* Por Cláudio Silva
O cérebro funciona como um gravador de alta fidelidade. As sensações associadas com a experiência são registradas. A criança grava uma imensa coleção de registros feitos no cérebro. São fatos externos não questionados, impostos ou percebidos por uma pessoa em seus primeiros anos de vida. É o período anterior ao nascimento social do indivíduo, quando ele sai de casa, em resposta às exigências da sociedade, e entra na escola.
As lembranças mais significativas são aquelas relacionadas a exemplos e pronunciamentos dos pais. A situação da criança , sua dependência e capacidade para construir significados, tornam impossível modificar, corrigir ou explicar qualquer fato registrado. Assim, se os pais são hostis e estão sempre brigando, por exemplo, a criança acaba gravando o terror produzido ao seu redor.
Não há modo de incluir nesta gravação a briga. Neste conjunto de lembranças também estão os vários “não” dirigidos à criança, assim como as expressões de angústia e horror provocados no rosto da mãe. Do mesmo modo são registrados os arrulhos de prazer de uma mãe feliz e a satisfação de um pai orgulhoso.
Mais tarde, vêm os pronunciamentos mais complicados feitos pelos pais, como “você será julgado pela companhia com quem andar” ou faça aos outros aquilo que deseja a si mesmo” . O ponto importante é que essas regras , boas ou não, são guardadas como “verdade” porque vêm de “gente grande”. As normas são rigidamente interiorizadas como um conjunto de dados essenciais à sobrevivência do indivíduo em grupos. O registro é permanente e reproduzido durante toda a vida.
Outra característica da psicologia infantil é a fidelidade dos “ registros de incoerência” . Os pais dizem uma coisa e fazem outra. Eles dizem “não minta”, mas contam mentiras. Dizem às crianças que fumar faz mal à saúde, entretanto, fumam. Não é seguro para a criança questionar essa inconsistência e, por isso, ela se sente confusa. Como estes dados lhe causam confusão e medo, ela se defende desligando a gravação. Ou seja, quando o exemplo é discordante ele é reprimido ou, em casos extremos , totalmente bloqueado.
Uma pessoa cujas primeiras instruções foram dadas com severa intensidade pode achar mais difícil encaminhar os métodos antigos e se fixar neles, tendo desenvolvido um compulsão de “fazer isto assim e não de outro modo”. Essas regras são a origem das compulsões, singularidades e excentricidades que aparecem num comportamento posterior.
Há outras fontes de dados além dos pais físicos. Uma criança de três anos de idade que se senta diante de um aparelho de televisão, durante muitas horas por dia, está gravando tudo o que vê. O programa que ela assiste é um conceito “ensinado” de vida. Se assiste programas de violência, a criança conclui que terá permissão para ser violenta.
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*Cláudio Silva é mestre em Educação, ex- presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR, foi Secretário de Educação de Apucarana-PR (gestões 2005-2008 e 2009-2012 ) e Secretário de Ensino Superior ( 2012)
Ficha Técnica:
Estrutura: Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva (acadêmica de jornalismo)
Revisão: Prof.ª Doutoranda Leila Cleuri Pryjma
( Matrículas Abertas !)
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Um comentário:
Prof.Cláudio, parabéns pelo texto. Este artigo retrata bem que a representação social que passamos aos nossos filhos, alunos, companheiros de trabalho deve estar muito bem elaborada. Um forte abraço fraterno.
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