domingo, 31 de março de 2013

No Rio, 91% dos alunos deixam escola pública com aprendizado insatisfatório em matemática (O GLOBO)


  • Mesmo assim, estado tem segundo melhor desempenho no pais nesta disciplina, segundo pesquisa do Todos Pela Educação
  • Governo estadual investe no combate ao abandono e em aulas de reforço


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Em português, a situação é um pouco melhor, com 28,9% concluindo o ensino médio com o aprendizado adequado.
Foto: Marcia Costa / Agência O Globo

  • Em português, a situação é um pouco melhor, com 28,9% concluindo o ensino médio com o aprendizado adequado. Marcia Costa / Agência O Globo
                                                     

    Em português, a situação é um pouco melhor, com 28,9% concluindo o ensino médio com o aprendizado adequado. Marcia Costa / Agência O Globo

     
    O GLOBO
    MARINA MORENA COSTA 
    RIO - Apenas 8,9% dos estudantes da rede pública do Estado do Rio deixaram as escolas com aprendizado satisfatório em matemática no ano de 2011. Em português, a situação é um pouco melhor: 28,9% se formaram no ensino médio sabendo o adequado. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira no relatório “De Olho nas Metas” do movimento Todos pela Educação, que acompanha a aprendizagem desde 2005 com base nos resultados bienais de avaliações aplicadas pelo Ministério da Educação (MEC).

    O mau desempenho em matemática aparece já nos resultados do 9º ano do ensino fundamental. Apenas 13,6% terminaram esta etapa sabendo o adequado, enquanto 25,1% atingiram as expectativas de aprendizagem em português. No 5º ano, 40,9% estavam no nível adequado em português e 38,2% tiveram o desempenho esperado em Matemática.

    Mesmo assim, o desempenho dos alunos da rede estadual do Rio em matemática aparece em segundo lugar na comparação com outros estados do país. Só fica atrás de Minas Gerais, onde 9,7% dos estudantes saíram da escola com aprendizado adequado. O Mato Grosso do Sul lidera em português, com 32,3% de proficiência. Nesta disciplina, o Rio está em sexto lugar.

    O subsecretário de Gestão do Ensino da Secretaria estadual de Educação, Antonio Neto, avalia que o quadro da matemática é crítico em todo o país. Como medidas para combater o déficit de aprendizagem, ele destaca que o governo tem feito avaliações diagnósticas bimestrais. De acordo com Neto, a rede estadual também atua no combate ao abandono e à repetência, além de realizar aulas de reforço. Em 2010, 60 mil estudantes tinham aula de reforço. Hoje, são 160 mil e a meta é chegar a 260 mil até o final do ano, segundo o órgão.

    — Identificamos as lacunas de aprendizagem dos alunos e fizemos um material de reforço. Muitos estão desestimulados porque não conseguem aprender. Vamos avançar conforme o ensino fundamental apresentar melhora de performance. O Rio apresentou a segunda maior evolução no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) no país, mas ainda estamos em patamares que não são os adequados — comenta Neto.

    Para a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, o ensino de matemática é “o grande gargalo do Brasil”. Em 2009, a secretaria fez uma parceria com a UFRJ para capacitar os professores da disciplina. O órgão também aposta em aulas digitais criadas pelos próprios docentes da rede.

    — Tivemos um desempenho muito ruim na Prova Brasil de 2007. Avançamos, mas não dava para dar um salto tão grande. Essas crianças acumularam atrasos.

    Quando a análise de dados considera os alunos da rede estadual e das escolas particulares, o desempenho do ensino médio do estado do Rio é o melhor do Brasil. Em matemática, a porcentagem de alunos com nível adequado chega a 16,6%. Em português, 38,1% saem da escola sabendo o esperado. Segundo Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos pela Educação, escolas privadas de excelência puxaram o resultado para cima.

    — O Rio vem melhorando acima da média nacional, mas é triste que o melhor desempenho do país em matemática seja 16,6%. É um patamar muito baixo, não é motivo de celebração.
    Em relação à edição anterior da pesquisa do Todos Pela Educação, o ensino médio da rede pública do Rio subiu 3,9% no aprendizado satisfatório de matemática. Já em português, a melhora foi de 10,9%



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    Boas lições que vêm do interior (GAZETA DO POVO)


    Exemplos bem-sucedidos de gestão escolar vão além de recursos financeiros e tecnológico
    Publicado em 31/03/2013 | MARIA GIZELE DA SILVA, DA SUCURSAL
    A adoção de medidas simples e criativas em sala de aula colocou quatro municípios em destaque entre todas as 399 cidades do Paraná no diagnóstico De Olho nas Metas, divulgado neste mês pelo movimento Todos pela Educação. Em Ivaí, Serranópolis do Iguaçu, Quatiguá e Joaquim Távora, os conteúdos dos principais eixos do ensino fundamental – Língua Portuguesa e Mate­mática – foram bem absorvidos pelos estudantes. A organização elencou cinco metas para melhorar a educação até 2022. Uma delas (a meta 3) prevê que 70% dos alunos aprendam o adequado para a sua série. E é nesse item que as quatro cidades foram bem.
    Com base nos resultados da Prova Brasil de 2011, os técnicos do Todos pela Educação estipularam metas bianuais para cada um dos 5.565 municípios brasileiros. No Paraná, somente 12% das cidades alcançaram a meta prevista para cada uma nas turmas do 9.º ano em Matemática. O baixo desempenho colocou o Paraná em último lugar entre os estados. No 5.º ano, no entanto, 71,4% dos municípios atingiram as metas propostas em Matemática.
    Procurada para comentar o diagnóstico, a Secretaria de Educação do Paraná não retornou à reportagem.
    Colaboraram Denise Paro, da sucursal de Foz, e Marco Martins, correspon­den­te em Santo Antônio da Platina
    Entrevista
    “Fazer bem o básico é essencial”
    Para melhorar o apren­­­dizado, o primei­­­ro passo é fazer bem o básico, diz a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Fonseca da Cruz. Confira a entrevista.
    Por que as mesmas redes de ensino, seja municipal ou estadual, têm desempenhos tão diferentes no aprendizado dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática?
    O primeiro ponto é que a equidade não está na agenda dos gestores educacionais. Muitas vezes, você tem uma rede com boa qualidade média entre as escolas, mas com um desempenho muito desigual. Se a equidade está na pauta do secretário municipal de Educação, todas as políticas públicas da secretaria são direcionadas para se ter qualidade como um todo. Ele vai olhar principalmente as escolas que têm baixo desempenho e vai abrir mão de outras políticas para aumentar os índices dessas escolas. A sociedade brasileira é muito desigual e na educação essa desigualdade também se repete.
    Como criar mecanismos para que os bons exemplos possam ser replicados?
    Eu vejo a reprodução de boas práticas ocorrendo menos do que deveria ocorrer. As pessoas em geral e até mesmo a imprensa ficam muito focadas no que está acontecendo de ruim, no que está parado, no que não está funcionando. É importante colocar luz naquilo que está funcionando, valorizar o avanço de uma escola que estava com baixo desempenho e conseguiu crescer.
    Algumas escolas com desempenhos positivos não desenvolvem projetos diferentes, mas se focam no planejamento e no bom relacionamento da equipe. Qual a receita para melhorar a aprendizagem?
    O primeiro passo é fazer bem feito o básico. A escola precisa ter uma boa rotina, onde o professor não falta, o aluno não falta, tem reforço para quem precisa, tem um bom trabalho em Educação Física, em Artes, o clima de trabalho é bom, os professores se dão bem. Não precisa ter lousa digital ou equipamentos de informática. Uma escola que faz bem feito o básico terá, com certeza, bons resultados.
    Priscila Fonseca da Cruz, diretora-executiva do movimento Todos pela Educação

    Novo modelo de escola no Rio aposta em tecnologia e ensino individualizado (O ESTADÃO)





    Novo modelo de escola no Rio aposta em tecnologia e ensino individualizado
    "Alunos são divididos em grupos de seis, chamados de 'famílias', sem critério de série e idade"
    Instalada na Favela da Rocinha e com planos de expansão, projeto pioneiro de escola municipal com parceria privada tem salas sem paredes ou divisão por séries

    RIO - A ausência de paredes entre as salas e o fim da divisão de alunos por idade e série já chamam atenção na escola municipal André Urani, encravada na Favela da Rocinha, Rio de Janeiro. Mas o maior potencial do novo modelo de escola que a prefeitura carioca iniciou neste ano está na tecnologia. E não só pela presença dos computadores em cada mesa, mas pelas ferramentas digitais de ensino que possibilitam que o aluno siga seu ritmo de aprendizagem e os professores acompanhem o que cada um está aprendendo.

    Com 180 alunos, a André Urani é a unidade pioneira do Ginásio Experimental de Novas Tecnologias (Gente). O prédio recebeu decoração moderna, com paredes coloridas, pufes espalhados entre estantes de livros e móveis que podem ser arrumados de acordo com a atividade do dia. As carteiras, por exemplo, são encaixadas em grupos.

    Além da nova estrutura, o Gente tem chamado a atenção pela proposta inovadora de aulas - estrutura que historicamente teve poucas mudanças. O novo modelo pretende não só representar a chegada do computador à sala de aula, mas uma transformação no processo de ensino.

    O educador Rafael Parente, subsecretário de Novas Tecnologias Educacionais da Secretaria Municipal de Educação do Rio, ressalta as possibilidades da personalização. "Podemos acompanhar o que o aluno sabe, é um passo para a aprendizagem adaptativa", diz ele, explicando que o projeto tem uma base teórica com inspirações na pedagogia da presença, avaliação por competências e aprendizado baseada em projetos (veja o glossário ao lado). "O mais importante é a real possibilidade de colocar o modelo em escala."

    Opções. Cada aluno segue um itinerário formativo individual, que reúne o que ele precisa aprender. O itinerário tem opções de exercícios e o aluno escolhe o que fará. Todas as semanas eles são avaliados na Máquina de Testes, um programa com questões de diferentes níveis de dificuldade. A máquina registra os níveis alcançados, para garantir a evolução no conteúdo. Se o resultado não for adequado, o aluno recebe uma atenção individualizada.

    Algumas aulas têm vídeos, outras remetem a sites externos ou propõem exercícios no caderno. Mas todas as atividades estão vinculadas às matrizes de habilidades da Prova Brasil e aos parâmetros curriculares do Ministério da Educação - a escola atende alunos do 7.º ao 9.º ano.

    Apesar de o itinerário ser individualizado, as aulas são sempre colaborativas. Por isso os alunos são reunidos em grupos de seis, chamados de famílias. Três famílias formam um time, com um professor mentor. As famílias foram formadas a partir de avaliações nas quais foram mensurados níveis de liderança, agressividade, espírito colaborativo, entre outras características não cognitivas.

    A estudante Camila da Silva, de 15 anos, tem gostado muito das aulas no computador, mas vê no diálogo com os colegas o melhor da nova escola. "Trabalhar em grupo, sem parede, com todo mundo junto, isso é muito legal", diz. Na mesa do lado, Arthur Freitas, de 13, gosta das aulas com jogos, mas faz uma queixa. "É ruim ficar ouvindo o pessoal do lado falar, eles têm de aprender a conversar baixo."

    O professor Diego Teixeira, um dos 15 docentes da escola, diz que essa conversa, banida em outras escolas, é a chave do Gente. "O modelo é sempre colaborativo. Primeiro ele consulta o material, depois o colega e só em seguida o professor", diz ele. "Existe uma busca pela autonomia do aluno, em que ele é o centro do processo."

    Preparo. A função dos professores é diferente. Quatro deles se espalham entre as famílias - uma mudança em que o professor da disciplina dá lugar a uma atuação polivalente. Trabalhar nessa nova proposta exige uma dedicação diferente, explica a professora Cláudia Ferreira da Costa. "É necessário se preparar mais antes de encontrar os alunos. E não é mais preparar aula, mas atividades. Tudo voltado para o grupo e para o individual, não mais para a turma."

    O cronograma de expansão do Gente prevê a replicação do modelo para mais cinco escolas no ano que vem. Cada unidade deve multiplicar para outras 5, chegando a 30 em 2015 e a outras 150 no ano seguinte. O projeto custou R$ 3,5 milhões, sendo que R$ 2,5 milhões vieram de parceiros privados. A secretaria estima em R$ 500 mil o custo de implementação em cada nova escola. Para alcançar novas unidades, parcerias serão fundamentais
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    segunda-feira, 25 de março de 2013

    Diploma técnico consegue aumentar a renda de um trabalhador em 24%, em média ( MÔNICA BERGAMO / Folha de S. Paulo)

    25/03/2013  - de S. Paulo


    ESCADA ROLANTE
    O diploma técnico consegue aumentar a renda de um trabalhador em 24%, em média. É o que mostra pesquisa feita pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) com ex-alunos de seus cursos profissionalizantes.

    ESCADA 2
    A instituição acompanhou cerca de 20 mil profissionais, ou quase a metade dos que estudaram em suas escolas: 72% conseguem trabalho no primeiro ano depois de formados -mais de dois terços na área que escolheram para se especializar. A média salarial é de R$ 1.600.

    ESCADA 3
    De acordo com dados do MEC (Ministério da Educação), só 17, 6% da população entre 18 e 24 anos frequentam ou já concluíram o ensino superior. Os demais seguem para curso técnico ou param de estudar. O Senai oferece 150 mil vagas.

    sábado, 23 de março de 2013

    O missionário que desvendou a África ( GAZETA DO POVO)


    Creative Commons
    Creative Commons / Livingstone chegou a ser recebido como um herói no Reino Unido após 16 anos de viagem pela África, onde explorou territórios e lançou um novo olhar para o continente, que se traduziu na revisão dos mapas conhecidos até entãoLivingstone chegou a ser recebido como um herói no Reino Unido após 16 anos de viagem pela África, onde explorou territórios e lançou um novo olhar para o continente, que se traduziu na revisão dos mapas conhecidos até então
    Bicentenário de nascimento do escocês David Livingstone lembrou aventuras do explorador que adotou o continente africano como lar

    Livingstone dedicou décadas a explorações que obrigaram os cartógrafos da época a revisar todos os mapas da África, prestou atendimento médico aos nativos e defendeu seus direitos perante os colonos europeus. Fascinado pela África, negou-se a voltar ao Reino Unido quando a malária e a disenteria o consumiam a ponto de completar 60 anos. Na época, o escocês era uma celebridade no Ocidente pelas narrações de suas viagens, mas tinha passado tantos anos sem dar sinais de vida que nos salões de Londres e Nova York era dado como morto.
    Ativismo
    Explorador conquistou a admiração e amizade de nativos africanos
    O escocês David Livingstone não se preocupou apenas em desenhar os novos mapas do mundo: desenvolveu um reconhecido trabalho como médico (ele foi o primeiro ocidental a verificar que a presença de mosquitos antecipava a aparição da malária) e tentou evitar os abusos dos colonos europeus na África no século 19.
    Sua defesa dos direitos dos africanos lhe valeu o respeito dos nativos por onde passou. Segundo a lenda, os moradores do povoado onde morreu, em Zâmbia, enterraram lá seu coração antes que seu corpo fosse repatriado a Londres.
    O corpo de Livingstone está no cemitério da Abadia de Westminster, junto de outros ilustres britânicos como Charles Darwin e Isaac Newton.
    Devido à falta de notícias do aventureiro, o jornal New York Herald, ávido por histórias exclusivas, decidiu bancar uma expedição para encontrá-lo, tarefa que ficou com o jornalista e explorador Henry Stanley. O intrépido galês partiu em 1871 rumo à África e, após uma longa procura, encontrou Livingstone na aldeia de Ujiji (Tanzânia).
    Stanley tinha tido a sorte de se deparar com o escocês na imensa África, mas o fez quando as doenças tinham minguado já parte de suas forças, dois anos antes de sua morte. Naquele momento fazia 30 anos que Livingstone, médico de Glasgow, segundo filho de um humilde comerciante de chá conhecido por sua fervorosa religiosidade, tinha desembarcado no continente africano como missionário, disposto a evangelizar a população local.
    Glória
    Anos mais tarde, ele deixaria de estar ligado à Sociedade Missionária de Londres, que o tinha enviado à África, e estreitaria sua relação com a Royal Geographical Society, que o contratou em 1865 para buscar as fontes do Nilo e acabou lhe concedendo sua Medalha de Ouro.
    Quase uma década antes, em 1856, Livingstone tinha vivido seu momento de maior glória, quando foi recebido no Reino Unido como um herói após 16 anos de viagem. Ele teve uma audiência com a rainha Vitória – a quem tinha homenageado ao batizar as cataratas recém descobertas na fronteira dos atuais Zâmbia e Zimbábue –, publicou suas aventuras, que lhe deram uma boa quantia em dinheiro, e deu palestras em universidades britânicas antes de voltar, dois anos depois, para a África, onde permaneceu até morrer
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    ENSINO À DISTÂNCIA Mito ou verdade: Especialistas esclarecem 11 dúvidas sobre EAD (uol)




    Cláudia Emi Izumi
    Do UOL, em São Paulo



    Não dá para comparar curso a distância com curso presencial porque são duas metodologias de ensino completamente diferentes. VERDADE: "Podemos comparar a aprendizagem (domínio de uma competência, uma habilidade ou um conhecimento), mas não a forma pela qual ela foi adquirida, que pode ser presencial, a distância ou mista", diz Stavros Panagiotis Xanthopoylos, diretor da FGV Online. "O que podemos afirmar é que a internet trouxe uma nova dimensão de comunicação que permitiu alavancar nossa vida pessoal e profissional e a formação escolar. Esse fenômeno é irreversível e tem revolucionado os processos pedagógicos, sem prejuízo nos resultados da aprendizagem quando comparados com os métodos tradicionais."


    Pouca gente sabe, mas o EAD (ensino a distância) existe há mais de um século no Brasil. Aqui e no exterior, o método de aprendizado remoto ganhou fôlego a partir da propagação em massa da internet. Um dos resultados desse movimento foram os cursos de graduação, que hoje podem ser feitos de forma semipresencial. O método, porém, ainda gera dúvidas.
    UOL ouviu especialistas, que esclarecem as dúvidas mais comuns que ainda rondam o ensino a distância superior.
    Além da consultora da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância) Arlete Guibert, foram entrevistados o coordenador de EAD da UnB (Universidade de Brasilia), Athail Pulino, a coordenadora adjunta da Universidade Aberta do Brasil da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Rosely Zen Cerny, e o diretor executivo da FGV Online (Fundação Getúlio Vargas), Stavros Panagiotis Xanthopoylos.
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    Mito ou verdade: Especialistas esclarecem 11 dúvidas sobre ensino a distância11 fotos

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    O ensino a distância ameaça o emprego do professor. MITO: Este profissional é essencial para verificar o aprendizado a distância do aluno. O computador não vai substituí-lo. Na opinião do professor Athail Pulino, da UnB, o professor de EAD consegue até acompanhar melhor o desempenho dos alunos. Isso é feito por meio de atividades próprias dos cursos a distância, como fóruns de discussão, testes online e atividades extras, que são em quantidade maior que nos cursos presenciais, segundo ele Mateus Bruxel/Folhapress

    1. O ensino a distância ameaça o emprego do professor

    MITO: Este profissional é essencial para verificar o aprendizado a distância do aluno. O computador não vai substituí-lo. Na opinião de Pulino, o professor de EAD consegue até acompanhar melhor o desempenho dos alunos. Isso é feito por meio de atividades próprias dos cursos a distância, como fóruns de discussão, testes online e atividades extras, que são em quantidade maior que nos cursos presenciais.

    2. A avaliação do EAD apresenta falhas porque algumas tarefas, como testes de múltipla escolha, são corrigidas automaticamente por um sistema, e não pelo professor

    MITO: O EAD permite uma maior personalização no ensino que a educação presencial porque o aluno recebe orientação individualizada, diz Pulino. Ele acredita que o professor tradicional não tem condições para comentar uma prova e dar retorno de rendimento para cada um de seus alunos em apenas 50 minutos de aula. "Já no EAD, o aluno tem a supervisão do professor e de tutores. Além disso, os testes de múltipla escolha não são o único meio de avaliação. O tutor de EAD acompanha regularmente os avanços do aluno no curso, e interfere quando ele não faz exercícios, não participa de fóruns ou não dá retorno", comenta Pulino.

    3. Cursos idealizados e formatados somente com videoaulas são ruins

    VERDADE: Apesar de exemplos bem-sucedidos de tutoriais e aulas em vídeos, como a Khan Academy para os alunos da educação básica, cursos mais complexos perdem qualidade se forem dados apenas com a exposição de vídeos e animações que explicam o conteúdo escolar. "O melhor formato é aquele baseado em "comunidades de aprendizagem", com interação entre alunos e com professores", diz Pulino.

    4. Não dá para comparar curso a distância com curso presencial porque são duas metodologias de ensino completamente diferentes

    VERDADE:  "Podemos comparar a aprendizagem (domínio de uma competência, uma habilidade ou um conhecimento), mas não a forma pela qual ela foi adquirida, que pode ser presencial, a distância ou mista", diz Xanthopoylos. "O que podemos afirmar é que a internet, e principalmente a chegada da Web 2.0 com as redes sociais, trouxe uma nova dimensão de comunicação que permitiu alavancar nossa vida pessoal e profissional e a formação escolar. Esse fenômeno é irreversível e tem revolucionado os processos pedagógicos, sem prejuízo nos resultados da aprendizagem quando comparados com os métodos tradicionais."

    5. O desempenho de um estudante de EAD pode ser falsificado porque existe a possibilidade dele colar nas provas ou colocar outra pessoa para fazer o seu trabalho

    VERDADE EM PARTE: "Se o aluno fizer a avaliação pelo computador, sem controle ou acompanhamento, é óbvio que poderá falsificar um exame. Por isso que, em cursos certificados ou diplomados no EAD, as provas são realizadas em polos de forma presencial e com monitoramento e controle, como exige o MEC (Ministério da Educação)", lembra Xanthopoylos. De acordo com ele, a cola só ocorrerá se o sistema de controle for falho, o que vale tanto para os cursos EAD quanto para os presenciais.

    6. Alguns professores de cursos presenciais e o mercado de trabalho têm preconceito contra o EAD

    VERDADE: "Hoje vale essa máxima. O preconceito parte da ignorância, da falta de conhecimento de como funciona o EAD. Não há outra explicação", comenta Pulino. "Por sorte, há professores do método presencial que procuram ferramentas online para melhorar o ensino", diz. A coordenadora adjunta da Universidade Aberta do Brasil da UFSC acrescenta: "Os professores que vêm trabalhar com ensino a distância acabam mudando a tática pedagógica que era adotada em sala de aula porque percebem que o mesmo material não funciona no EAD. O ensino a distância não tem lugar para improvisação, as atividades são pontuais."

    7. O ensino a distância é para quem interrompeu os estudos e não concluiu um curso superior

    EM PARTE: "Hoje o grande lance do ensino a distância é a possibilidade dada à universidade pública e à privada de sair de sua esfera e atingir municípios distantes e menores que jamais terão uma instituição de ensino superior de qualidade. Ainda existe o preconceito contra a aprendizagem remota, mas isso está cedendo e a média de idade dos alunos, entre 30 e 40 anos, tende a baixar no futuro", opina Cerny.

    8. O aluno de EAD pode ficar desmotivado a estudar por não ter professores em cima dele

    MITO: "Em muitos casos, ter um professor em cima da gente é pior. A motivação do aluno vem da integração com outros alunos. Eles podem estudar e tirar dúvidas sozinho ou em grupo. Além disso, há os polos presenciais da graduação a distância. É lá que o aluno presta contas se estudou ou não aos tutores, que são formados na área de conhecimento do curso e que esclarecem e checam os pontos da matéria que os alunos não assimilaram", explica Cerny.

    9. Há muita distração para quem estuda em um computador

    MITO: Um bom curso de EAD é estruturado com estratégias e atividades que prendem a atenção do estudante, e não o contrário, comenta Cerny. "É claro que um desvio, como para as redes sociais, pode ocorrer com muita facilidade. Mas se o aluno não cumprir o que é exigido, o tutor intervém. Se o aluno não faz uma atividade, o tutor entra em contato. Há muitas técnicas de ensino para manter a atenção dos alunos nos estudos", diz Cerny.

    10. O ensino a distância é para alunos que não têm tempo e querem tirar um diploma sem muito trabalho

    MITO: "O ensino a distância proposto por instituições de ensino competentes pode requerer muito mais trabalho do que em uma sala de aula presencial. Para que você assimile o conhecimento, tem de se programar, ter disciplina, assumir o compromisso de estudar com autonomia, gerenciando seus horários. Para aqueles que entram em um curso qualificado, saibam que terão de trabalhar bastante para obter o diploma", fala Guibert.

    11. Preciso de um computador muito bom para acompanhar um curso de EAD

    MITO: O nível de conhecimento em informática é básico, e o computador precisa ter configurações mínimas com um navegador de internet, pacote Office ou similar (BrOffice), programas para abrir arquivos em PDF e rodar vídeos, além de uma conexão de internet a partir de 500kbps para assistir a videoaulas sem pausas e interrupções. Todos os computadores mais recentes vêm com essas funções, mas, caso haja dúvidas, a instituição de ensino dá orientações ao aluno.
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    Modelo de educação escolar deve ser questionado, diz pesquisador da USP (UOL)

    Camila Rodrigues da Silva
    Do UOL, em Florianópolis
    Diversos problemas da educação, como as doenças e a deserção de professores, podem ser causados pela própria estrutura da escola. Essa é a ideia que sintetiza o conceito de “abolicionismo escolar”, criado pelo pesquisador Danilo Alexandre Ferreira de Camargo, mestre pela Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo).
    A escola, segundo sua análise, é uma ferramenta do Estado para gerenciar as populações urbanas – da mesma forma que o manicômio, a polícia, a prisão e o hospital, baseado no filósofo francês Michel Foucault.
    Ele esclarece não ter respostas para os problemas, porém aponta que o formato da educação baseado na escola deve ser questionado. “Não tenho a solução para os problemas escolares, mas diria que devemos começar a duvidar das soluções escolares que são vendidas todos os dias com as mais diversas intenções e pelos preços mais variados”, completa.
    Confira a entrevista a seguir.

    UOL Educação - Como você imagina a educação sem a escola?

    Camargo - A minha pergunta é: por que temos tanta dificuldade em imaginar uma educação sem escola? Por que, na maioria das vezes, imaginamos que sem escolas o nosso universo social entraria em colapso? Por que a escola se tornou esse limite cognitivo para pensarmos a educação e a própria sociedade?

    UOL Educação – Quais características da escola tornam sua rotina “insuportável”, do seu ponto de vista? Isso sempre fez parte da vida escolar?

    Camargo - É preciso chamar atenção para o fato de que, do século 19 ao início do século 21, nenhuma reforma educacional, teorizada ou praticada, modificou substancialmente a rotina do cotidiano escolar no que tange ao sequestro dos corpos infantis e ao controle rigoroso do espaço e do tempo a que estão submetidos todos aqueles que são escolarizados.
    Apesar das aparentes modificações ao longo do tempo (da palmatória ao palmtop), a escola é uma instituição que parece conservar sua essência já há muito naturalizada: todos os dias, uma legião de crianças, dotadas de um número de matrícula, um uniforme, um caderno de notas, são confinadas por algumas (ou muitas) horas no interior de salas de aula, sob a supervisão de um professor, para que possam ocupar o tempo e aprender alguma coisa, pouco importa a variação moral dos conteúdos e das estratégias didático-metodológicas de ensino.

    Hall da fama da evasão: saiba quem se deu bem sem se formar na universidade12 fotos

    Silvio Santos - Um dos nomes mais conhecidos da TV brasileira também não tem o diploma de ensino superior. Sem nunca frequentar os bancos de uma universidade, Senor Abravanel ganhou fama como apresentador de TV, locutor e empreendedor. Veja dicas de um especialista para quem quer estudar sem professor Leia mais Roberto Nemanis/SBT
    O que realmente está em jogo nessa reclusão diária não é tanto a aprendizagem, mas a forma pela qual é produzida uma específica forma de vida: o sujeito escolar.
    No caso específico da minha investigação, tentei demonstrar que a recente “epidemia” de doenças ocupacionais é a manifestação atual desse velho problema da insuportabilidade da rotina escolar. Por que se suporta esse insuportável? Por que queremos que as pessoas que lá estão – alunos, professores, funcionários – vivenciem esse insuportável de uma maneira ética, criativa, eficiente?

    UOL Educação - No Brasil, houve rejeição do projeto de lei que regulamentaria o ensino domiciliar, em 2011. A que se atribui essa decisão?

    Camargo - Uma educação não escolar é um grande tabu para as nossas sociedades modernas e industriais. Isso porque a instituição escolar é vista como um espaço necessário de transição entre o universo privado da família e a esfera pública da política. Além disso, no Brasil, a escolarização massiva da população é um fenômeno recente e incompleto e, por isso mesmo, a recusa à obrigatoriedade da escola ainda é vista como uma ameaça ao desenvolvimento do Estado e à inserção dos contingentes populacionais ao sistema produtivo.
    Contudo, não é difícil prever que o questionamento deste “direito à escola”, que na verdade é uma obrigação legal, tende a ser cada vez mais frequente nas próximas décadas.

    UOL Educação - Quais seriam os indícios de que o sistema escolar esteja “em vias de explodir”, como você diz em sua pesquisa?

    Camargo – A minha hipótese geral de trabalho era a de que os problemas clássicos do universo escolar, tais como a indisciplina, a evasão e até mesmo a violência são respostas políticas [à crise da escola].
    As rachaduras da hegemonia da escola se apresentam nas tragédias que cotidianamente suspendem, ainda que temporariamente, a ordem escolar. Daí o meu interesse em estudar o fastio, a patologização e a criminalização dos professores e dos alunos. Quando o insuportável da escola não puder mais ser administrado pelas ciências do Estado algo acontecerá: talvez uma explosão, como previa Foucault, talvez apenas o desaparecimento gradual e silencioso dessa tecnologia de governo da infância.

    UOL Educação - A escola, como instituição, estaria atualmente “agonizante”? Ela não estaria mais dando conta de tornar as crianças “contemporâneas de seu próprio tempo”, como você coloca?

    Camargo - A queixa mais recorrente é essa: a escola está agonizante, a escola está em crise etc. Antes de qualquer coisa, é preciso reconhecer que as mazelas da escola são muito rentáveis e parecem se proliferar na mesma medida em que proliferam os diagnósticos e os prognósticos para uma possível cura.
    É o grande paradoxo da estrutura escolar: criticamos quase tudo o que se passa na escola (os alunos, os professores, os conteúdos, os gestores, os políticos) e, ao mesmo tempo, desejamos mais escolas, mais professores, mais alunos, mais conteúdos e disciplinas.
    Da minha perspectiva, não se trata de agonia da estrutura escolar. A ideia é exatamente o contrário. A minha questão é: será possível não mais tentar resolver os problemas da escola, mas compreender a existência da escola como um grave problema político?

    UOL Educação - Essa “escola” de que fala também inclui a universidade? Que tipo de formato de educação substituiria o ensino superior?

    Camargo - Se pararmos para pensar nas mudanças ocorridas na última década, sobretudo ao que se refere à produção e ao compartilhamento de informações, não é difícil imaginarmos que a vida universitária tal qual a conhecemos, como seus doutores catedráticos, seus arcaicos rituais de fala, sua estrutura de poder centralizada e sua forma específica de legitimação da nossa ordem social a partir de títulos acadêmicos, não sobreviverá até o fim deste século.

    UOL Educação - Por fim, você questiona se o desaparecimento da escola não seria a “morte” do homem moderno. O fim da escola significaria também o início de um novo formato de sociedade?

    Camargo - Há muito tempo especula-se sobre tal morte e ela é sempre adiada. O que gostaria de enfatizar é que ninguém pode dizer como será a sociedade sem escolas, mas acredito que num futuro não tão distantes as pessoas já não conseguirão imaginar como eram as sociedades com escolas.
    E antes que me pergunte qual a solução para os impasses atuais da escola: eu diria que devemos começar a duvidar das soluções escolares que são vendidas todos os dias com as mais diversas intenções e pelos preços mais variados
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