terça-feira, 30 de julho de 2013

Médicos com fronteiras

Gilberto Dimenstein
Médicos estão dizendo que a bolsa de R$ 10 mil e mais ajuda de custo para viver no interior é ruim, afinal não há garantias trabalhistas - FGTS e hora extra, por exemplo. É ruim mesmo?

Essa bolsa é oferecida para quem for aceito no programa do governo federal destinado a colocar mais médicos no interior do país.

Quantos professores universitários no topo da carreira ganham esse salário?

Não vou discutir aqui a consistência do programa Mais Médicos, que ajuda a estimular o debate sobre a gestão na saúde no Brasil. Nem se e como deveríamos chamar profissionais do exterior. Reclamar de uma bolsa de R$ 10 mil é um absurdo.

Não só porque, em qualquer lugar do Brasil, esse valor já faria um cidadão ( pelos padrões oficiais) ser classe A.

Mas porque viver como esse dinheiro numa pequena cidade do interior, onde os gastos são muito menores, é diferente do que estar num grande centro.

Sem contar que, além da bolsa, é oferecida ajuda de custo.

Nem de longe se compara a programas como Médicos Sem Fronteira, que levam profissionais a lugares muito piores na África, Ásia ou América Latina - e não pagam quase nada. A contrapartida, é a experiência pelo mundo e satisfação de salvar vidas.

A reação a uma bolsa de R$ 10 mil me parece uma visão de "médicos com fronteiras".

Se os brasileiros não querem ( é um direito não aceitar) então que chamem os estrangeiros.
Gilberto Dimenstein
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.
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