terça-feira, 9 de agosto de 2011

Cuidado, seu filho poderá ser mais um “meia boca” !

                                                                          
                                                                               *  Por  Cláudio  Silva

Nossos filhos podem estar sendo  condenados a tornarem-se mais um “meia  boca” na  vida. Este pensamento me ocorreu  quando relia o primoroso texto “Perspectivas”, de Humberto Rohden, sobre o  conceito de  educação. O  termo “Educar”, observa, tem origem no verbo latino  educare, derivado de educere, que  quer dizer “eduzir”, conduzir para  fora. Ou seja, despertar em si elementos positivos  que se  achavam adormecidos. E  o  educador, segundo  ele, deve  ser um “edutor”, “alguém  que  “eduz” do educando  o que  nele  dormita  de  melhor.

Nessa  perspectiva, de  uma  educação voltada à dimensão integral do ser  humano, só  estará  verdadeiramente educado aquele  que conquistou  o  domínio sobre a  vontade, e desenvolveu  a  consciência de permanentemente extrair de si o  melhor. O  que  o faz ultrapassar  a média do  que  a maioria faz.

E quem assim age, se  destaca e até , por  vezes, é comparado a um gênio. Um deles, Einsten, dizia  que  o  gênio  é  composto  de  90%  de  transpiração, trabalho  dedicado, e  apenas 10%  de inspiração, ou  o  que  se  denomine  de genialidade. João  Gilberto, um dos criadores  da bossa nova, ganhou  fama  de folclórico no  meio artístico pelo hábito de  trancar-se em seu  apartamento quando  está  trabalhando uma canção.  E ali, pacientemente “lapida” sua  obra  até  torná-la  mais  uma pérola de suas fantásticas criações. O premiado escritor Milton Hatoum, faz o  mesmo para  escrever os seus livros. O cronista Daniel Piza o define, em artigo publicado no ESTADÃO (16.07.2011), como um escritor cuidadoso e meticuloso e, mais ainda, um revisor exigente. Ele busca sempre “chegar aonde não chegou”. Atualmente, Hatoum está revendo pela quarta vez seu  romance O Lugar mais Sombrio, que lançará em breve. Nos esportes há expressivos exemplos de gigantes de determinação na busca permanente pela superação. Conta-se que quando o navegador Amyr Klink concluiu sua  histórica e  solitária viagem à  Antártica, foi questionado quanto ao próximo  desafio.  A  próxima  viagem, respondeu!"

A educação atual apresenta o perigo de condicionar para o “fazer apenas para o gasto”, servindo-nos de conhecida expressão popular, que ajuda a compreender tal mentalidade. Isto  quando reforça ideias que  levam ao  contentamento com resultados parcos, mesmo  que sofríveis. Na escola, é a ênfase para o alcance  da média, como  principal objetivo. O  que  reforça o senso de acomodação, porque o  objetivo  já  teria  sido  atingido. E vão sendo formadas gerações de  pessoas acomodadas e de visão limitada.

Registre-se, que esta reflexão não tem por escopo reforçar a avaliação classificatória nem a busca de notas como principal meta do processo educacional. Mas enfatizar a  importância da retomada do  significado de Educere, sobretudo  em uma  época  tão  rica de possibilidades e oportunidades.

Quem se  sente  seguro com a sua  vida nas  mãos  de  um  “meia boca” , seja ele um cirurgião, piloto de avião, engenheiro ou advogado? Atente-se que os  termos média, mediano  e  medíocre têm a  mesma  raiz  etimológica, sendo  condições  que  se  encontram muito  próximas. Daí a  importância  de uma  educação que ajude a desenvolver o  domínio sobre a vontade, e  que incentive a busca permanente da superação dos  próprios  limites.

 Educere!

Pense nisso!

Se achou esta crônica interessante, poste o seu comentário abaixo. A sua referência é importante para nós - Os  editores.

*Cláudio Silva é mestre em Educação, ex- presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR, foi Secretário de Educação de Apucarana-PR (gestões  2005-2008 e  2009-2012 ) e  Secretário  de  Ensino  Superior ( 2012)

mais textos do professor poderão ser acessados em CRÔNICAS EDUCATIVAS DO  PROF. CLÁUDIO SILVA
                                                                                                                                                  
Ficha Técnica:
Estrutura: Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva (acadêmica de jornalismo)
Revisão: Prof.ª Doutoranda Leila Cleuri Pryjma



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15 comentários:

Murilo Rafael disse...

Ótima postagem padrinho, me inspira ainda mais na ideia de um dia adentrar à área da docência, é uma responsabilidade imensa, mas o retorno evidentemente estimula o "edutor" a buscar enriquecimento científico para suprir sempre a expectativa do verdadeiro educando.

Prof. Cláudio Silva disse...

Realmente é uma experiência muito gratificante, filho. Um abraço

Prof. Cláudio Silva disse...

de Roseli massolin :

Recebi , gostei e recomendei aos amigos.
Rose

Unknown disse...

Grande Prof. Cláudio, deveras pertinente e preocupante este assunto, pois cada vez mais como Professores nos deparamos muito com esta situação "fazer apenas para o gasto" e isto está retratado no retorno que temos da grande maioria dos alunos que não se importam em ir além de sua capacidade e descobrir suas competencias. Ou seja, "Não fazem o que tem de ser feito, e sim apenas o que lhes pedem!" Esperam até que façamos por eles. Claro, temos exceções, e algumas vezes temos destaques que atraem nossa atenção e ficamos motivados. Percebo que diferente de minha época como aluno primário, as exigências que tinhamos para o cumprimento das tarefas e nosso próprio desenvolvimento, não possuíamos ferramentas como as de hoje, computador, celular e nem a própria internet... era necessário que o esforço fosse maior. E hoje, bem hoje está aí o reflexo, o resultado da falta de comprometimento e desejo em buscar sua própria opinião assertiva, pois na hora do aperto, acabam sempre recorrendo as buscas na internet e apanhando algo pronto. Assunto amplo e até polêmico... vale sim toda atenção possível. Um Grande Abraço Prof. Cláudio!!

mafra souza disse...

Olá meu grande amigo e valoroso mestre!
Você é uma dessas pessoas que veio para construir, para somar com o mundo. Você acredita, tanto quanto eu, que pela educação se transforma, modifica, aprimora e se caminha para o melhor - o aprimoramento do que somos e fazemos. Parabéns pelo artigo.
abraços, mafra

Prof. Cláudio Silva disse...

Grande e querida Mafra. Suas palavras só nos incentivam ainda mais. Você é uma das importantes referências em minha formação. Verdadeira mestra paciente e atenciosa. Gratidão eterna. Abraço amiga

lucelene disse...

Querido mestre seu artigo nos faz refletir sobre educação,o que mais me preocupa são os educadores que estão se formando,muitos estão mais preocupados com seus direitos do que com seus deveres e sua missão de EDUCADOR

Prof. Cláudio Silva disse...

Olá Professora Lucelene. Realmente, sem idealismo, não só na educação, mas em qualquer atividade profissional, é o elemento que dá sentido e faz a diferença. Na Educação é mais grave, por envolver diretamente a vida das crianças. Muito agradecido pela referências e cumprimentos pelo exemplo de vida e de profissional idealista que faz a diferença

Juliana Carvalho disse...

Juliana Carvalho (aluna MBA Controladoria/Auditoria)Faculdade Maringá.

Olá professor, a exemplo de outros, mais um maravilhoso texto para reflexão pessoal, principalmente da importancia de nosso papel na educação de nossos filhos. Alias esse é um tema que tenho refletido muito desde que participei de suas aulas.

Obrigada
Juliana

Prof. Cláudio Silva disse...

Olá Juliana. Realment, pais e educacdores têm um papel insubstituível na vida dos filhos ou educandos. Atitudes simples do dia-a-dia podem ser poderosos instrumentos de transformação. Muito obrigado pela honra de acesso e considerações. Um abraço

silmara dalcoli disse...

Os professores são responsáveis pela formação de inúmeros alunos. Portanto, somos guiados quer conscientemente ou não por ações, e é certo que nossas ações devem fazer a diferença. Gostei muito deste artigo Professor e mestre, ele nos faz refletir sobre o nosso papel como formadores de pessoas.

Ariadine disse...

Muito importante essa reflexão. E fiquei muito feliz em ler e perceber que o senhor pensa dessa forma. Pois quase acreditei que estava errada ao querer e lutar pelo melhor dos meus alunos.

Prof. Cláudio Silva disse...

Olá Profa Ariadine, o educador, deve ser um “edutor”, “alguém que “eduz” do educando o que nele dormita de melhor. parabéns, você é uma educadora por excelência. Um abraço

Cristiane Reis disse...

Excelente reflexão para os pais e educadores... Divulguei esse post no meu facebook. Parabéns pelo conteúdo do seu blog!
Blog Ensinar é Aprender

Prof. Cláudio Silva disse...

Profa Cristiane,
é muito gratificante quando nossas intenções encontram ressonância. Grato pela honra de sua postagem neste espaço
Abraço e cumprimentos pelo seu Blog