Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Felipe Michel Braga tem 29 anos e uma experiência em
educação que vem desde a graduação. Na última sexta-feira (1º), ele foi o
vencedor do Desafio da Educação do Centro de Liderança Pública (CLP),
prêmio criado pela organização sem fins lucrativos voltada para o
preparo de líderes públicos. Ele recebeu R$ 20 mil.
Braga propõe que os professores comecem a ser formados assim que deixem
o ensino médio e que a carreira seja incentivada durante toda a
formação superior. Já nas escolas, um sistema de pontos serviria para
premiar e incentivar os docentes no exercício da profissão.
Foram 290 propostas de melhorias da educação brasileira que vieram
não apenas do Brasil, mas de 20 outros países. Na etapa final, 61
projetos foram selecionados pelo júri, formado por representantes de
organizações voltadas para a educação, entre elas a Fundação Lemann, o
Instituto Ayrton Senna e o Parceiros da Educação. Os três primeiros
lugares já receberam um total de R$ 35 mil, dividido de acordo com a
classificação.
A proposta de Felipe é baseada na formação de Especialista em
Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG) de Minas Gerais. O
objetivo é que o vestibular das instituições de ensino superior funcione
como um concurso, o recém graduado deixa a universidade com vaga
garantida no ensino público. Assim que se forma no ensino médio, o
estudante faz a opção pela licenciatura e recebe para isso uma bolsa de
estudos que garanta a dedicação exclusiva a área durante a graduação.
Além disso, nos últimos semestres, ele participa de estágio onde
acompanha um profissional mais experiente em sala de aula.
"O modelo funciona bem com os EPPGG, na educação seria o mesmo. Os
governantes calculam com antecedência as necessidades da rede de ensino
sob sua competência. Calculam quantas serão as aposentadorias e qual
será a demanda para as escolas. Assim estipulam quantas vagas serão
abertas para essa finalidade nas instituições de ensino superior",
explica o autor da proposta. Formados, os professores devem permanecer
como servidores por um tempo mínimo a ser estabelecido. Caso isso não
seja cumprido ele devolve parcial ou integralmente todo o auxílio
recebido durante a formação.
Durante a carreira, os docentes acumulam pontos por cursos de
aperfeiçoamento, por estudos publicados e outras atividades que
estimulem o aperfeiçoamento. E ganham recompensas, como a escolha da
escola onde se quer trabalhar.
"A qualificação inicial é muito importante para atrair para o ensino
os melhores talentos. Após esse período a formação é contínua. O
ambiente da sala de aula muda muito e requer uma eterna reciclagem",
afirma o diretor-presidente do CLP, Luiz Felipe d´Avila. Segundo ele, os
professores brasileiros necessitam de incentivos para melhor
desempenhar as funções da carreira. Os incentivos passam por aumento
salarial, mas vão além. A intenção do prêmio é reunir propostas
aplicáveis e que envolvam os docentes.
Ele destaca entre as propostas recebidas, o emprego das novas
tecnologias no ensino. Em segundo lugar, o funcionário da Royal
Jordanian Airlines, em Amã, na capital da Jordânia, Ahmad Abu Rumnan, de
27 anos, propõe a utilização das redes sociais para a divulgação de
vídeos e publicações sobre experiências de sucesso nas salas de aula.
Pela internet, a distância entre os docentes não seria problema.
A analista consultora Chitra Sechan, de 49, dos Estados Unidos,
propõe também a troca de experiência entre docentes. Por meio de
plataforma online, os docentes poderão trocar conhecimentos para
planejamento e execução de aulas, atendimento aos alunos e outras
questões. Ela defende a multiplicação dos conhecimentos destes mentores
para elevar a qualidade do ensino pública e reforçar a atração de
talentos.
As três sugestões vencedoras serão apresentadas a gestores públicos
nos estados e municípios a fim de que, caso haja interesse, sejam
implementadas.
Edição: José Romildo
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