Governo paraguaio vai exigir carteira de migrante de brasileiros que estudam em universidades do país vizinho. Mutirão irá acelerar processo
Marcos Labanca/Gazeta do Povo
Israel Vieira não tem reclamações do curso de Medicina no Paraguai, mas pretende voltarBrasileiros que estudam em universidades paraguaias precisam regularizar a situação migratória para obter o diploma de curso superior. A partir do próximo ano, o Paraguai vai aplicar à risca a Lei 978/96, que considera residente temporário todo estrangeiro que exerce atividades no país. A Direção Geral de Migrações estima que pelo menos mil estudantes brasileiros estejam em situação irregular, somente em Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu.
Para acelerar a regularização, a Direção de Migrações iniciou no último dia 15 um mutirão em parceria com o Consulado Brasileiro em Ciudad del Este. As equipes estarão atendendo até o próximo sábadona Universidade Politécnica e Artística (UPA), das 8 às 17 horas, horário paraguaio.
De volta
Estudante de Medicina quer fazer Revalida no Brasil
Estudante de Medicina, Israel Vieira, 26 anos, deixou São Paulo há seis anos para tirar o diploma de médico no Paraguai. Aluno da Universidade Privada del Este (UPE), ele diz que não tem reclamação do curso. As aulas práticas são feitas em hospitais, o que facilita o aprendizado. “Quem faz a faculdade é o aluno”, diz.
Israel já tem a carteira de imigrante, mas vai aproveitar o mutirão para renovar o documento. Após concluir o curso, daqui a um ano, ele pretende voltar para o Brasil e se preparar para fazer a prova do Exame de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida). Para isso, pretende fazer curso preparatório voltados a médicos formados e oferecidos no Brasil.
O custo para estudar no Paraguai é bem mais em conta se comparado ao Brasil. Israel mora sozinho e gasta cerca de R$ 2 mil ao mês, incluindo a mensalidade da universidade, que custa aproximadamente R$ 1 mil.
O funcionário da Direção Geral de Migrações, Claudio Flecha, diz que o mutirão acelera a expedição da carteira de migração, cujo custo fica quatro vezes mais barato se comparado aos cobrados por despachantes. “O documento sai em dez dias”, afirma. Com a carteira em mãos, o estudante também poderá trabalhar no Paraguai.
Necessidade
Os agentes de migração dizem que mesmo quem mora em Foz do Iguaçu e estuda em Ciudad del Este precisa da carteira, neste caso, expedida em caráter temporário.
Cerca de 2,5 mil brasileiros frequentam universidades em Ciudad del Este, segundo a Direção Geral de Migrações. Eles vivem em Foz do Iguaçu ou são de outras cidades brasileiras. A maioria busca cursos na área de saúde, principalmente Medicina e Odontologia. Os cursos despertam interesse porque as mensalidades são bem mais em conta se comparadas ao valor cobrado no Brasil.
Como é necessário reconhecer o diploma estrangeiro para atuar no Brasil, muitos estudantes, principalmente da área de saúde, começam a cursar Medicina ou Odontologia e no último ano transferem o curso para uma universidade brasileira.
O objetivo é se formar com um diploma brasileiro para evitar passar pela revalidação do documento no Brasil, trâmite burocrático e demorado. Para fazer a revalidação, o diploma precisa ser reconhecido por uma universidade pública do Brasil e alguns documentos submetidos à tradução juramentada.
Estudante de Odontologia, a paranaense Vanessa Fenner, 22 anos, de Serranópolis do Iguaçu, pretende pedir transferência para uma universidade brasileira já em 2014. Ela cursa o segundo ano de Odontologia em Ciudad del Este e quer concluir o curso no Brasil para evitar os trâmites da revalidação, apesar de não reclamar da qualidade do curso no Paraguai. “O curso aqui é muito bom e os professores exigentes”, diz. Por ter esse objetivo, Vanessa não pretende retirar a carteira de migrante. No Paraguai, o valor da mensalidade é R$ 500.
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