quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Idioma falado fora da sala de aula (O GLOBO)


Cresce procura por cursos de línguas on-line, mas aprendizado pela internet requer disciplina e alguns cuidados


O Globo
MARCELLE RIBEIRO
Publicado: 



Mais um idioma. Alice Antunes acompanha material virtual disponibilizado pelo curso: “Aprendi espanhol estudando no computador em casa, à noite”
Foto: Eliária Andrade/13-08-2012
Mais um idioma. Alice Antunes acompanha material virtual disponibilizado pelo curso: “Aprendi espanhol estudando no computador em casa, à noite” Eliária Andrade/13-08-2012























SÃO PAULO — Lucas Marquesini fez aula de inglês no hotel, no intervalo entre reuniões de trabalho numa de suas viagens a negócio. Fábio Martini baixa os podcasts das aulas e escuta no carro. Alice Muscas conseguiu aprender espanhol no computador de casa, mesmo tendo a agenda cheia durante o dia. Os três são exemplos de alunos que, cada vez mais, buscam em escolas on-line uma maneira de aprender idiomas e que não conseguiram encontrar, em cursos presenciais, o que buscavam. No entanto, aprender uma outra língua pela internet requer cuidados, segundo especialistas.

Não há estatísticas oficiais sobre quantos brasileiros aprendem idiomas em cursos on-line, mas empresas do ramo afirmam que o número de matriculados tem crescido no país e que o total deve continuar aumentando. Como são considerados cursos livres, eles não são regulados pelo Ministério da Educação(MEC).

Flexibilidade no horário atrai alunos
A Associação Brasileira de Ensino à Distância (Abed) também não tem dados específicos sobre cursos de idiomas on-line. No entanto, de acordo com levantamento feito pela entidade, o número de alunos que fizeram cursos à distância saltou de 528 mil em 2009 para 2,3 milhões em 2010. Entre os estudantes que optaram por esse tipo de aprendizado em 2010, 755 mil faziam cursos livres, categoria na qual se incluem os de idiomas.

É a facilidade de poder estudar em horários mais flexíveis que os disponíveis em cursos presenciais o maior atrativo desse tipo de aprendizado, segundo os alunos.

— Eu não tinha tempo de fazer o curso de espanhol presencial. Faço faculdade em período integral, longe da minha casa. Aprendi espanhol estudando no computador em casa, à noite — afirma a estudante paulista de Engenharia Química Alice Antunes Muscas, de 20 anos.

Há cursos de idiomas, como Open English, EF Englishtown e Portal da Educação, que afirmam ter professores estrangeiros disponíveis 24h por dia em sua plataforma on-line para aulas de conversação ao vivo. As aulas começam de hora em hora, sem necessidade de agendamento prévio.

De acordo com o vice-presidente de Marketing da escola Open English no Brasil, Pupo Neto, estudantes que participam das aulas durante a madrugada não são raros.

Consultor monitora desempenho
Atualmente, o curso Open English tem dez mil alunos matriculados no Brasil e 80 mil no mundo. Em 2011, logo no início das operações no país, eram 40 e, em julho de 2012, já chegavam a 1.500. A empresa criou a figura do consultor pessoal que telefona pelo menos uma vez a cada 15 dias para cada aluno.

— As pessoas não ficam sozinhas. O consultor pessoal liga para o aluno para incentivá-lo e saber como ele está indo, o que também ajuda a personalizar o curso — afirma Pupo Neto.
Segundo a professora de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva, um dos principais cuidados que o aluno de um curso on-line deve ter é manter a disciplina:

— O aluno precisa ter disciplina e agir. Numa aula tradicional, há estudantes que entram mudos e saem calados, não querem falar. Não dá para ser um aluno passivo — diz Vera Lúcia.

O consultor financeiro Lucas Marquesini, de 31 anos, diz que se policiou para ser disciplinado. Ele fazia as aulas entre 21h e 22h, durante suas constantes viagens a trabalho, e, antes de ir a uma para o exterior, intensificou o aprendizado, praticando até três horas por dia:

— Se você se matricula em um curso no qual tem que ir até a sala de aula, acaba se obrigando a comparecer, porque está pagando. No on-line, que pode ser feito em casa, existe o risco de você deixar o curso de lado — diz Marquesini, que sente falta de material didático impresso para marcar os assuntos mais importantes e memorizar melhor as lições.

A privacidade dos cursos on-line também é apontada como uma vantagem por estudantes. Em vários cursos, um aluno não pode ver o outro nas conversações em grupo on-line, apesar de eles poderem enxergar o professor.

— Eu tenho 43 anos e, às vezes, tenho vergonha de não falar inglês muito bem. No curso on-line, ninguém te vê. É uma forma de você se preservar — afirma o médico Fábio Marins de Martini, que está no nível intermediário do curso de inglês.

Professores devem identificar erros
A professora Vera Lúcia diz que outro ponto a ser observado em cursos on-line é a necessidade de os alunos receberem um retorno sobre seu aprendizado, para que possam saber onde estão errando e como podem melhorar. Mesmo que esse retorno seja dado por uma máquina. Há cursos em que o computador corrige a fala dos alunos, que recebem fones de ouvido e microfone especiais para captar melhor a fala.

Empresa que oferece cursos em 30 idiomas em todo o mundo, a escola Rosetta Stone atende funcionários de órgãos públicos e de grandes empresas no Brasil. O curso desenvolveu um programa especial para dar um retorno sobre a fala dos alunos quando eles fazem exercícios.

— O software grava o que o aluno fala, compara com milhares de amostras de pronúncia de nativos que temos no nosso banco de dados e diz ao aluno se ele errou. E gráficos mostram para o estudante como é a fala do nativo daquele idioma, para ele corrigir. Quando ele está fazendo uma aula ao vivo, o professor dá o retorno na hora — conta Paulo Rodrigues, gerente de relações institucionais da Rosetta Stone no Brasil.

Internet precisa de conexão boa
A prática de conversação é um dos principais aspectos dos cursos on-line que devem ser observados pelo aluno na hora da matrícula. E ela pode ser prejudicada pela qualidade de acesso à internet que se tem.

— Há uma limitação no caso de ensino de línguas, que é a prática oral, da fala. Você pode escutar vários áudios, mas ainda temos o problema da dificuldade de acesso do aluno. Às vezes, a conexão de internet não é tão boa. Muitos estudantes não têm banda larga. Isso acaba dificultando o aprendizado da língua — explica a coordenadora da área de Espanhol do curso de Letras da Universidade de São Paulo (USP), Mônica Mayrink.

A fisioterapeuta Felice Marques, de 33 anos, fez aulas de inglês por seis meses, há três anos, e desistiu. Entre os motivos citados por ela para não concluir o curso está a falta de sincronia entre os temas abordados nas lições escritas e na aula de conversação:

— As aulas de conversação em grupo exigiam um conteúdo maior do que o que eu tinha aprendido nas lições. E os alunos que faziam as aulas tinham níveis diferentes — conta Felice.
De acordo com a fisioterapeuta, como só conseguia ter um bom acesso à internet em casa — não tinha tablet ou smartphone —, o estímulo para fazer as aulas diminuiu.



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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Programas de bolsas de estudo para brasileiros em mais de 30 países (UOL)




Cláudia Emi Izumi
Do UOL, em São Paulo


  • Rafael Hupsel/Folhapress
Se você tem planos para estudar fora, terá de dedicar uma boa pesquisa na internet para encontrar o curso desejado, a instituição de ensino dos sonhos e a forma como reduzir os gastos envolvidos na empreitada. As bolsas de estudo vêm para atender a esse fim.
As bolsas podem financiar os estudos integralmente, ou em parte, em cursos de graduação, de pós-graduação, principalmente doutorado e pós-doutorado, e em especializações.
Antes de pedi-las, o candidato deve escolher a universidade onde vai estudar e verificar se dá para pedir a bolsa depois (o processo inverso não existe) porque alguns programas estabelecem uma lista das instituições com quem mantêm parceria e que são exclusivamente beneficiadas.
Em geral, o estudante precisa conseguir a aprovação na instituição antes de pedir o financiamento do estudo. O limite de idade é outro requisito que pode constar entre as qualificações do candidato a bolsa. Outros itens que contam, dependendo do tipo de bolsa, são testes de proficiência em uma ou duas estrangeiras e notas escolares de excelência.
As bolsas de estudo podem cobrir taxas de inscrição, mensalidade e dormitório. As passagens aéreas podem ou não estarem incluídas no benefício. É preciso checar.

Confira abaixo programas de bolsa de estudo

 

São sete tipos de bolsas oferecidas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que cobrem estudos em doutorado, doutorado-sanduíche e estágio pós-doutorado, entre outros. A instituição oferece bolsas em mais de 30 países

Ciência sem Fronteiras

O programa do governo federal oferece como opções para o brasileiros bolsas para graduação-sanduíche, doutorado-sanduíche, doutorado pleno, pós-doutorado e treinamento de especialista no exterior em empresa. Dá-se preferência a áreas consideradas prioritárias, como engenharia e ciências biomédicas. (Veja como participar aqui)

Fapesp

A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) oferece bolsas tanto no Estado de São Paulo quanto no exterior. As modalidades são: treinamento técnico, iniciação científica, mestrado, doutorado, doutorado direto e pós-doutorado, além de pesquisa e estágio no exterior

Santander

As bolsas Santander são voltadas para universitários nas modalidades de graduação e pós para instituições de ensino nos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, China e Portugal.
INSTITUIÇÕES E GOVERNOS ESTRANGEIROS

Em que país você gostaria de fazer intercâmbio?

Resultado parcial
O programa Endeavour Awards, do governo australiano, é destinado a estudos de pós-graduação e pesquisas no país. A bolsa vale para brasileiros, mas o site fornece poucas informações. 

Bélgica

O programa VLIR-UOS dá preferência aos países-latinos, africanos e asiáticos em desenvolvimento. São dois os níveis de estudo para que oferecem bolsas: estágio ou mestrado em universidades belgas, com aulas em inglês.

China

A Embaixada da República Popular da China no Brasil é a via para se manter atualizado sobre as bolsas de estudo integrais. Há programas para especialização, mestrado e doutorado que podem ser pleiteadas por estudantes brasileiros. Mais informações no site da embaixada, que é em português. 

Coreia do Sul

KGSP (Programa de Bolsas do Governo Coreano) destina todo ano duas bolsas integrais para estudantes brasileiros de graduação, que estudam ainda o idioma local para maior integração. Há também financiamento para o mestrado e o doutorado.

Dinamarca

Há financiamento para cursos de graduação e de pós aos interessados em formação acadêmica no país. Os estudantes internacionais precisam apresentar exames de proficiência em inglês e terão intensivos para aprender dinamarquês se as aulas forem dadas nesse idioma. Confira mais informaçõesaqui

EUA

Fullbright Brasil oferece bolsas de estudo para as Community Colleges nos EUA (cursos técnicos de nível superior) e para cursos de pós-graduação, para doutorados-sanduíche e doutorados em ciência, tecnologia, engenharia, além de roteiristas de produção cinematográfica, entre outros. Há ainda programas para professores e pesquisadores.
O site Scholarship Experts, em inglês, analisa os dados pessoais e acadêmicos do usuário e indica quais bolsas internacionais se enquadram no perfil dele e que estão com inscrições abertas. São destinadas a cursos do ensino médio, graduação e pós-graduação em instituições norte-americanas.

França

O governo francês oferece bolsas para estudantes em nível de mestrado e de doutorado. Nos últimos editais, candidatos de mestrado foram convocados apenas nas áreas de engenharia, ciências exatas, biotecnologia, ciências da comunicação, terra e meio ambiente, economia e administração e ciências políticas e direito. Mais informações no site do Campus France.

Hungria

O financiamento dos estudos na Hungria atende programas de graduação, mestrado e doutorado, pós-doutorado e pesquisa para estudantes brasileiros, com cursos de curta e longa duração em universidades e centros de pesquisa. Saiba mais no site do governo húngaro de disseminação cultural. 

Itália

O Ministério das Relações Exteriores é responsável pela emissão de bolsas de estudo na Itália. Um dos principais requerimentos é ter proficiência no idioma do país. Brasileiros podem concorrer se forem estudantes da língua e da cultura italiana e pesquisadores em centros, laboratórios, bibliotecas, arquivos e museus italianos. Veja mais informações na página do programa

Japão

Dependendo do curso escolhido, não se exige a fluência em japonês ou há cursos preparatórios nesse idioma. Existem bolsas de estudo para professores de japonês e educadores do ensino fundamental e/ou médio, para cursos profissionalizantes e técnicos, de graduação e pós. Confira outras informações no site.

Malásia

Estudantes internacionais pedem financiamento para seus estudos em pós-graduação e pós-doutorado para o governo malásio dentro do programa de bolsasMIS. É dada preferência a candidatos com notas de excelência, fluência em inglês e nas áreas de biotecnologia e biossegurança, meio ambiente e tecnologia da informação e comunicação, entre outras.

Nova Zelândia

O governo neozelandês oferece bolsas de estudo para estudantes de pós-graduação em cursos de tempo integral. O Brasil é um dos países beneficiados. Mais informações na página do programa

Reino Unido

O programa do governo britânico destina bolsas de estudo somente a estudantes de cursos de mestrado que tenham concluído a graduação recentemente. O Brasil está entre os países elegíveis. Saiba mais no site.
Gates Cambridge Scholarship oferece bolsas para estrangeiros que desejam fazer pós-graduação pela Universidade de Cambridge. No entanto, é preciso submeter simultaneamente formulários para a universidade, que decide quem aceitar em seu quadro de alunos, e para o programa, que determina quem será beneficiado com a ajuda financeira.

Suíça

As bolsas de estudo são distribuídas pelo programa FCS (Comissão Federal de Bolsas para Estudantes Estrangeiros). No Brasil, podem concorrer estudantes de mestrado ou universitários na área médica, de doutorado e de pós-doutorado, inclusive para áreas de música e artes em geral.

Taiwan

O governo de Taiwan oferece bolsas de estudo para estrangeiros em programas de graduação e de pós das universidades locais que participam do programa. Os estrangeiros devem comprovar proficiência em inglês e em chinês (a partir do nível básico). Confira mais informações sobre o programa aqui

União Europeia

Financiadas pela Comissão Europeia, são três os programas de bolsas do Erasmus Mundus que atendem acadêmicos e funcionários de instituições de ensino brasileiras parceiras. São elas: Mundus LindoBabel Preciosa



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SISU :mais de 700 mil candidatos já se inscreveram ( AGÊNCIA BRASIL)


07/01/2013 - 20h09
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC) já registrou mais de 732 mil inscritos, segundo balanço oficial das 19 horas de hoje (7). O total de inscrições se aproxima de 1,4 milhão, já que cada candidato pode fazer até duas opções de curso.
Concorrem às vagas os estudantes que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2012 e obtiveram nota na redação que não tenha sido zero. O candidato pode fazer até duas opções de curso. As inscrições, feitas exclusivamente pela internet, serão encerradas às 23h59 do dia 11 de janeiro, considerando o horário oficial de Brasília.
A partir de amanhã (8), os candidatos já podem conferir a nota de corte, que é calculada uma vez por dia. De acordo com o MEC, o Sisu calcula a nota de corte (mínimo para ficar entre os potencialmente selecionados) para cada curso com base no número de vagas disponíveis e o total de candidatos inscritos, por modalidade de concorrência.
Segundo a pasta, a nota de corte serve apenas como referência para ajudar o candidato no monitoramento de sua inscrição e não garantia a vaga. O sistema não faz o cálculo em tempo real e a nota de corte se modifica de acordo com a nota dos inscritos no Enem. A informação pode ser consultada no boletim do candidato, na página do Sisu.
Ao final do período de inscrição, é divulgada a lista de selecionados e, em seu boletim de acompanhamento, o candidato pode consultar a sua classificação e resultado final. A primeira chamada de selecionados está prevista para o dia 14 de janeiro.
Os convocados devem providenciar a matrícula nos dias 18, 21 e 22. A segunda chamada será divulgada no dia 28 deste mês, com matrícula em 1°, 4 e 5 de fevereiro.
Os estudantes que não forem selecionados nas duas primeiras convocações podem aderir à lista de espera para concorrer às vagas remanescentes. O prazo de adesão vai de 28 deste mês a 8 de fevereiro. No dia 18 de fevereiro, ocorrerá a convocação, pelas instituições, dos candidatos em lista de espera.
Edição: Carolina Pimentel

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domingo, 6 de janeiro de 2013

EDUCADORES CRITICAM INCLUSÃO DE ÉTICA E CIDADANIA NO CURRÍCULO ( O Globo)


Em sala. Alunos de ensino médio do pH têm aulas de Atualidades, em que debatem valores éticos e morais no mundo contemporâneo Foto: Leo Martins
Em sala. Alunos de ensino médio do pH têm aulas de Atualidades, em que debatem valores éticos e morais no mundo contemporâneo Leo Martins
Lauro Neto ( O Globo)

Publicado originariamente em 10.12.2012

RIO — Aprovado no Senado, o projeto de lei que prevê a inclusão de duas novas disciplinas obrigatórias (Cidadania Moral e Ética, no ensino fundamental, e Ética Social e Política, no médio) já está causando polêmica antes de ser votado na Câmara de Deputados. Os defensores da proposta do senador Sérgio Souza (PMDB-PR) argumentam que a atual crise de valores e o cenário de corrupção justificam a necessidade dos conteúdos. Mas educadores ouvidos pelo GLOBO são contra, alegando principalmente que a grade curricular do ensino básico já está saturada.
O próprio Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) reprovam a iniciativa. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, frisa que as escolas públicas já têm 13 disciplinas obrigatórias.
— A sobrecarga não contribui para o aluno ter foco nas disciplinas essenciais, que são Matemática, Língua Portuguesa e Ciências.
Presidente do Consed, Maria Nilene Badeca da Costa diz que os dois órgãos trabalham juntos na reformulação da Educação básica. Para ela, a inclusão das disciplinas inviabilizaria o projeto político pedagógico das escolas.
— Os currículos escolares já estão sobrecarregados, não há disponibilidade de espaço na matriz curricular. Não é necessário alterar a legislação. O Consed acredita que a experiência educacional já indica fortemente conteúdos relativos à ética, à cidadania e à política — defende Maria Nilene.
De acordo com o Consed, esses conteúdos devem ser tratados de modo integrado com o currículo escolar, como eixos transversais, permeando a formação dos estudantes em todos os componentes curriculares existentes.
Mas o senador Sérgio Souza (PMDB-PR) defende sua proposta. Ele cita um levantamento feito pelo Fórum Econômico Mundial, com 60 países, que colocou o Brasil na 50ª posição no ranking de corrupção, e no 55º lugar na ineficiência da Justiça. Questionado se o projeto não seria um mea culpa por parte da classe política, Souza rebate:
— Se formarmos cidadãos conscientes para serem representantes, eles irão para a política com propósitos diferentes, que não sejam voltados ao próprio interesse econômico. O cidadão já é corrupto no momento em que quer levar vantagem na fila do pedágio ou do mercado. A cultura brasileira tem isso de ser país do jeitinho, é vergonhoso.
Por isso, o senador defende a implantação de uma política educacional voltada para a formação moral e ética preparando os jovens para o exercício responsável da cidadania. Souza contesta os argumentos da falta de tempo e espaço no currículo:
— Com a proposta de período escolar integral, essa justificativa cai por terra. Antes de discutirmos se há espaço, temos que discutir se é importante.
Os argumentos não convencem a relatora das diretrizes curriculares no Conselho Nacional de Educação, Regina de Assis, que endossa as críticas.
— Isso é desconhecimento de currículo. Não vejo necessidade de incluir mais duas disciplinas para se teorizar sobre isso. Já faz parte das metas curriculares e dos projetos político-pedagógicos. Desde a creche tem que se ensinar a ética a partir de valores e da prática — diz Regina, doutora em educação.
O professor Victor Notrica, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro, lembra que o conteúdo proposto pelas novas disciplinas já é trabalhado pelos professores. Ele ressalta a dificuldade de se cumprir o currículo atual nos 200 dias e 800 horas/ano obrigatórios por lei e levanta outro problema:
— Não sei se há docentes especializados para dar esses conteúdos em disciplinas específicas. Isso tudo faz parte do dia a dia escola. Os professores das ciências sociais, exatas e Língua Portuguesa já fazem uma abordagem de ética e cidadania. A inclusão obriga uma exclusão. Vai hipersaturar a carga horária dos estudantes e tumultuar ainda mais a grade curricular pelo excesso de conteúdo.
Alguns colégios cariocas alegam que já transmitem esses valores em outras disciplinas. O pH, por exemplo, tem a Aula de Vida para o ensino fundamental e de Atualidades para o médio. O São Bento ministra ensino religioso para os menores e teologia para os mais velhos. Diretora do São Bento, Maria Elisa Penna Firme lembra que a escola funciona das 7h30m às 17h30m.
— Já temos 15 disciplinas. Para entrar duas disciplinas, temos que tirar carga horária daquelas que já compõem o currículo. São temas importantes, mas que devem ser abordados dentro de Filosofia, Sociologia e Geografia — diz ela.
Rui Alves, diretor de ensino da rede pH, é menos refratário. Se a proposta virar lei, o colégio adaptará o conteúdo trocando os nomes das matérias:
— São disciplinas importantes para a formação dos alunos. A grande preocupação é contornar essa situação dentro da grade desses segmentos.
Secretária municipal de Educação, Cláudia Costin também está preocupada com a carga horária.
— Enquanto não resolver a questão da carga horária, sou contra. Nas nossas 119 escolas com 7 horas diárias, estamos incluindo a disciplina Educação para Valores. Nas demais, com média de 4 horas de aula/dia, se entrar mais uma disciplina, vamos ter menos tempo para trabalhar Matemática, Português e Ciências, que têm se saído tão mal em rankings internacionais.
Um currículo em crescimento constante
Elaborado pelo senador Sérgio Souza, o projeto que prevê a inclusão das duas disciplinas no currículo tem como relator o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB). O texto, que ainda será submetido a votação na Câmara dos Deputados, não é o primeiro a propor mudanças curriculares na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996. A cada ano, a legislação vai crescendo junto com os currículos. A alteração mais recente aconteceu em abril deste ano, quando foram incluídos os princípios de proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos dos ensinos fundamental e médio nas escolas.
Em 2008, a inclusão de Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio também gerou polêmica e até hoje é questionada.
— A inclusão de Sociologia e Filosofia já foi demais. Tem que haver um projeto de currículo nacional, com conteúdos mínimos necessários para se aprender em cada série, e alguns aspectos regionais, que podem variar de estado para estado — defende Rubem Klein, da Associação Brasileira de Avaliação Educacional.
Também em 2008, a música passou a ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo do ensino de Artes. No mesmo ano, tornou-se obrigatório o estudo da história e da cultura afro-brasileira e indígena em todo o currículo dos ensinos fundamental e médio, em especial em Artes, História e Literatura.
Um ano antes, o ensino fundamental passou a ter, obrigatoriamente, conteúdo sobre os direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Mais recentemente, em 2011, o estudo sobre os símbolos nacionais passou a ser incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental
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