*“É PRECISO TER CUIDADO PRA MAIS TARDE NÃO SOFRER!”
**Por Cláudio Silva
“ No temor do Senhor está a sabedoria, e evitar o mal é ter entendimento“ (Jó 28,28)
Fui convidado certa vez para proferir
uma palestra numa cidadezinha na fronteira com a Argentina, para educadores de municípios
da região. Esses encontros são sempre marcantes e deixam muitas lembranças. Uma das
reflexões preparada para aquela oportunidade me inquieta até hoje.
Para estruturar a abordagem do assunto
que eu iria desenvolver, fui pesquisar no site do IBGE os dados oficiais sobre
a expectativa de vida do nosso povo. As pesquisas indicavam que o brasileiro
vive em média 75,8 anos. Organizei um gráfico em formato de pizza, que foi
dividida em quatro fatias de 18,9 anos. Levei o maior susto, ao constatar que de
acordo com os dados estatísticos, eu já estou saboreando a última fatia da minha
pizza! Gente, que sensação desconfortável! Possivelmente você amigo leitor
esteja aí rindo imaginando a cara que fiz! A reflexão, inicialmente pensada para
as pessoas que eu iria encontrar, tornou-se uma carapuça que fui obrigado a
vestir.
As ponderações que me fiz naquela
oportunidade, vez por outra retornam, principalmente quando sou surpreendido
por fatos, como recentemente a perda abrupta de um colega dos tempos de escola.
Uma pessoa inteligente, bom profissional, vivendo e trabalhando normalmente. Estava
aparentemente bem até sentir uma pequena indisposição, o que o levou a buscar ajuda médica, seguindo-se
um internamento e em poucos dias foi a óbito, surpreendendo a todos que o
conheciam.
Em circunstâncias assim somos
levados a questionar e rever nossas prioridades. O que realmente importa na
vida? Uma coisa é certa, a nossa existência, por mais que se prolongue, é
efêmera. E assim as várias etapas ou ciclos. Nossos filhos, num momento são
crianças, mas rapidamente crescem, se tornam adultos e seguem os seus caminhos. Colegas de trabalho, amigos, familiares,
pessoas queridas, hoje estão conosco e amanhã não mais. Uma coisa é certa, tudo
passa e nós também passamos. Diz o livro sagrado sobre a existência do ser
humano: “É como flor que se abre
vigorosa, mas logo murcha, seca e vai-se como a sombra que passa, não dura
muito tempo.”( Jó 14,2).
Daí a importância, primeiramente,
de rever a qualidade das nossas relações humanas e a intensidade das coisas que
fazemos. Certa vez passei o dia de finados na minha cidade de origem, e pude
descrever para as minhas filhas quem foram algumas pessoas cujos nomes estavam gravados
em lápides, gente que conheci no começo da minha vida. Alguns se encaixavam no perfil “nariz
empinado”, que quando estiveram por cima não se misturavam com os reles mortais,
se julgavam superiores, discriminavam. Outros serviram-se de sua posição para
auferir vantagens indevidas, pisar, ofender, oprimir. Lá estavam também os que, para conseguir seus intentos, mentiram,
traíram, enganaram, trapacearam. Soube de alguns que tiveram finais
melancólicos, terminando os seus dias na penúria e praticamente sozinhos. “Lembra-te que és pó, e ao pó hás de
voltar”(Gn 3,19)
Essas reflexões nos levam também
a rever o cuidado que estamos tendo com dimensões essenciais da vida. São elas
a dimensão familiar, pessoal, profissional, social e espiritual. Cuidar de
cada uma delas se assemelha ao cultivo de uma planta. Se cada uma receber de
nós os cuidados e a atenção necessária, no tempo certo nos brindará com flores
e frutos, do contrário, poderá definhar. Realmente, como dizia a canção, “é
preciso saber viver ”.
Pense nisso.
23 de agosto de 2018
*Frase da canção “É preciso saber viver” ( Roberto e
Erasmo Carlos)
**Cláudio Silva é
mestre em Educação, ex- Secretário de Educação de Apucarana-PR e ex- presidente
da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR. Diretor da
Escola Nossa Senhora da Alegria. (mais textos do professor poderão
ser acessados no site www.profclaudiosilvaeducacional.com )
Ficha Técnica: Estrutura:
Jornalista Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva – MTE 000 9817 /PR Revisão:
Psicóloga Me Cláudia Yaísa Gonçalves da Silva - CRP
06/11120 e Bacharel em Direito Cláudia Layla Gonçalves da Silva