mas não é só isso: o transporte público é bom, os hospitais são bons, as universidades são boas.
“Nesses países, a educação funciona porque tudo funciona. E tudo funciona também porque há menos corrupção”, diz Alcadipani, da FGV.
MÃO DUPLA
Essa correlação entre corrupção e educação me foi cantada pelo promotor de Justiça em São Paulo Roberto Livianu, doutor em direito pela USP com uma tese sobre combate à corrupção e criador da campanha “Não Aceito Corrupção”.
Depois de uma conversa com ele, resolvi cruzar os dados do Pisa, um exame feito pela OCDE  a cada três anos em 65 países, com  o Índice de Percepção de Corrupção Mundial feito  anualmente pela ONG Transparência Internacional em 177 países.
Os dados mostram que países que estão no topo da avaliação do Pisa também estão entre os menos corruptos.
O Brasil está na segunda metade para baixo nas duas classificações: 58º lugar avaliação do Pisa (de matemática) e em 72º lugar na lista dos países corruptos.
Como desvia muito dinheiro, os governos acabam investindo menos em escolas. E com educação muito ruim para a maioria da população, a sociedade cobra menos do governo
Por isso o Brasil precisa melhorar nos dois quesitos urgentemente
PerfilSabine Righetti é especialista em políticas de educação e ciência

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Site : PALESTRANTE PROF. CLÁUDIO SILVA   Professor Cláudio Silva no Facebook

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Com humor, professor carioca populariza matemática no YouTube (UOL)

Carolina Cunha
Do UOL, em São Paulo
  • Arquivo Pessoal
    O professor carioca Rafael Procopio, 30, é o criador do canal de YouTube Matemática Rio
    O professor carioca Rafael Procopio, 30, é o criador do canal de YouTube Matemática Rio
A matemática carrega a fama de ser uma das disciplinas menos querida dos estudantes. E foi pensando em tornar o aprendizado dos cálculos mais acessível e divertido que o professor carioca Rafael Procopio, 30, levou o conteúdo da sala de aula para a internet.
Procopio é o criador do Matemática Rio, canal do YouTube com vídeos gratuitos de matemática voltado para o ensino médio e fundamental. O canal tem mais de 40 mil inscritos e produz vídeos que oferecem conteúdo objetivo e acessível a quem precisa.
O projeto começou em 2010, quando o professor passou a dar aulas na escola pública Rosa da Fonseca, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ele queria gravar vídeos das aulas para os alunos consultarem. As primeiras gravações saíram praticamente no improviso. "Eu fazia vídeos bem toscos no começo", lembra o professor.  Com o tempo, as visualizações aumentaram e ele começou a testar novos equipamentos, formatos e apostar num estilo próprio.
"Comecei a colocar piadas e fazer paródias. Em vez de ficar só o quadro negro e a minha voz, eu resolvi aparecer também, mostrar a minha cara e isso ganhou um certo destaque", conta Procopio.
A fórmula de vídeos curtos que misturam conhecimento e humor em exemplos de como a matemática está presente na vida dos adolescentes deu certo. Hoje o Matemática Rio recebe acessos de todos os lugares do Brasil e também do exterior, de países como Portugal e Angola. Em seus conteúdos, ele já usou o exemplo de vampiros para explicar uma função exponencial, explicou o preço do Playstation 4 e fez uma paródia da música do Sorriso Maroto para explicar a regra de sinais.
Autodidata, é o próprio professor quem faz o roteiro, a produção, a filmagem, a edição, inclusive as animações de resolução de fórmulas e problemas. Um vídeo leva até dois dias para ficar pronto e o trabalho é feito nas horas vagas, especialmente durante a madrugada.
O maior sucesso é o vídeo Bonde das Matemáticas, uma paródia do funk "Quadradinho de 8", do Bonde das Maravilhas. Procopio escreveu a letra da música, e um grupo de humor produziu. Publicado em maio deste ano, o vídeo ultrapassou 6 milhões de visualizações no YouTube e entrou na retrospectiva do site como um dos mais assistidos de 2013 no Brasil.
"As aulas eram um pouco desinteressantes. Era aquela matemática chata. Aí eu percebi que quando a gente bota energia naquilo que faz, coloca humor, isso motiva o aluno e o adolescente", comenta ele, que afirma que nos últimos dois anos o desempenho dos seus alunos melhoraram com ajuda dos vídeos.
Outra paródia de sucesso foi o Show das Matemáticas, gravado com a ajuda de alunas e que brinca com operações matemáticas usando o hit da cantora Anitta. O cenário é a escola Rosa da Fonseca. O vídeo tem quase 300 mil visualizações.
A instituição, aliás, abraçou o projeto de Procópio e serviu de locação para outras gravações que também contaram com a atuação de alguns estudantes do 6º e 9º anos em pequenos esquetes. "Tem aluno que pede autógrafo e quer tirar foto junto. É engraçado porque você acaba ficando meio famoso", brinca Procopio.
Os vídeos também são usados como apoio em sala de aula. Com a ajuda de um projetor e de caixas de som, o professor projeta o vídeo na lousa e utiliza o conteúdo como uma introdução a um determinado assunto.

Veja alguns vídeos do canal de YouTube Matemática Rio - 6 vídeos


 

Sucesso chamou atenção do Google

O sucesso do Matemática Rio rendeu um convite para o YouTube EDU, plataforma que reúne conteúdos educativos em português para estudantes e professores. O canal ainda é parceiro na criação de aulas digitais online para a Educopédia, plataforma educacional da prefeitura do Rio.
Neste mês, Procopio viajou aos EUA a convite do Google para participar de treinamentos e aprender mais sobre como unir tecnologia e educação.  Antes disso, ele já tinha feito um curso com a equipe do Porta dos Fundos –para delírio dos seus alunos – onde pode ter dicas sobre humor e internet.
"Acho muito importante o uso da tecnologia para democratizar o ensino. Todo mundo pode assistir a mesma aula de qualquer lugar. Então a mesma aula que um aluno tem aqui no Rio de Janeiro, em São Paulo, Curitiba, um aluno lá do interior do Amazonas, do Nordeste pode ter. A videoaula pode melhorar a educação. Só é preciso mais investimento", diz Procopio.

Seguindo os passos do guru

O uso de vídeo-aulas como recurso pedagógico não é uma novidade da Educação. No Brasil, outros professores também se destacam no ensino de matemática pela internet, como Miguel Andorffy, do canal Me Salva!, e o canal Só Matemática.
No YouTube, um dos professores mais populares é o americano Salman Khan, que fundou a Khan Academy, fundação que já disponibilizou mais de 4.000 vídeos de matemática no YouTube. O americano é considerado um guru das vídeo-aulas e é referência para Procopio.
"Acho o Khan uma pessoa revolucionária. A minha crítica é que ele repete e reproduz a aula tradicional de sala de aula, no computador. Eu tento fazer diferente no meu canal. Quero pensar em coisas que não existem na sala de aula. O que eu tento fazer é aliar uma aula a  entretenimento. Fazer a pessoa assistir a aula de matemática e se divertir ao mesmo tempo".
Para ele, o aluno só aprende matemática de verdade quando ele faz exercícios e participa ativamente de atividades. "O que eu acho é que existe preconceito das pessoas já irem para uma aula de matemática achando que é chato, que não vão aprender, que é um bicho de sete cabeças. E às vezes até o próprio responsável pelos alunos ficam com isso na cabeça. Quando você explica a matéria, deixando eles visualizarem, fica mais fácil entender."





Professor carioca populariza matemática no YouTube5 fotos

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Pensando em tornar o aprendizado da matemática mais acessível e divertido, o professor carioca Rafael Procopio, 30, levou o conteúdo da sala de aula para a internet. Na foto, o professor grava para o YouTube EDU, plataforma que reúne conteúdos educativos em português para estudantes e professores Arquivo Pessoal

Um comunicador da ciência

A vontade de ser professor surgiu ainda no colégio, ao ajudar uma amiga a estudar para uma prova. Formado em matemática, Procopio tem uma pós-graduação em Ensino de Matemática pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
"O que me motiva a ser um professor é exatamente perceber a evolução dos alunos com o passar do tempo", conta ele, que hoje se vê como um comunicador e divulgador da ciência. Isso porque além do canal de matemática, ele circula pela web em outros canais como o BioPhysics e o Minuto Terra, canais em inglês em que ele traduz vídeos para o português; o Minuto Matemática e o Minuto Ciência.
Uma de suas últimas empreitadas é um vídeo para o Manual do Mundo, canal de vídeos de ciência, sobre a razão áurea. "Estamos com quase 50 mil visualizações. É o vídeo que eu mais gostei de fazer. As curiosidades são sempre mais interessantes que as aulas".
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