“EU
AMO O MEU BRUTO!”
*Por
Cláudio Silva
Se muitos zelassem pelos filhos como
se preocupam com os seus veículos, as coisas poderiam ser bem diferentes.
“Há três coisas na
vida que jamais retornarão: tempo, palavras e oportunidades.” (A.D.) Outro dia
, o meu amigo e ex-aluno Argeu postou no face a foto do seu caminhão com essa
frase pintada na traseira , “Eu amo o meu bruto”! Sempre admirei a sua paixão
pela profissão - um rapaz inteligente, que mesmo tendo estudado, com pós
graduação e instrutor de cursos técnicos, e com um leque de várias outras
opções, optou por aquela em que se sente mais feliz. Também me despertou a
atenção o zelo pelo seu instrumento de trabalho. As condições do seu veículo
são de causar inveja, sempre impecável. Seus cuidados vão da qualidade do
combustível e lubrificantes aos serviços mecânicos, escolhendo com muita atenção
os produtos e quem cuidará do seu “bruto”.
Nesta época os alunos estão iniciando
o ano letivo. Assim, fiz um paralelo com a educação e fiquei imaginando um
mundo em que os pais, metaforicamente, tatuassem na alma a frase “amo os meus filhos”. E traduzissem isso
em atitudes de zelo pelo seu desenvolvimento. Se muitos zelassem pelos filhos
como se preocupam com os seus veículos, as coisas poderiam ser bem diferentes. Porque
cuidariam primeiramente do exemplo que estão dando, conscientes de que os filhos
aprendem e desenvolvem valores pela convivência e observação.
Na educação escolar seriam pais presentes,
envolvendo-se com as atividades da escola, e acompanhando e orientando tarefas,
cobrando fidelidade aos horários de estudo em casa no sentido da formação do hábito
de estudar. Não deixariam passar as oportunidades de valorizar os aspectos
positivos, boas ações e acertos do filho, para que não houvesse desequilíbrio quando
fosse necessário cobrar e corrigir- certas pessoas consideram-se inferiores,
porque só o erro e situações negativas foram exaltados em seu processo de
formação.
Esses pais zelariam pela qualidade alimentar, pelas
previsíveis consequências futuras. Orientariam os filhos sobre amizades, e também sobre informações
acessadas pelos meios de comunicação e redes sociais, por estarem em uma fase em
que são influenciáveis, e sem senso crítico amadurecido. Estimulariam o
ambiente propício ao diálogo, sobretudo para ajudar a dirimir dúvidas e
questionamentos que não são poucos nesta etapa da vida. Cultivariam a fé e a
espiritualidade, por ser uma das dimensões humanas importantes para o
equilíbrio, principalmente nos momentos difíceis da vida.
Igualmente, favoreceriam o ambiente
cultural, de forma a que tivessem acesso à saudável literatura. Cultura é
também ambiente e cultivo. A criança, por exemplo, que cresce observando os
pais lendo, vendo livros nas estantes de casa, ouvindo à mesa conversas sobre
leituras, acompanhando-os em visitas a bibliotecas e livrarias, ganhando livros
de presente, terá um outro olhar sobre este mundo tão fascinante e necessário
da cultura. E, paulatinamente, vai desenvolvendo o hábito de buscar nos livros
as soluções para dúvidas e ignorâncias, novas ideias e informações científicas.
O que lhe será fundamental no futuro, quando já não mais puder contar com os
pais e professores ao seu lado e tiver pela frente os desafios da vida, dentre
eles a carreira profissional. Criar um ambiente cultural e enriquecedor em
nossas casas é importante atitude
educativa.
Mas sobretudo, esses pais da nossa
temática gastariam tempo simplesmente convivendo com os filhos, seja num
simples passeio de bicicleta, assistindo a um filme, passeando pela cidade,
cantando juntos, ou dando aquelas gostosas gargalhadas das inúmeras situações
engraçadas do dia a dia. Como na máxima
atribuída a Charles Chaplin, “Cada
segundo é tempo para mudar tudo para sempre.” Assim, “perder tempo”
com os filhos é investir e ganhar, e muito. A vida um dia o irá confirmar.
A experiência tem demonstrado que os
pais têm em média de nove a dez anos para fazer esse trabalho de base
essencial, com o complemento e assessoramento da escola. São os anos da
educação infantil e do ensino fundamental. Se esta for bem construída, a sequência
será um processo natural, pois eles estarão aprendendo a caminhar por si e se
dirigir nas etapas que se seguirão. Se você olhar para trás, e recordar o que
fazia há dez anos, parecerá que foi ontem. Da mesma forma, mirando à frente - dez
anos passarão mais rápido do que poderá imaginar, e serão fundamentais para que
o seu filho possa seguir a vida com segurança.
Pense Nisso! 14 de fevereiro de 2016
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*Cláudio Silva é mestre em Educação, ex- Secretário
de Educação de Apucarana-PR e ex- presidente da União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação-UNDIME/PR. Diretor da Escola Nossa Senhora da Alegria. (mais textos do
professor poderão ser acessados no site www.profclaudiosilvaeducacional.com )
Ficha Técnica: Estrutura: Jornalista Cláudia Alenkire Gonçalves
da Silva – MTE 000 9817 /PR Revisão: Psicóloga Mestranda USP Cláudia
Yaísa Gonçalves da Silva - CRP 06/11120 e acadêmica de Direito Cláudia Layla
Gonçalves da Silva.