O futuro da Educação
*Por Cláudio
Silva
"Se quiser colher a curto prazo, plante cereais. Se quiser colher a longo prazo, plante árvores. Mas, se quiser colher para sempre, eduque o homem". Pensar o futuro da educação brasileira é primeiramente, em nossa avaliação, pousar os olhos sobre aspectos fundantes. Dentre as várias questões pertinentes, nos limitaremos a quatro, pela exiguidade de tempo e espaço. A primeira, é de que o seu futuro como política pública, está associado à sua articulação efetiva com as demais políticas. A questão de fundo é situar onde ela, educação, se insere nesse contexto. Como mais uma dentre as demais? Ou como elemento central, mola propulsora de todo desenvolvimento social? Ou seja, a consciência de que a saúde, a segurança e todas as demais esferas públicas, dependem de uma educação de qualidade. Articular, portanto, todas as políticas públicas, tendo como centralidade a educação, principiando pelo respeito aos educadores, é o desafio para os gestores públicos. Questão vital que exige coragem, esforços, investimentos e mobilização de forças sociais. Um provérbio africano diz que “É preciso o esforço de toda uma aldeia para educar uma criança”. As nações que aceitaram esse desafio hoje colhem os resultados. A segunda, nos é suscitada pelo educador Paulo Freire ao situa-la como processo histórico. Neste sentido, o Brasil tem ainda pela frente um grande desafio a superar em sua cultura política, que é o de assegurar sequência a projetos de longo prazo. Conquistas, caminhos trilhados, experiências consolidadas, constituem um patrimônio coletivo, que se desconsiderado implica em retrocesso, reiteram estudiosos do assunto. A falta de foco e a descontinuidade tem custado caro à nação. Um dos sintomas está nos recentes resultados do Enem 2014 ( Exame Nacional do Ensino Médio) , em que dos 6.193.565 candidatos, 529.374 participantes tiveram nota zero em redação, segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Apenas 250 obtiveram a nota máxima. O Brasil atualmente amarga a penultima posição num ranking da educação em 36 países, medido pela OCDE ( Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A terceira questão, parte da consideração de que boa parte dos desafios a serem superados não depende apenas de iniciativas locais, mas de ações políticas mais amplas. Dentre elas, superar as consequências da fragmentação do processo educacional, que ao segmentar etapas de competência entre município, estado e união, que nem sempre dialogam adequadamente, implicam em consequencias de ordem pedagógica. Sem uma profunda articulação entre esses três universos intercomplementares, dificilmente se avançará. A quarta e última consideração volta-se ao ensino superior e ténico, com o desafio sempre presente da retenção de talentos. Considerando o ainda expressivo contingente de jovens que migram para outras localidades para estudar, e não mais retornam. Ao nosso ver, uma das maiores perdas para qualquer comunidade. Porque são esses que, inclusive movidos por laços afetivos, poderão ajudar a propulsionar com qualidade o desenvolvimento dos diversos setores da economia, além da necessária renovação de lideranças. Alguns desafios locais e regionais se inferem, como políticas bem definidas de apoio e fortalecimento às instituições de ensino superior e técnico, públicas e privadas, em profunda sintonia com os setores da indústria, comércio e serviços. Finalizando, a educação brasileira teve um ontem, tem um hoje e terá um amanhã, três realidades, que se bem articuladas permitirão antever um futuro mais promissor.
Pense Nisso !
20 de maio de 2015
(POSTE O SEU COMENTÁRIO ABAIXO)
*Cláudio Silva é mestre em Educação,
ex- presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação-UNDIME/PR, foi Secretário de Educação de Apucarana,PR - gestões
2005-2008 e 2009-2012, Secretário de Ensino Superior – 2012 , membro do
GT do Ensino Fundamental e Educação Integral da SECAD/MEC, autor de capítulo do
livro “Caminhos da Educação Integral no Brasil- direito a outros tempos e
espaços educativos”- Jaqueline Moll et AL. Porto Alegre: Penso,2012. É Diretor
da Escola Nossa Senhora da Alegria, conferencista e professor de cursos de
pós graduação. (mais textos do professor no
site Prof. Cláudio Silva Educacional)
Ficha Técnica:Estrutura: Jornalista
Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva – MTE 000 9817 /PR Revisão: Psicóloga Mestranda USP Cláudia Yaísa Gonçalves da Silva.
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