LAURO NETO/MARINA COHEN
Cacá Diegues, Jorge Mautner, Thalita Rebouças, Serginho Groisman, Bianca Salgueiro, Gabriel Falcão, Fabio Porchat, Antonio Tabet e Dudu Nobre relembram docentes que marcaram suas vidas
RIO — Quem não tem um(a) professor(a) que marcou a sua vida? Seja por ensinar o gosto pela leitura ou a paixão pela música, por fazer perfomances humorísticas nas aulas de História ou por tacar o giz para interromper o cochilo durante as explicações matemáticas, alguns docentes tornam-se memoráveis mesmo anos depois de deixarmos a escola ou a faculdade. Num momento de acaloradas discussões sobre a valorização do magistério no Brasil, fizemos uma homenagem ao Dia do Mestre, comemorado nesta terça-feira (15). Reunimos declarações de personalidades a respeito de seus professores inesquecíveis.
Bianca Salgueiro, atriz e 1ª colocada geral no vestibular Uerj 2012:
“Há muito professores pelos quais sou alucinada e com os quais falo até hoje. Mas o que mais me marcou foi o Filipe Couto, de Literatura, do pH, porque as aulas dele eram incríveis. Ele dava aula com uma paixão enorme. A partir da aula dele comecei a me interessar pela parte teórica da literatura”.
Gabriel Falcão, ator e protagonista de “Malhação”:
“O professor que marcou a minha vida foi o André Boucinhas, que me deu aulas de História no 1º e no 2º ano do ensino médio. Ele era quase um comediante de stand up comedy. Era muito engraçado, tornava as aulas divertidas. Ele sempre incorporava algum personagem e conseguia ensinar todo mundo de uma maneira descontraída”.
Serginho Groisman, apresentador dos programas “Tempos de Escola” e “Altas horas”
“Lembro de uma professora em especial, a Gabriela, que me deu aulas de Literatura no Colégio Renascença, em São Paulo. Eu devia ter uns 15 anos e ainda não tinha tanto prazer com a leitura. Ela chegou no começo do ano e falou que durante seis meses iríamos estudar um poema do Fernando Pessoa. Aquilo me marcou muito, porque passamos um semestre estudando verso por verso do poema “A tabacaria”. Mexeu comigo porque era um modo diferente de dar aula e, ao mesmo tempo, despertar o gosto pela leitura. A partir daí, comecei a ler muito mais. É inesquecível”.
Thalita Rebouças, escritora:
“O professor que me marcou foi o Janir, do Sagrado Coração de Maria. Ele era excelente professor de Matemática, uma matéria que simplesmente não entrava na minha cabeça. Quando deixou de ser meu professor, passou a ser meu professor particular e sempre me fez ver a Matemática como algo simples. Devo muito a ele. Paciente, didático e amigo. Ele era isso e muito mais”.
Jorge Mautner, músico:
“Meu professor inesquecível foi o Callia, que era maestro, e me ensinou canto orfeônico no Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, entre 1951 e 1953. Cantávamos os hinos e me lembro muito porque tinha que escrever a música com sinais de mão, soletrando as melodias. Aprendia violino em casa e gostava muito das aulas dele. Tinha material de História da Música, e incluía músicas de Villa-Lobos. Era sempre uma aula muito relaxada. Todos outros professores foram muito muito bons, mas o Callia foi fundamental à minha formação musical”.
Dudu Nobre, músico:
“Meu professor inesquecível foi o Haroldo, de Matemática, da 5ª ao 8ª série, no Colégio Barão de Lucena, em Vila Isabel. Ele era parceiro, gente boa e me encontrava no samba. Mas puxava minha orelha direto porque eu era horrível em matemática.Independente de me encontrar na noite, ele era exigente. No dia seguinte, eu chegava na sala de aula, ficava dormindo, e ele tacando giz em mim para me acordar”.
Fabio Porchat, humorista
“A Celina Sodré, professora da CAL, me marcou profundamente, lá em 2004. Ela me mostrou o que é o teatro de verdade. Ela me levou para assistir ao espetáculo "Os ignorantes", do Pedro Cardoso, e com ela descobri que comédia pode ser de verdade também, não é preciso fazer caras e bocas”.
Antonio Tabet (Kibeloco), roteirista e ator de “Portas dos Fundos”
“Como sou roteirista, vou falar de dois professores de português. O primeiro foi o Luís Carlos, do Colégio Santa Rosa de Lima, que me fez pegar o gosto de escrever. Eram aulas muito divertidas, informais e que me ensinavam muito vocabulário. Até a 8ª série, eu detestava porutugûes e ele me fez pegar gosto. Por causa, dele comecei a gostar de escrever. Na Escola de Comunicação da UFRJ, tive aula com o Agostinho. No primeiro dia, ele perguntou quem tinha tirado entre 6 e 9 na redação do vestibular, graduando as notas entres medíocre e ótimo. Perguntei: ‘e quem tirou 10?’. Ele respondeu que 10 só Carlos Drummond de Andrade. Me levantei e disse: ‘Prazer, Drummond’. Naquele ano, eu fui o único homem a tirar 10 na redação da UFRJ. Depois disso, as aulas foram muito divertidas. Ele não falava só de língua portuguesa, mas muito de mitologia também”.
Cacá Diegues, cineasta
“Gostaria de falar do Sobral Pinto, que foi meu professor de Direito Penal na PUC. Embora eu soubesse que nunca seria advogado, as aulas dele me encantavam pelo caráter humanista. Era uma aula muito mais de cidadania e de amor à História”
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