terça-feira, 3 de abril de 2012

Brasileiro reconhece leitura, mas prefere outras atividades


Foram entrevistadas mais de 5 mil pessoas e resultados apontam que apenas metade pode ser considerada leitoras

Agência Brasil
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BRASÍLIA - O brasileiro sabe da importância da leitura para progredir na vida, mas continua considerando a atividade desinteressante. Este é o principal diagnóstico da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada nessa semana pelo Instituto Pró-Livro. Foram entrevistadas mais de 5 mil pessoas em 315 municípios e os resultados apontam que apenas metade delas pode ser considerada leitoras. O critério é ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses.Entre os participantes, 64% concordaram totalmente com a afirmação “ler bastante pode fazer uma pessoa vencer na vida e melhorar sua situação econômica”. Mas 30% disseram que não gostam de ler, 37% gostam um pouco e 25% gostam muito. Entre os não leitores, a principal razão para não ter lido nos últimos meses é a “falta de tempo”, apontada por 53% dos entrevistados. No topo da lista aparecem também justificativas como “não gosto de ler” (30%) ou “prefiro outras atividades” (21%).

A professora Vera Aguiar, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), explicou que a falta de hábito de leitura no país é cultural.

- Nossa cultura é muito oral. Se a gente pensa na religião, nas festas como o carnaval ou nos esportes como o futebol, percebe que o brasileiro prefere atividades exteriores que envolvam muitas pessoas - aponta a pesquisadora da Faculdade de Letras da PUC-RS.

Vera defende que mesmo sendo uma questão cultural, é possível mudar o quadro com ações de incentivo à leitura. Ela acredita que nas últimas décadas houve um incremento grande de programas voltados para o estímulo da leitura, mas as iniciativas ainda não tiveram o efeito esperado.

- Há várias iniciativas de vários setores da sociedade – governos municipais, estaduais e federal, ONGs (organizações não governamentais), universidades – mas mesmo assim é pouco. Essas ações precisam ser mais articuladas - disse.

Para Maria Antonieta Cunha, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretora do programa do Livro Leitura e Literatura do Ministério da Cultura, o brasileiro associa a leitura à obrigação e não ao prazer. Um trecho do estudo que evidencia essa tese são as respostas dos entrevistados à pergunta “qual é o significado da leitura para você”. Mais de 60%, acham que ler uma “fonte de conhecimento para a vida”, “fonte de conhecimento para atualização profissional” (41%) e “fonte de conhecimento para a escola” (35%). Para a professora, os resultados indicam que a maioria das pessoas não associa diretamente a leitura a uma atividade de lazer.

- A questão é que nós não temos a leitura como um valor social. A pessoa não conseguiu descobrir que a leitura trabalha, mais do que tudo, com a transcendência, que é o grande item do ser humano. É aquilo que diz Fernando Pessoa: 'a literatura é uma confissão de que a vida não basta - disse Maria Antonieta durante o lançamento da pesquisa.

O estudo também demonstra que o hábito da leitura está conectado com a frequência à escola. Entre os que estudam estão apenas 16% do total da população de não leitores. Mesmo entre aqueles considerados leitores, a média de obras lidas é 1,4 para quem não está estudando ante 3,4 para quem estuda (considerando os últimos três meses).

- Que escola é essa que nós temos que não consegue desenvolver leitores para a vida inteira? - pergunta Maria Antonieta.

A representante do Ministério da Cultura defende que as escolas e as bibliotecas, apontadas como um local desinteressante pelos entrevistados, precisam ter bons mediadores de leitura.

- São professores verdadeiramente capazes de fazer o olhinho do aluno brilhar ao ouvir uma história. Para isso o próprio professor precisa ser um apaixonado pela leitura - disse.

Fonte: http://oglobo.globo.com/educacao/brasileiro-reconhece-leitura-mas-prefere-outras-atividades-4473230

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Reforma de Nova York inspira projeto no Brasil

Escolas da rede pública vão receber profissionais para aprimorar prática pedagógica

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Projeto faz sucesso em escola da Zona Leste de São Paulo
Foto: Marcos Alves / O Globo
Projeto faz sucesso em escola da Zona Leste de São Paulo Marcos Alves / O Globo
SÃO PAULO - Inspirado na reforma educacional realizada em Nova York, em 2002, um projeto piloto que introduz na escola um coordenador, para ajudar pais de alunos, e tutores, para auxiliar professores em sala de aula e coordenadores, vai ser ampliado e, em breve, chegará ao Rio e ao Espírito Santo. Fruto da parceria entre a Fundação Itaú Social, prefeituras e governos, a iniciativa já está em andamento em São Paulo e em Goiás.
O projeto piloto vai ser adotado em 1.140 instituições de ensino e creches da rede pública. Cada uma delas receberá a figura de, pelo menos, um dos três novos profissionais introduzidos no cotidiano escolar pelo programa Excelência em Gestão Educacional.
Esses novos personagens representam duas das oito principais medidas da reforma educacional executada em Nova York e de mais fácil adoção no Brasil.
Em São Paulo, primeira cidade a receber o projeto, dez escolas da Zona Leste, região considerada de alta vulnerabilidade social, receberam, durante três anos, o reforço de tutores e também de coordenadores de pais.
Os professores de Língua Portuguesa e Matemática interessados em aderir ao projeto passaram a a ter o apoio de tutores, contratados pela Fundação Itaú Social. Eles entravam em sala de aula para observar de perto as deficiências e dificuldades de professores, assim como as boas iniciativas que poderiam servir de exemplo para os demais.
Mesmo com cinco anos de experiência em sala de aula, Cintia Dias Marei, professora de Língua Portuguesa da Escola Estadual Aquilino Ribeiro, em São Paulo, sentiu que precisava de ajuda para melhorar o desempenho de suas turmas. Ela enfrentava a indisciplina dos alunos e o desafio de alfabetizar em torno de 15 alunos da 6 série que não sabiam ler.
— Os tutores deram ideias de leituras e de formação de grupos de trabalho na sala de aula para atrair o interesse dos alunos. Os tutores também me ajudaram a criar questões de provas e a sistematizar os resultados, para que eu soubesse quantos alunos foram mal e entendesse a razão disso — detalha Cintia.
Professor de Português da escola Aquilino Ribeiro há seis anos, Cícero Leonardo do Nascimento diz que os tutores ajudaram a encontrar novas maneiras de lidar com a leitura e a produção de textos:
— Passei a trabalhar contos de suspense usando histórias em quadrinho para atrair os alunos, por exemplo. E, na sala de aula, antes eu falava, e os alunos ouviam. Hoje, eles participam mais. Eu sou só o mediador — relata Cícero.

Os coordenadores, profissionais que atuam em cada escola ajudando na formação dos professores, também tiveram a ajuda dos tutores nos últimos três anos.

O coordenador, às vezes, é desviado da função dele e acaba tendo que cuidar da merenda, de fechar portão, de funções burocráticas. A proposta da tutoria é ajudar esse profissional a priorizar a rotina pedagógica, a fazer um diagnóstico da escola e o planejamento do ano — explica a especialista em gestão educacional da Fundação Itaú Social, Maria Carolina Nogueira Dias.
Além de São Paulo, Goiás adotou esse tipo de tutor, porém, em escala maior, já que cerca de 1.100 escolas participam do projeto piloto.

Com o objetivo de aumentar a interação entre pais e escolas, colégios que participam do projeto contam com a ajuda dos coordenadores de pais. São pessoas que conhecem bem a comunidade e não são, necessariamente, pais de alunos. Elas recebem os estudantes na porta, conversam com os pais, procuram convencê-los a participar das reuniões periódicas e podem até ir à casa da família quando notam algum problema com o aluno.

— Queremos que esse profissional trate com alunos que estão propensos à evasão ou que têm baixo rendimento escolar — disse o secretário de Educação do Espírito Santo, Klinger Barbosa Alves.
Ainda neste primeiro semestre, coordenadores de pais vão atuar em 15 escolas estaduais de ensino fundamental e médio em cinco cidades da Região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo.

No Rio, os coordenadores de pais terão uma participação distinta: vão ajudar no atendimento de famílias cujos filhos frequentam cerca de 20 creches municipais apenas uma vez por semana.
A Fundação Itaú Social ainda está avaliando os resultados do projeto em São Paulo, onde o piloto se encerra este ano. Agora, a entidade está prestando assessoria à Secretaria de Educação, para que o processo de tutoria possa ser replicado pelo governo do estado independentemente da fundação. Mas pessoas que participaram da iniciativa já apontam avanços.

— Hoje, 95% dos pais comparecem às reuniões na escola. Antigamente, só se falava da indisciplina dos alunos nestes encontros. Agora, fala-se mais das notas, e os pais ficam informados sobre o aprendizado dos filhos — relata a coordenadora de pais Maria Aparecida Alexandre Custódio.
Segundo ela, as visitas às casas dos alunos também deram resultado: depois de uma delas, uma mãe que não participava das reuniões se engajou tanto que voltou a estudar e concluiu o ensino médio na mesma escola onde o filho estuda.
Além disso, os pais reconhecem a importância de um entrosamento maior com a escola.
— Não adianta ter o trabalho só da escola com o aluno ou só do pai com o aluno. Tem que haver um vínculo maior — afirma a agente comunitária de saúde Maria Vanmaira Nascimento, mãe de José Mateus, que estuda numa das escolas integrantes do projeto.
Cidineia Carvalho Oliveira, mãe do estudante Willian Carvalho de Souza Lima, de 11 anos, ressalta que a coordenadora de pais ajudou quando o filho recebeu ameaças de um colega e também quando ele foi agredido por outro aluno.
— O contato agora é maior. Na reunião de pais, não dá tempo de falar tudo, e, às vezes, você quer falar em particular com alguém da escola — observa Cidineia, referindo-se à importância de existir na escola uma outra forma de obter apoio.

Revolução na gestão escolar
Quando anunciou, há dez anos, que faria da criticada educação da cidade de Nova York a principal bandeira de sua gestão como prefeito, o bilionário Michael Bloomberg atraiu olhos do mundo inteiro para as ousadas mudanças que propôs.

Seu discurso era o de que, a partir de então, colocaria o foco no aprendizado do aluno, mesmo que para isso precisasse comprar briga com o poderoso sindicato de professores da cidade.

Os pontos de sua reforma que foram adaptados ao Brasil são os menos polêmicos: a criação de tutores para professores e coordenadores e de um coordenador de pais. Mas Bloomberg propôs também o afastamento de maus professores por baixo rendimento, o fechamento de escolas mal avaliadas, o pagamento de bônus para docentes e um sistema de gestão que desse mais autonomia aos diretores para remanejar verbas e montar sua equipe.

A média dos alunos avançou significativamente nas avaliações da prefeitura, mas a melhora foi menor quando medida pelos exames nacionais.
Algumas políticas, no entanto, foram revistas. O afastamento de professores por mau desempenho, por exemplo, foi extinto, porque acabou premiando os maus docentes, que eram afastados da escola mas continuavam recebendo salário. A política de bônus por desempenho também foi abandonada depois que um estudo mostrou não ter havido impacto no desempenho dos alunos.

Permaneceram, no entanto, o rigoroso sistema de cobrança de metas por resultado — inclusive com fechamento de escolas, o que gerou pesadas críticas de que estaria preparando os alunos apenas para fazer testes de matemática e leitura —, as políticas de autonomia do diretor e as iniciativas adotadas no Brasil: o tutor de professores e de coordenadores e o coordenador de pais.

Fonte: http://oglobo.globo.com/educacao/reforma-de-nova-york-inspira-projeto-no-brasil-4470837

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MEDICINA,DEPOIS DE TER ESTUDADO EM ESCOLA PÚBLICA

Com exclusão de estudantes de colégios privados da disputa via Sisu, quem fez curso preparatório conquistou vaga para Medicina

Anderson Dezan, iG Rio de Janeiro | 01/04/2012 03:50


Natural de Reserva, cidade do interior do Paraná, Calliana Lopata, de 20 anos, cursou os ensinos fundamental e médio em escolas públicas e tentava passar no vestibular de Medicina havia três anos. Em 2012, a espera chegou ao fim. Calliana está entre os candidatos que passaram para a Universidade Federal Fluminense (UFF) através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) – que preenche vagas de acordo com o desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para entrar na instituição, recebeu uma ajuda e tanto: um bônus de 20% na nota para alunos da rede pública. O benefício, no entanto, não foi o único fator determinante para o sucesso. Assim como outros alunos selecionados entrevistados pelo iG, Calliana fez cursinho para repor conteúdos que não aprendeu no ensino médio.

Entenda: Universidade exige no Sisu nota maior que máxima no Enem
Com o objetivo de “democratizar o acesso à UFF”, a instituição concedeu 20% de suas vagas pelo Sisu e deu um bônus de 20% na nota para aqueles que estudaram em instituições públicas, “excluídas as escolas federais, de aplicação ou militares”. O bônus, que excluía da disputa alunos de escolas privadas, gerou polêmica. Por causa dele, a nota de corte para a 1ª chamada para Medicina na UFF foi de 913,13, impossível de alcançar sem os 20%. De acordo com o MEC, a pontuação mais alta que um candidato poderia ter no Enem era 881,76.

Foto: Anderson Dezan Ampliar
20% das vagas de Medicina da UFF foram selecionadas pelo Sisu
O resultado foi que a grande maioria das 36 vagas oferecidas pelo Sisu foi preenchida por estudantes de escolas públicas. Nem por isso, eles deixaram de estudar muito e contar cursos pré-vestibulares particulares durante o período de preparação.

“Estava tentando pela terceira vez pelo Sisu, mas minha nota nunca dava para Medicina. Cheguei a passar nos outros anos para Engenharia Química, na UFTPR, e Engenharia da Computação, na Unipampa, mas não era o que eu queria”, relembra Calliana.

Para se preparar para o vestibular, a jovem enfrentou como muitos uma maratona de estudos com apoio de um cursinho. Segundo ela, as aulas foram fundamentais porque apenas o conhecimento adquirido no colégio estadual de sua cidade, onde fez o ensino médio, não teria sido suficiente. No primeiro ano, por exemplo, ela não teve aula de química.

“Não tinha base pela escola. Entrei no cursinho sem saber dividir fração! Nas minhas redações, a professora escrevia mais do que eu de tanto erro de português que tinha. Algumas aulas cobriram tudo o que tinha aprendido no ensino médio”, diz. “Hoje me sinto preparada para cursar a faculdade porque consegui uma boa base de química e biologia no cursinho. Sem ele, não teria condições de acompanhar a faculdade de Medicina”, avalia.

Estude: Quanto vale sua redação do Enem

A colega Mariana Cunha, de 19 anos, também beneficiada pelo bônus, concorda. Para passar no vestibular de Medicina, jovem estudava de segunda-feira a sábado, das 7h às 22h40. “Só parava aos domingos, quando ia à igreja”, conta. Em Belo Horizonte, ela estudava na Escola Estadual Ordem e Progresso, da Polícia Civil. A instituição é tradicional na capital mineira e os alunos são selecionados por provas. Mesmo com o ensino mais reforçado, Mariana fez curso pré-vestibular.

“É quase impossível conseguir uma vaga em uma universidade pública estudando em escola pública e sem fazer cursinho. Nele você aprende macetes que vão te ajudar a vencer a barreira do tempo no Enem. O exame é uma prova de resistência. São muitas questões para pouco tempo”, avalia.

Além do cursinho e do ensino reforçado no colégio, a jovem ainda fez um período do curso de Terapia Ocupacional na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais através do Programa Universidade para Todos (Prouni). Nele, aprendeu noções de citologia, anatomia e bioquímica. “Foram conhecimentos importantes para o vestibular e a faculdade. Além da UFF, não passei na UFMG por oito décimos. Pode ser que ainda passe na reclassificação”.

Bônus é justo
Maria Angélica Martins, de 20 anos, também estava tentando o vestibular de Medicina havia três anos quando passou para a UFF com o bônus. Natural de Divinópolis, interior de Minas Gerais, a jovem usou o Sisu nos anos anteriores na UFOP, UFU e Universidade Federal de Viçosa, mas a nota alcançada não foi suficiente. Nesse período, assim como Calliana, chegou a passar para Engenharia, mas, Medicina, não.
Para a mineira, o benefício dado pela UFF aos alunos oriundos da rede pública é justo.

“O bônus é coeso porque o ensino em escola pública não tem comparação. Eu não sabia nada de Química e Biologia. O que sei, aprendi no cursinho que fiz. Alguns colegas de classe na UFF que passaram pelo vestibular tradicional estudaram em escolas com mensalidades de R$ 2 mil. Não tenho condições para pagar esse valor”, conta ela, que pagava R$ 200 em seu curso. “Pode ser que eu esteja defasada em algum conteúdo, mas, se a pessoa tem força de vontade e corre atrás, isso não é barreira”, completa.

O bônus para estudante de escola pública estadual ou municipal vem sendo adotado há 5 anos pela UFF. Segundo a instituição, a bonificação aumentou consideravelmente a democratização no acesso à universidade, em particular nos cursos mais concorridos, e continuará sendo adotado. Neste ano, a UFF vai selecionar todos os alunos via Sisu, mas o percentual de bonificação poderá ser alterado dependendo dos estudos que estão sendo desenvolvidos no momento.


Foto: Anderson Dezan Ampliar
Lucas (à esquerda) estudou em escola privada e é exceção entre aprovados para Medicina pelo Sisu na UFF. Maria Angélica e Calliana passaram com bônus para a rede pública
Exceção
Nem todos que ingressaram no curso de Medicina na UFF em 2012 pelo Sisu vieram da rede pública de ensino. O brasiliense Lucas Rabelo, de 19 anos, é uma exceção. Ele alcançou 754 pontos no Enem e, como estudava em um colégio particular, não teve bônus de 20%. O rapaz, no entanto, só passou na terceira reclassificação. Geralmente na segunda e terceira chamada e na lista de espera as notas de corte exigidas costumam cair.

“O ideal era reservar algumas vagas para cotas e, não, dar 20% para todos. O Enem não é uma prova tão difícil assim, a ponto de dar 20% de bônus. Mas não me senti prejudicado com isso. O importante foi que eu passei”, finalizou, satisfeito
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/mesmo-com-bonus-na-uff-aluno-da-rede-publica-recorre-a-cursinho/n1597727495815.html
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segunda-feira, 2 de abril de 2012

INTERDISCIPLINARIDADE - nova moda nos vestibulares ainda é desafio

Para professores e alunos, maioria das provas usa – erroneamente – modelo só como cobrança de diferentes matérias no mesmo item

Priscilla Borges, iG Brasília | 31/03/2012 08:00


Há pelo menos 14 anos, quando o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado, um novo modelo de provas começou a ser discutido por várias universidades. São os testes que exigem do candidato conhecimentos de diferentes disciplinas para responder um único item. Apesar do protesto dos mais conservadores, a interdisciplinaridade, que é usada em avaliações mais contextualizadas e com menos exigência de memorização, se tornou “moda” e ganha cada vez mais adeptos.

Professores e alunos, no entanto, são unânimes ao comentar que não são todas as instituições que conseguem avançar e aproveitar o melhor que o novo modelo pode oferecer. Nem mesmo o Enem é consenso. Pelo menos, por enquanto. Em muitos casos, eles dizem, o que acontece é a simples junção de conteúdos de diferentes disciplinas em um mesmo item. Mas é possível ir além.
Está na lei que rege a educação brasileira - a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - que os estudantes do ensino médio precisam concluir a etapa dominando "princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania". Deveriam correlacionar conhecimentos e habilidades em diferentes áreas, prontos para intervir no mundo que os cerca.

Os especialistas garantem que é muito difícil avaliar tudo isso a partir de provas tradicionais, em que cada disciplina é cobrada de forma separada. Já os testes interdisciplinares teriam a capacidade de aferir se o aluno sabe relacionar a Matemática com a Física ou a História com a Química, por exemplo. Essas provas devem medir as habilidades adquiridas com o aprendizado dos mais diversos conteúdos.

"Há muito modismo sobre isso ainda, mas acho que o caminho da interdisciplinaridade no vestibular é inevitável. É muito mais difícil fazer uma prova interdisciplinar, mas se você quer um estudante que saiba ler, pensar, utilizar diferentes competências para resolver um problema, esse é o caminho", analisa o ex-coordenador dos vestibulares da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Leandro Tessler. "Com a Matemática, você não aprende só a fazer contas. Aprende uma maneira de pensar", ressalta.

Longo caminho
A Unicamp e a Universidade de Brasília (UnB) são pioneiras no tema. Fazem provas diferentes entre si, mas têm a contextualização e a interdisciplinaridade como metas. “Desde o início, nossa preocupação era fugir da avaliação do conhecimento pelo conhecimento. Queríamos perceber a capacidade de análise e síntese do aluno. No início, os envolvidos na elaboração tinham grande dificuldade em dialogar com outras especialidades”, afirma Paulo Portela, coordenador acadêmico do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da UnB (Cespe).
Na Unicamp, os exames estão divididos em língua portuguesa e literaturas; matemática; ciências humanas, humanidades e artes; língua inglesa e ciências da natureza. Modelo bem parecido com o do Enem – inclusive no nome das avaliações. A UnB já foi semelhante, mas hoje é das mais radicais. As provas do vestibular ou do Programa de Avaliação Seriada (PAS) são divididas em três partes. A primeira com foco em línguas estrangeiras. A segunda em português, literaturas, geografia, história, artes, filosofia e sociologia. A última, em biologia, física, química e matemática. O que não impede que o conteúdo de uma parte apareça na outra.

Portela recorda que a maior mudança do vestibular aconteceu em 2006, depois de a experiência ser testada por três anos do PAS. Segundo ele, a decisão de criar um modelo diferente de provas partiu das conversas entre a universidade e os professores do ensino médio. “Para mim, é um engano dizer que as provas que avaliam habilidades, como o próprio Enem, não exploram conhecimentos. As habilidades do indivíduo são construídas sobre conhecimentos. A matéria é a mesma, a maneira como ela é tratada que é diferente”, diz.
Foto: Alan Sampaio
Pedro, Danilo, Daniel e Lorena acham as provas interdisciplinares mais interessantes, mas ainda consideram o Enem "fácil"
Os estudantes de Brasília, de fato, já estão bastante acostumados ao modelo. Nunca estranharam o Enem, por exemplo, apesar de ainda considerarem as questões do exame “simples”. “No Enem, acho a interdisciplinaridade mais sutil, menos aprofundada. Acho que a intenção é legal, mas falta muito ainda para chegar no mesmo nível da UnB”, comenta Daniel Figueirêdo, 17 anos, aluno do cursinho Pódion.

Os colegas Lorena Rosa, 19, Danilo Carneiro, 18, e Pedro Luís Gastal, 17, também defendem o modelo interdisciplinar. Eles acreditam que as provas são mais interessantes e cobram mais raciocínio dos alunos sobre tudo o que aprenderam na escola. “Acho que, com isso, ninguém menospreza nenhuma disciplina. A gente percebe que todas estão interligadas”, diz Danilo.

Impacto na escola
Tessler, que iniciou as primeiras discussões na Unicamp sobre a interdisciplinaridade ainda em 1999, reconhece que o impacto do vestibular no trabalho das escolas é grande. “Infelizmente, é assim. Então a gente tem de pensar na vanguarda”, define.

O professor de biologia João de Jesus Martins admite que, nas primeiras discussões sobre o novo modelo de provas da UnB, foi dos docentes que “torceu o nariz” para a ideia. “Achei que não daria certo e percebi que estava errado. As mudanças tiraram os professores da zona de conforto. Hoje, não elaboro mais questões sozinho e o ensino melhorou muito por causa do impacto da prova nas escolas”, admite.
Foto: Alan Sampaio Ampliar
Betina e Samantha defendem o novo modelo: valoriza outros saberes
Martins acredita que a dificuldade é maior para os professores do que para os alunos. “O mundo real não é fragmentado”, recorda. Ele conta que, no Colégio Ideal, onde trabalha, docentes de diferentes disciplinas passaram a dar “aulões” conjuntos, mostrando a relação entre conteúdos na sala de aula.

Betina Beatriz de Oliveira, 16, e Samantha Arnaut Oliveira Mendes, 17, alunas de Martins, também defendem o modelo adotado pela UnB, pela Unicamp, pelo Enem. Percebem diferenças entre todos, mas acreditam que a valorização de outros saberes – como interpretação, conhecimentos gerais, análise – é essencial. “Faz com que a gente entenda melhor o curso das coisas, aplique o que aprendeu na vida real”, elogia Betina.

Itens imprecisos
George Gonçalves, coordenador do cursinho Pódion, acredita que há boas provas no novo modelo e nos tradicionais. Ele recorda, por exemplo, que alguns exames aplicados pela UnB no início dos anos 2000, eram tão bem feitos que ensinavam. Para ele, muitos testes se tornam mais contextualizados do que interdisciplinares e podem, em alguns casos, gerar imprecisão na análise dos estudantes.
Portela defende o modelo dizendo que a imprecisão pode acontecer em qualquer modelo de prova. “Na minha opinião, como o PAS precisou de 15 anos para chegar no ponto em que está hoje, o Enem também precisa de tempo para se desenvolver plenamente. A proposta é excelente e tem tudo para ser um grande sucesso”, opina.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/vestibular/nova-moda-nos-vestibulares-interdisciplinaridade-ainda-e-desafio/n1597727793507.html

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Mestrado para professor de matemática terá 1.575 vagas (MEC)

Segunda-feira, 02 de abril de 2012 - 16:15

Professores de matemática que lecionam em escolas públicas poderão se inscrever em maio deste ano no único mestrado profissional semipresencial recomendado pelo Ministério da Educação, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O edital do exame de ingresso para a turma de 2013 tem previsão de 1.575 vagas.

Os professores precisarão fazer uma prova e os selecionados receberão uma bolsa da Capes no valor de R$ 1.200. Atualmente 2.500 professores da rede pública estão no Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (Profmat), que é coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). Participam do programa 59 instituições de ensino superior nas cinco regiões, num total de 74 polos presenciais.

O mestrado tem duração de dois anos e a tese final obrigatória é uma monografia sobre experiência de matemática do ensino básico que tenha impacto na prática didática em sala de aula. “É um mestrado para fortalecer o ensino da matemática na educação básica. Não dá para termos no Brasil alunos analfabetos em números”, diz Hilário Alencar, presidente da SBM. Em fevereiro de 2013, concluirão o mestrado cerca de mil professores inscritos em 2011, na primeira chamada do programa.

Murilo Sérgio Roballo, 43 anos, inscreveu-se em 2012 e foi o único dos candidatos a gabaritar a prova. “Sou professor há 25 anos, dou aula em dois colégios de ensino médio em Brasília, e foi uma prova tranquila”, afirma o professor, que faz as aulas presenciais na Universidade de Brasília (UnB).  “Esse mestrado é importante. Além de aperfeiçoar conhecimento vai repercutir em melhoria salarial”, comenta.

Antonio Cardoso do Amaral, 32 anos, é professor há uma década na rede pública em Cocal dos Alves (PI), cidade a 300 km de Teresina que ganhou destaque pela conquista de medalhas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). “Pelas condições de vida e geográficas, estava difícil cursar um mestrado. Mas era um sonho meu e essa oportunidade surgiu como uma luva”, conta o professor.

As aulas presenciais são na sexta-feira e o professor vai de ônibus ou de carona até a Universidade Federal do Piauí. Segundo ele, o conteúdo caiu bem para as necessidades em sala de aula. “Com a conclusão desse curso, eu já vejo que é possível ir mais longe com meu trabalho de matemática na olimpíada. Vou me sentir bem mais embasado para uma melhor orientação aos meus alunos”, acrescentou.  “Quando o aluno tem talento, o professor tem de estar preparado, porque senão ele ultrapassa quem ensina.”

Em contrapartida ao investimento do governo federal, os professores bolsistas devem atuar na escola pública nos cinco anos seguintes após a conclusão do mestrado. A prioridade do Profmat é para professores de escolas públicas, mas 20% das vagas poderão ser preenchidas por docentes da rede privada.

Hoje a Capes tem 380 mestrados profissionais no país, com 13 mil alunos matriculados. No entanto, na modalidade semipresencial, o Profmat é o único. O diretor de educação a distância da Capes, João Carlos Teatini, acredita que a expansão dessa modalidade será acelerada no país. Programas de mestrado profissional semipresencial, em outras áreas de ensino, como letras e química, estão em estudo na Capes.

Rovênia Amorim

Ouça o diretor de educação a distância da Capes, João Carlos Teatini, sobre o Profmat

Professores interessados em participar da chamada de propostas de material didático para o Profmat podem se informar na página do programa na internet 
 
Acesse  crônicas do  Prof. Cláudio  Silva, sobre  educação, em: http://profclaudiosilva.blogspot.com/2011/10/cronicas-sobre-educacao-do-prof-claudio.html