Levar os alunos para vivenciar novas experiências fora da sala de aula requer que professores preparem atividades que reforcem o aprendizado antes, durante e depois do passeio
Publicado em 06/05/2014 | LOISE CLEMENTE, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO
Entre os papéis da escola está fazer com que as crianças conheçam o mundo. Esse é um dos pontos levantados pela professora do curso de Pedagogia da UFPR Verônica Branco sobre a importância de saídas pedagógicas – ou aulas de imersão – como método de ensino. Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) destacam ainda que a aprendizagem não deve se restringir ao ambiente escolar. O aprendizado fora dos muros da escola deve ser explorado e é isso que colégios públicos e privados de Curitiba têm feito.
O método de imersão proporciona o contato direto de alunos e professores com realidades distintas, com o objetivo de aprimorar conteúdos previstos no currículo escolar. No entanto, é indispensável que a saída seja programada, com todos os envolvidos cientes do que encontrarão. “Se forem visitar um zoológico, por exemplo, o professor deve pesquisar quais animais existem lá e passar a informação para os alunos”, explica Verônica.
É só chegar
Confira alguns locais que podem ser aproveitados em aulas de imersão:
Paraná
• Estação Mineral Ouro Fino (Campo Largo)
• Centro Histórico da Lapa
• Reserva Ambiental Serelepe (Quatro Barras)
• Centro de Gerenciamento de Resíduos Iguaçu (Fazenda Rio Grande)
• Usina de Reciclagem de Lixo de Curitiba (Campo Magro)
• Parque Estadual de Vila Velha (Ponta Grossa)
• Colônia Witmarsum (Palmeira)
• Centro de Estudos Marinhos da UFPR (Pontal do Paraná)
• Sociedade Thalia (São Luiz do Purunã)
• Sítio Vaca Preta (Bocaiúva do Sul)
• Caminho da Roça (Araucária)
Curitiba
• Memorial Ucraniano
• Museu Oscar Niemeyer
• Praça do Japão
• Sanepar
• Museu da Ordem Rosacruz
• Centro Histórico de Curitiba
• Bosque João Paulo II
• FTD Digital Arena, na PUCPR
Vivência
Saídas pedagógicas dão cor ao aprendizado em sala de aula
De acordo com a professora Evelise Portilho, as saídas pedagógicas “dão um colorido diferente àquelas informações que são passadas em sala para que aquilo se transforme em conhecimento”. E são das cores dos quadros vistos durante uma atividade fora da escola que os alunos do 4º ano da Escola Municipal Nympha Maria da Rocha Peplow se lembram. Mesmo depois de quase cinco meses das visitas à Casa Andrade Muricy e ao Museu Oscar Niemeyer para uma aula de Artes, André Luiz Maluceli Blohen explicou empolgado que o artista “pintava com cores frias e quentes”. E o que chamou a atenção de Bruna de Andrade Farago foram as cores que as luzes formavam em um quadro.
O planejamento deve conter atividades prévias, durante e posteriores ao evento. “Antes do passeio, o aluno deve ser sensibilizado pelo assunto. Na hora, ele deve fazer registros, anotações, fotos e entrevistas. E, quando ele voltar, isso deve ser bem trabalhado e articulado em sala de aula”, afirma a professora do mestrado em Educação da PUCPR Evelise Portilho. Ela pondera que, sem planejamento, a saída pode não ter impacto na absorção de informações. É essencial que o aluno leve um roteiro do que precisará fazer durante o passeio.
A articulação de informações obtidas em sala de aula com a realidade, além de proporcionar melhor aprendizado, contribui para que o aluno conheça a cidade onde vive, desenvolva comportamento social e vocabulário e amplie o acervo motor. Cada local de aula extraclasse deve ser definido de acordo com a idade dos estudantes.
Os alunos de 5.º ano da Escola Municipal Papa João XXIII participam, por exemplo, de passeios ao zoológico e ao Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR). “No Detran, eles têm aulas de comportamento seguro no trânsito, fazem uma prova e ganham uma carteirinha de pedestre”, conta a pedagoga Tânia Mara Wiacek. Já os estudantes mais velhos vão para outros lugares. Os do 8.º ano visitaram, em outubro de 2013, a Mineropar. Para Gabriela Ferreira, Mariana Nadolin e Larissa Carollina Paes, a oportunidade de ver rubis e ouro ajudou a entender a explicação sobre rochas na aula de Ciências. “Aprendemos mais com o que visualizamos”, relatam as estudantes seis meses após o passeio.
As saídas pedagógicas não precisam, necessariamente, ocorrer em locais distantes. Em algumas aulas de Educação Física, os estudantes do Colégio Dom Bosco são levados ao Bosque João Paulo II. “Os alunos aprendem a medir a frequência cardíaca antes e depois da caminhada no bosque”, conta a professora Rachel Lima.
Jovens viajam por filmes em sala tecnológica
Para complementar as aulas, alunos do 9.º ano do Colégio Marista foram levados no mês passado para assistir a dois filmes no espaço tecnológico e multidisciplinar FTD Arena Digital, localizado na PUCPR. Os estudantes viram Dois pedacinhos de vidro e A nave Terra, que trabalham temáticas das disciplinas de Física e Astronomia. Para João Luiz Duda, Guilherme Marinho e Beatriz Mohr, o que chamou mais a atenção foi a imersão em um ambiente que une características de um cinema 4D e de um planetário. “É bacana porque não é só a imagem. É o movimento. Eu não tinha entendido muito bem como o Newton fez o telescópio com os dois pedaços de vidro, mas, depois do filme, ficou mais fácil”, relatou Beatriz. As saídas pedagógicas podem ser direcionadas a uma disciplina ou multidisciplinares. Nesse caso, os filmes também foram assistidos pela professora de Língua Portuguesa Regina Bueno, que decidiu trabalhar os temas dos filmes com os estudantes por meio de atividades de interpretação de texto.
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