quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Lei das cotas nas universidades é sancionada por Dilma

50% das vagas em federais ficarão reservadas para alunos de escolas públicas, selecionados pelo Enem

iG São Paulo |

Agência Brasil

Dilma vetou artigo sobre critério de seleção de cotistas
A presidenta Dilma Rousseff sancionou nesta quarta-feira (29) a lei que reserva 50% das vagas em universidades e institutos federais a estudantes frequentaram todo o ensino médio em escolas públicas . O texto prevê também critérios complementares de renda familiar e raciais para a distribuição das vagas. Ao sancionar o texto, a presidenta disse que o governo tem o desafio de democratizar a universidade e manter a qualidade do ensino.

Leia também:
 Reportagem do “Estadão” sobre a formatura da primeira turma de Medicina da UERJ com alunos cotistas - http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2011/11/reportagem-do-estadao-sobre-formatura.html
 Para cotistas de pioneiras em ações afirmativas, reserva é estímulo
“A importância desse projeto e o fato de nós sairmos da regra e fazermos uma sanção especial tem a ver com um duplo desafio. Primeiro é a democratização do acesso às universidades e, segundo, o desafio de fazer isso mantendo um alto nível de ensino e a meritocracia. O Brasil precisa fazer face a esses dois desafios, não apenas a um. Nada adianta eu manter uma universidade fechada e manter a população afastada em nome da meritocracia. Também de nada adianta eu abrir universidade e não preservar a meritocracia”, afirmou.

Apenas o artigo 2 do texto aprovado pelo Senado, que trata da seleção dos estudantes, foi vetado por Dilma . Em vez de classificar estudantes cotistas com base no Coeficiente de Rendimento (CR), obtido a partir da média aritmética das notas do aluno no ensino médio, como previa o texto anterior, os alunos serão escolhidos pelas médias no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)

As universidades e institutos federais terão quatro anos para implantar progressivamente o percentual de reserva de vagas estabelecido pela lei, mesmo as que já adotam algum tipo de sistema afirmativo na seleção de estudantes. As regras e o cronograma para a transição serão estabelecidos pela regulamentação da lei, que deve sair ainda este ano, a tempo de garantir a entrada da lei em vigor no ano que vem.

“O Enem 2012 já servirá como um dos parâmetros para o novo sistema. Ao longo deste ano, faremos a regulamentação complementar necessária. Estamos construindo isso junto com os reitores”, disse Mercadante.
A regulamentação deverá criar, entre outros mecanismos, medidas para compensar eventuais diferenças entre alunos que ingressaram pelas cotas e os egressos do sistema universal. “Teremos que ter uma política das universidades para acolher esses estudantes. Muitas universidades federais já fazem isso, já temos experiências de tutoria – professores que acompanham esses alunos – e de nivelamento, para que aqueles que tenham alguma deficiência possam se preparar para os desafios do curso que em que vão ingressar”, adiantou o ministro.

56 mil estudantes negros por ano A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, acredita que a lei vá ampliar de 8,7 mil para 56 mil o número de estudantes negros que ingressam anualmente nas universidades públicas federais.

Segundo a ministra, a associação de critérios sociais e raciais para as cotas foi a solução “politicamente possível” para tentar reverter a desigualdade no acesso ao ensino superior público.

“Todo o esforço ao longo do tempo foi no sentido de se constituir cotas para negros, independentemente da sua trajetória escolar. Mas as propostas são colocadas de acordo com o grau de maturidade política da sociedade. Dentro dessa medida, conseguimos um resultado que eu considero positivo”, avaliou.
Para Luiza Bairros, como a maioria das instituições federais já adota algum mecanismo de reserva de vagas para facilitar o acesso de certos grupos da população ao ensino superior, a adequação ao percentual estabelecido pela nova lei não será difícil. “O que o projeto faz é estabelecer um piso mais alto. Na maioria dos casos serão arranjos muito pequenos”.
Além de ampliar a diversidade no ensino superior público, Luiza Bairros acredita que a nova lei deverá estimular a melhora da qualidade do ensino médio nas escolas da rede pública. “A escola pública passará a ser procurada por outros alunos. A tendência é recuperamos no Brasil aquilo que já foi o ensino médio público brasileiro, que permitia a entrada das pessoas na universidade”, concluiu.

*Com informações da Agência Brasil e AE.

SUGESTÃO DE  LEITURA:  CONHECE  A  ESTÓRIA  DO  SÁBIO? http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2012/08/lembra-daquela-historia-do-sabio.html


 Leia crônicas do  Prof. Cláudio  Silva em  : 

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domingo, 26 de agosto de 2012

CONHECE A ESTÓRIA DO SÁBIO?



*Por Cláudio Silva

Outro dia eu refletia sobre o peso das decisões que tomamos ao longo da vida. Temos três filhas. A primeira concluiu a faculdade e já trilha os caminhos profissionais. E nós ainda não conseguimos concluir a nossa casa. A prática nesses anos tem sido a de economizar e depois de algum tempo executar mais uma etapa de ampliação ou reforma. A segunda filha forma-se neste ano, e a terceira já está prestando exames vestibulares. E pode ocorrer que completem seu círculo formativo sem termos concluído o que planejamos para a nossa casa. 

Mas avalio que se nesses anos tivéssemos decidido por outras prioridades, poderíamos ter incorrido em problemas financeiros e até comprometido a formação delas. A casa ainda não está pronta, mas elas estão sendo preparadas para a vida. “O ótimo é inimigo do bom”, diz a sabedoria. Outros objetivos podem esperar, mas a vida delas não. É o que fomos aprendendo com os nossos pais e observando famílias que admiramos.

A esse respeito, eu me recordo de um conto:
Numa região do interior da China vivia um sábio muito admirado.  Os que recorriam aos seus conselhos ficavam gratificados com as lições que recebiam. Na mesma aldeia também morava um jovem inteligente e conhecido por badernas e atos de irresponsabilidade. Vendo a popularidade do velho mestre, planejou que se conseguisse supera-lo tornar-se-ia admirado e um sucesso entre as garotas. Assim, arquitetou uma forma de vencê-lo em um desafio. Pensou:

- Vou me apresentar com um passarinho escondido nas mãos e pedir que adivinhe. Se porventura acertar, o que já será difícil, perguntarei se está vivo ou morto. Assim, se responder que está morto, abrirei as mãos e o mostrarei vivo. E se disser que está vivo, bastará apertar-lhe o pescoço e apresentá-lo morto. 
   
Um plano perfeito pensou. E convidou orgulhosamente toda a aldeia para assistir a sua vitória. No dia e hora marcados uma multidão lota a praça central da aldeia. O rapaz todo soberbo, se aproxima com as mãos às escondidas atrás e pergunta:
- Grande mestre, diga-nos o que tenho nas mãos!
O sábio calmamente cofia a longa barba branca por alguns instantes, conjectura sobre várias possibilidades e responde:
- “Meu rapaz, estamos na primavera, época em que os pássaros fazem seus ninhos e procriam. Espetáculo que impressiona e atrai a curiosidade principalmente de jovens como você. Tens nas mãos um passarinho” - respondeu com segurança.
Impressionado, mas com ironia e arrogância, o jovem continuou:
- A primeira você acertou mestre. Agora responda-nos, está vivo ou morto?
Observado com expectativa pela plateia, o sábio, novamente após refletir olha fixamente nos olhos do jovem e responde:
- Só depende de você, meu rapaz.  Está em suas mãos decidir se estará vivo ou morto.
As decisões verdadeiramente sábias na vida, diz Michel Quoist em sua famosa obra “Construir o homem e o mundo”, serão sempre as que priorizarem a edificação das pessoas.  E a história já comprovou ao longo dos tempos que, começando pela família, toda sociedade humana só se constrói efetivamente na medida em que a educação estiver na centralidade de suas decisões.
Pense nisso!
Se achou esta crônica interessante, poste o seu comentário abaixo. A sua referência é importante para nós - Os  editores.

*Cláudio Silva é mestre em Educação, ex- presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR, foi Secretário de Educação de Apucarana-PR (gestões  2005-2008 e  2009-2012 ) e  Secretário  de  Ensino  Superior ( 2012)

mais textos do professor poderão ser acessados em CRÔNICAS EDUCATIVAS DO  PROF. CLÁUDIO SILVA                                                                                                                    
Ficha Técnica:
Estrutura: Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva (acadêmica de jornalismo)
Revisão: Prof.ª Doutoranda Leila Cleuri Pryjma


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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Jovem de 15 anos revoluciona o combate ao câncer de pâncreas ( VEJA )

Projeto vencedor da maior feira de ciências do mundo abre caminho para o diagnóstico precoce de um dos tipos mais letais de câncer

Marco Túlio Pires
Jack Andraka, aluno do ensino médio, recebeu o primeiro prêmio da maior feira de ciências do mundo, organizada pela Intel. O jovem desenvolveu um teste para diagnosticar precocemente três tipos de câncer, incluindo um dos mais letais: o de pâncreas
Jack Andraka, aluno do ensino médio, recebeu o primeiro prêmio da maior feira de ciências do mundo, organizada pela Intel. O jovem desenvolveu um teste para diagnosticar precocemente três tipos de câncer, incluindo um dos mais letais: o de pâncreas (Divulgação)
 
Jack Andraka é um garoto americano de 15 anos que adora o seriado de TV Glee. Filho de pai polonês e mãe inglesa, mora com a família em Maryland, na vizinhança da capital Washington, onde cursa o primeiro ano do High School (equivalente ao segundo grau no Brasil) no North County High School, um cólegio normal. Gosta de remar em seu caiaque e fazer origamis. A princípio, não há nada que o destaque dos demais rapazes de sua idade. Jack, porém, é um gênio. No dia 18 de maio, venceu a Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel, a maior do mundo para pré-universitários. Levou 100.000 dólares para casa, 75.000 pelo prêmio principal, 25.000 em prêmios especiais. Seu feito: desenvolver um teste simples e barato para fazer o diagnóstico precoce de três tipos de câncer, incluido o do pâncreas, um dos mais letais. O custo é de três centavos de dólar e o resultado é obtido em menos de cinco minutos. Segundo o site da Intel, o teste que Jack criou é 28 vezes mais barato e 100 vezes mais sensível do que o conjunto de técnicas atualmente utilizado para o diagnóstico. A comparação com o teste ELISA, o mais difundido método de detecção atual, é ainda mais impactante: o método de Jack se mostra 26.667 vezes mais barato e 400 vezes mais sensível.

Jack é persistente. Depois que o tio morreu de câncer do pâncreas, passou meses pensando em formas de atacar a doença. Cerca de 95% dos pacientes morrem em até cinco anos se o tumor no pâncreas não é descoberto cedo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, todos os anos são registrados quase 145.000 novos casos de câncer de pâncreas e cerca de 139.000 mortes. Steve Jobs, cofundador da Apple, foi uma das vítimas da doença. Jack teve seu momento eureka durante uma aula de biologia em 2011. Andraka já havia estudado os nanotubos de carbono, estruturas artificiais com a espessura de um átomo hoje usadas na indústria farmacêutica, e marcadores biológicos, substâncias presentes no organismo que podem indicar a existência de uma doença. Ele juntou as duas coisas e começou a projetar um teste que usasse os nanotubos para detectar o marcardor biológico do câncer de pâncreas, com o objetivo de fazer isso de forma mais simples e mais barata que o teste ELISA.

"O que fiz foi criar um sensor de papel: um nanotubo de carbono de parede simples combinado com anticorpos e um marcador biológico do câncer chamado mesotelina. Os anticorpos são moléculas que se grudam em outras moléculas específicas. Meu sensor, em um estudo cego, fez o diagnóstico certo do câncer de pâncreas em 100% dos casos. Ele pode diagnosticar o câncer antes que ele se torne invasivo." Uma gota de sangue basta para fazer o teste.


Para validar sua ideia, Jack escreveu um projeto de pesquisa prevendo os materiais necessários, o tempo de utilização do laboratório, o custo e os resultados almejados. Enviou o projeto por e-mail para 200 profissionais nos Estados Unidos. Recebeu 197 'nãos'. Duas respostas nunca chegaram. "Quando estava prestes a desistir, recebi a última resposta", diz Jack em entrevista ao site de VEJA.

Celeiros de gênios

O surgimento de tantos jovens talentos científicos nos Estados Unidos não é obra do acaso. Diversas organizações estimulam e financiam premiações como a Feira de Ciências da Intel, que este ano distribuiu milhares de dólares em prêmios.
A competição entre jovens gênios também é levada a sério na Olimpíada da Matemática (USAMO - United States of America Mathematical Olympiad), competição entre estudantes do High School que é realizada há seis décadas. 


De olho em futuros talentos para suas diversas missões espaciais, a NASA promove o Projeto Aliança Robótica. Os vencedores das diversas competição são observados de perto pela agência, que seleciona os melhores projetos, que, muitas vezes, resultam em missões bem sucedidas.


A resposta positiva veio do laboratório do médico Anirban Maitra, especialista em câncer do pâncreas. Maitra trabalha há 12 anos na respeitada Universidade John Hopkins, que tem uma das melhores faculdades de medicina do mundo e investe alto no tratamento do câncer. "O projeto estava tão bem elaborado, tão bem escrito e representava uma ideia tão inovadora, que foi impossível recusá-lo", diz Maitra. "Jack é um rapaz brilhante." E esforçado. Na segunda metade de 2011, Jack começou o trabalho que duraria sete meses. O médico conta que o garoto aparecia no laboratório todos os dias, após a escola — uma viagem de 70 quilômetros. "Vinha até nos feriados e por vezes saía tarde da noite do laboratório."

Da feira de ciências para o doutorado — O teste de Jack é um projeto de feira de ciências, mas equipara-se a uma tese de doutorado. Promissora, a ideia ainda é muito jovem, e precisará passar pelo rigor e escrutínio da comunidade científica antes de chegar aos pacientes. Quando o estudo for publicado, na forma de um artigo para periódicos científicos, terá o jovem Jack como "chefe da pesquisa". "Ele já está escrevendo. Vamos enviar o artigo em breve", diz Maitra.

Jack já patenteou a técnica e começou a ser assediado por empresas que querem transformá-la em produto. Os 100.000 dólares que recebeu pela descoberta, ao vencer a feira de ciências da Intel, serão usados para financiar sua promissora carreira como patologista. "Ele já venceu outras feiras de ciência menores, sempre com projetos sensíveis às necessidades da sociedade", conta Maitra. "Sua sagacidade está sempre apontada para problemas reais da população." O médico diz que teria orgulho em tê-lo como aluno na Universidade John Hopkins, mas sabe que ele será disputado por outros gigantes da pesquisa. "Pessoas como ele construíram o Google ou a IBM", diz. "Ele tem condições de criar sua própria empresa de biotecnologia." Mas Jack ainda não pensa onde trabalhar. No primeiro ano do ensino médio, o que ele quer é disputar a próxima feira de ciências da Intel. E não perder o próximo episódio de Glee.


Jack Andraka

Diagnóstico rápido e barato

Jack Andraka
15 anos, vencedor da Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel

Como teve a ideia de desenvolver um teste para diagnosticar o câncer do pâncreas? A única forma de saber se alguém tem câncer de pâncreas é realizar exames periódicos de sangue. Desenvolvi um sensor que identifica uma proteína encontrada no sangue e na urina. Em grandes quantidades, ela indica que o indivíduo tem câncer de pâncreas, de ovário ou de pulmão. Trata-se então de um sensor genérico para esses três tipos de câncer.

Quanto tempo levou para trabalhar a ideia?
Levei dois meses para pensar em como montar o sensor, quais reagentes usar e planejar quanto tempo eu precisaria em um laboratório. Disparei 200 e-mails para instituições como o Instituto Nacional de Saúde e fui rejeitado 197 vezes. Duas mensagens nunca chegaram. Finalmente fui aceito pelo Dr. Maitra, na Universidade John Hopkins.

Você já está trabalhando em outro projeto?
No momento estou me esforçando para comercializar o novo sensor. Várias empresas já entraram em contato comigo, e registrei um pedido de patente, que aguarda aprovação.

Como o sensor funciona?
Trata-se de uma pequena tira de papel com reagentes. O melhor método diagnóstico para o câncer de pâncreas requer três sensores e leva horas. Meu teste não precisa de treinamento nem equipamento especial. Uma gota de sangue basta para seis tipos de testes diferentes em cinco minutos. Além disso, ele pode ser aplicado em outras formas de câncer, monitorar medicamentos e ser adaptado para detectar outras doenças infecciosas, como salmonela, E. coli, rotavírus, aids, e doenças sexualmente transmissíveis. A ideia é fazer o teste realmente simples, para que todos os pacientes possam realizar uma vez por semana, a um custo de três centavos de dólar por teste, de modo que o plano de saúde possa cobrir.

Você se considera à frente da sua geração?
Eu me considero à frente da minha geração, mas acho que a inteligência natural é superestimada pelas pessoas. Não acho isso seja o fator principal. O mais importante é o quanto cada um se dedica àquilo que gosta de fazer.

O que espera conquistar nos próximos 15 anos da sua vida?
Espero poder continuar minha pesquisa. Quero ser um patologista e talvez funde a minha própria empresa de biotecnologia. Mas ainda tenho muito tempo para pensar nisso, certo?

O que você diria para jovens que desejam começar uma carreira de cientista?
O mais importante é encontrar aquilo que te apaixona. Todo mundo tem a chance de se tornar um grande cientista. É apenas uma questão de encontrar sua paixão e fazer as perguntas certas. Se isso acontecer, continue fazendo as perguntas, deixe a curiosidade fluir e trabalhe duro. Sempre valerá a pena.


  SUGESTÃO DE  LEITURA: "O PODER CORROMPE"- de D.  Odílo Scherer ( cardeal  arcebispo de S.  Paulo) http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2012/08/o-poder-corrompe-dom-odilo-p-scherer.html
 Leia crônicas do  Prof. Cláudio  Silva em  : 

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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Vença com a Auto-Disciplina

Recebí  essa  mensagem de  uma  ex-aluna e achei  interessante  dividi-la  com os  amigos com os  quais compartilhamos  informações e ensinamentos através do  Blog. 
O  nosso desejo é  que ela possa  contribuir  para o  seu  crescimento.


 A auto-disciplina pode ser considerada um tipo de treinamento específico,
criando-se novos hábitos de pensamento, ação e linguagem para o
auto-aperfeiçoamento e para ajudar a obter suas metas.
A auto-disciplina pode também ser alcançada através de pequenas tarefas
específicas.
Encare a auto-disciplina como um esforço positivo e não como negativo (de
deixar para lá.

Planeje uma pequena tarefa para um certa hora do dia;

Discipline o seu tempo.

      Planeje uma determinada tarefa para a parte da manhã e outra para a
      parte da tarde.
      A tarefa não deve levar mais que 15 minutos.
      Aguarde a hora determinada para a tarefa.
      Quando a hora determinada chegar , inicie a tarefa.
      Mantenha o planejamento por pelo menos 2 semanas.
  

  Benefícios: O Planejamento ajuda você a se concentrar em suas
    prioridades.
 
    Concentrando mais em iniciar suas tarefas do que em completá-las, você
    poderá evitar a procastinação.
      Planeje uma tarefa e siga à risca seu horário;
      Evite agir por impulsos.
      Monitore seu progresso;
      No final do tempo alocado, mantenha um registro das realizações
      obtidas ao longo do tempo.
  

  Benefício: Mantendo um registro, vai ajudá-lo a saber quanto tempo leva
    cada tarefa.
 
      Se você conseguir tempo de sobra, preencha-o com outras pequenas
      tarefas, faça anotações, planeje outras tarefas, etc.

Use a rotina para seu benefício.

      Em vez de se dedicar muitas horas em um dia e nenhuma no outro e
      algumas no seguinte e assim por diante, determine um certo período de
      tempo em cada dia da semana para aquela tarefa.
      Seja firme.
      Não fixe uma meta exceto pela alocação de tempo,
      Simplesmente estabeleça o hábito da rotina.
      Aplicando esta técnica em seus trabalhos de escola ou em seus
      projetos, você estará no caminho certo para a execução e conclusão
      dos seus objetivos.
 

  Benefício: Você estará trabalhando com tarefas em pequenos incrementos,
    não tudo de uma vez. Primeiro você desenvolve um hábito, depois o
    hábito faz o serviço para você.


Use a auto-disciplina para lidar com o gerenciamento do tempo

O gerenciamento do tempo pode se tornar uma tarefa complicada.

Quando você não tem controle sobre si mesmo, como pode controlar seu tempo?
Comece se controlando através da auto-disciplina com o estabelecimento de
tarefas.
 

   Benefício: Ao passo que você controla suas tarefas, você desenvolve sua
    auto-disciplina.

    Ao passo que desenvolve sua auto-disciplina, você começa a gerenciar
    seu tempo.
    Ao passo que começa a gerenciar seu tempo, você desenvolve
    auto-confiança.

Mantenha um Diário da Auto-Disciplina.

      Registre o início e término das tarefas.
      Faça uma análise do seu progresso já obtido.
 

   Benefício: Este Diário pode ser uma ferramenta útil para você ter uma
    idéia global das suas atividades a fim de colocá-las em ordem de
    prioridade e também para entender o que é importante e o que não é na
    utilização do seu tempo.


Planeje seu dia de trabalho e de seus estudos.
      Quando você vai começar seu trabalho ou esteja indo para ele, tome
      alguns minutos do seu tempo e escreva em uma folha ou pedaço de papel
      as tarefas que você quer realizar naquele dia.
      Coloque-as em ordem de prioridade.
      Comece imediatamente a trabalhar no item mais importante.
      Faça desta maneira durante alguns dias para ver se este hábito
      funciona para você.
      Os hábitos se formam com o tempo: quanto de tempo vai depender de
      você e do hábito.
    

Benefício: Quando você tiver uma idéia clara do que você quer realizar
    para o dia que se inicia, as chances serão grandes de que você será
    capaz de executar as tarefas proativamente. Passando para o papel e
    esboçando seu dia antecipadamente ajuda muito.


Desânimo:
      Não desanime; não adie as coisas devido ao tamanho do desafio.
      Mas se hesitar, lembre-se de que isto é natural.
      Dê uma descansada para se revigorar contra o desafio.

Dicas:

Associce um hábito novo com um velho:

Se você bebe café, associe a primeira xícara com a hora ou momento para
detalhar e priorizar suas tarefas.
    

Benefício: A associação ajuda nas conecções neurais!

Verifique o andamento e progresso das atividades:

Em um calendário no seu banheiro, em uma planilha no seu computador ou
mesmo sobre a mesa do café da manhã:
Verifique e dê baixa nos dias em que você conseguiu fazer todas as
atividades programadas. Se você falhou na rotina, comece de novo!
    

Benefício: A visualização é um rápido reforço e estímulo para seu
    progresso
.

Modelos de Exemplo:
Observe as pessoas da sua convivência e veja como a auto-disciplina e os
hábitos as ajudam na realização de suas metas.
Peça conselhos a elas sobre o que realmente funciona e o que não funciona

SUGESTÃO DE  LEITURA: "O PODER CORROMPE"- de D.  Odílo Scherer ( cardeal  arcebispo de S.  Paulo) http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2012/08/o-poder-corrompe-dom-odilo-p-scherer.html

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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

"O MIT pode trazer uma nova visão para o ensino brasileiro", diz reitor do ITA (OLHAR DIGITAL)


Instituição norte-americana de pesquisa em tecnologia anunciou cooperação com universidade brasileira 21 de Agosto de 2012

Rafael Cabral

Na semana passada, o governo federal anunciou a chegada oficial do Massachusetts Institute of Technology (MIT), a principal instituição acadêmica de inovação tecnológica no mundo, ao Brasil. A universidade participará de pesquisas na cidade de São José dos Campos em parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e instalará um centro independente em Campinas. Ao contrário do que muitos pensaram, o MIT não abrirá uma filial, e sim tornará mais profunda a sua cooperação com as instituições de ensino e com o próprio governo brasileiro.

A universidade norte-americana enviará parte dos seus professores para aulas especiais em cursos daqui e concederá mais vagas aos estudantes brasileiros que desejam cumprir uma parte da sua formação nos Estados Unidos. Como parte da iniciativa, o MIT firmou um contrato com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para a distribuição de até R$ 2 milhões em bolsas para doutorados-sanduíche (uma parte aqui e outra lá) ou pós-doutorados que focam em áreas prioritárias, como biotecnologia, computação e estudos com novos materiais.

Além disso, a instituição também trabalhará em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) na instalação de uma rede de centros de inovação no país, em um plano ainda por ser detalhado.

Para entender melhor como funcionará a chegada do MIT ao Brasil e o acordo com centros de pesquisa brasileiros, o Olhar Digital conversou com o reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Carlos Américo Pacheco (foto), e descobriu que a parceria focará em "projetos de longo prazo e longo alcance, com impacto mundial". Confira o papo completo abaixo:

Reprodução

No que consistirá a parceria entre o MIT e o ITA e quando ela começará?

A parceria começará em 2013. Até o fim de outubro, já teremos recebido a proposta técnica do MIT para a cooperação e no fim do ano definiremos um cronograma. Trata-se de um projeto de longo prazo, no qual pretendemos trabalhar nos próximos cinco anos. No momento, estamos na fase zero, ainda definindo as pesquisas prioritárias para as duas instituições e as parcerias que nos ajudarão a realizá-las. O acordo firmado entre o ITA e o  MIT envolve o intercâmbio acadêmico de estudantes, professores visitantes e a definição de linhas de pesquisa conjuntas.

O MIT é provavelmente o principal órgão acadêmico de pesquisa tecnológica do mundo. A instituição pode trazer uma nova metodologia para o ensino superior brasileiro?

Acredito que sim, mas a parceria não consistirá apenas na importação de conceitos do MIT e sim de um intercâmbio com o nosso sistema, reconhecidamente um dos melhores do país. Com o MIT, queremos trabalhar na renovação e na reestruturação da forma como ensinamos engenharia no Brasil, principalmente aqui em São José dos Campos. Eles nos ajudarão a  formar melhores engenheiros. Pretendemos atualizar o nosso currículo adotando algumas táticas comuns do MIT: foco maior na solução de problemas, trabalho em equipe e estimulo à inovação.

Quais são as áreas prioritárias para a pesquisa conjunta?

Queremos focar em áreas que sejam realmente transformadoras, que possam trazer grandes inovações tecnológicas para o contexto brasileiro e mundial. Ainda não definimos ao certo quais as áreas prioritárias, mas estamos estudando cerca de 30 temas diferentes. Alguns setores – novos materiais, software e tecnologias aeronáuticas, por exemplo – certamente estarão presentes, mas o resto vai depender dos nossos interesses, dos interesses do MIT e do impacto e relevância dos estudos.

Qual a sua opinião sobres os incentivos recentemente anunciados pelo governo federal para a área de tecnologia?

Acho muito positivo. Estamos começando a ver uma maior convergência entre os interesses do setor público e privado, o que é muito positivo. No momento temos um problema no Brasil, que é manter o nível da atividade econômica e evitar que a crise internacional tenha um maior impacto por aqui, por isso estamos tendo dificuldade de investir em projetos de longo prazo. Temos que pensar não apenas em crescer, mas como vamos crescer. Que vamos crescer é certo, basta pensar no pré-sal ou mesmo no aumento do consumo doméstico para notar que temos estimativas bem razoáveis se comparadas com o resto do mundo. No entanto, precisamos investir mais para criarmos uma produtividade maior, principalmente nas áreas estratégicas de inovação e tecnologia. Podemos gerar melhores oportunidades de emprego, agregar valora o que já fazemos e crescer com mais direcionamento.

FONTE: http://olhardigital.uol.com.br/negocios/digital_news/noticias/mit-mit-mit-mit

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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Poder Corrompe? ( DOM ODILO P. SCHERER, cardeal-arcebispo de São Paulo )

O poder corrompe?
DOM ODILO P. SCHERER, cardeal-arcebispo de São Paulo 
 
Jornal O  ESTADO DE  S. PAULO
Sábado, 11 de Agosto de 2012
 
 
Em Brasília, o Supremo Tribunal Federal começou a julgar o caso do chamado "mensalão", a respeito do qual o povo brasileiro vem ouvindo falar há vários anos. Investigações feitas, o processo contra os envolvidos chegou até a Suprema Corte, com uma acusação formal de corrupção nos altos escalões do poder político nacional, formação de quadrilha, desvio de recursos públicos, enriquecimento ilícito e evasão de divisas... Em linguagem comum, isso equivaleria a vários tipos sofisticados de roubo.

Cabe agora à Suprema Corte julgar e pronunciar o veredicto. A tarefa é imensa, os interesses em jogo são os mais diversos, as tensões são exasperadoras. Será que, desta vez, ao menos uma parte do Brasil vai ser passada a limpo?

Ficamos todos a esperar que, no final desse julgamento, a verdade se afirme, a justiça seja cumprida e as instituições democráticas dos três Poderes da República saiam preservadas e fortalecidas em sua credibilidade. Não leva bem ao convívio democrático, nem ao progresso social e econômico, a suspeita permanente de que os Poderes são corruptos e a justiça é apenas uma encenação, deixando prosperar impunemente a desonestidade.

O caso do mensalão, como não podia deixar de ser, expõe uma mazela moral, que também pode estar presente nos vários níveis de gestão do poder, quer no âmbito público, quer nos espaços das organizações sociais. A sabedoria popular diz que o poder corrompe. Se a afirmação peremptória merece reservas, ela não deixa de apontar para uma constatação frequente: o exercício do poder está fortemente exposto à tentação da desonestidade e da corrupção, ativa ou passiva.

Não é inevitável que o poder corrompa, mas é certo que nos organismos e nas instituições idôneos ele tem a finalidade intrínseca de promover o que é bom e de servir à causa boa. Seriam ilegítimas e criminosas as organizações que investissem de poder um chefe para promover o que é desonesto e mau. O poder é um serviço ao bem comum. Mas para que isso ocorra é necessário que as pessoas investidas de poder sejam honestas, vigilantes e de caráter firme, para não se deixarem corromper, nem promoverem a corrupção. E as instâncias de controle do poder precisam funcionar, não sendo subservientes nem coniventes. A maior e mais importante dessas instâncias de controle é a própria sociedade civil, nas suas mais variadas expressões e organizações.

Corrupção e desonestidade, porém, não rondam apenas os escalões mais elevados do poder: a tentação pode estar presente igualmente nos níveis mais próximos do cidadão comum. Quando a pessoa investida de poder é desonesta e corrupta, o cidadão se vê desprotegido, violentado e lesado nos seus direitos, ameaçado por quem o deveria proteger. Pode, então, vir a tentação de seguir pela mesma via, acreditando que a honestidade não compensa e que, de todo jeito, os prepotentes e desonestos levam sempre a melhor. O mau exemplo das autoridades é corrosivo e induz à corrupção.

Também na vida privada, no trato de pessoa a pessoa e nas relações sociais, não se está livre da tentação da desonestidade e da corrupção. Cada dia estamos a lamentar nas comunidades locais casos de trapaças, injustiças e roubos, nas formas mais diversas, até com violência e assassinatos. E se reage de modo mais ou menos resignado: o que se vai fazer?! E se compram armas, instalam-se alarmes e sistemas de vigilância, cercas eletrizadas, muros altos, bem sabendo que, no fim das contas, todo esse aparato pode ser inútil, pois o ladrão, quando quer, sabe como chega lá...

A corrupção, antes de ser um ato praticado, é um fato na pessoa, uma deterioração da consciência moral. Esta aponta, normalmente, para o bem e previne contra o mal, mas pode ser desatendida mediante escolhas livres e decisões do sujeito. Motivos frequentes são a ambição, a busca do poder e da vantagem a todo custo, cujo atrativo pode sobrepor-se aos ditames da verdade e do bem. Silenciada a consciência, também se enfraquece o caráter e aparecem os comportamentos corruptos, que podem ir muito além da gestão do bem público. A desonestidade pode tornar-se um vício, quase uma compulsão. Corrupção indica deterioração e, em português mais claro, podridão. A corrupção da consciência moral e do caráter é a causa das ações e dos comportamentos corruptos.

Contra a deterioração dos alimentos e de outros bens preciosos se tomam os devidos cuidados. Existe algum remédio contra a corrupção da consciência e a desonestidade? Leis mais duras e penas mais severas? Mais cadeias? Mais poder para a polícia? Estamos diante da questão realmente crucial: é necessário formar a consciência ética das pessoas por meio da educação em todos os níveis, do berço até o leito de morte! E essa educação não pode prescindir de valores referenciais para o comportamento; menos ainda, do bom exemplo dos cidadãos probos e dignos. Sem o ditame da lei moral, que soa como um absoluto inquestionável, fortemente gravado na consciência pessoal e coletiva, todas as leis escritas serão insuficientes e até ineficazes para resistir à tentação da desonestidade e da corrupção.

Se existe uma cultura da corrupção, tanto mais é preciso fomentar a cultura da honestidade e da retidão, na qual a malandragem e os desvios de caráter não sejam premiados, nem os malfeitores passem por "espertos" e heróis, tampouco seja passada a ideia de que a corrupção compensa. A lógica maquiavélica de que os fins justificam os meios precisa ser claramente desaprovada, não apenas no exercício da política, mas também nas relações sociais e na vida pessoal. E a "lei da vantagem", se vale na partida de futebol, não pode ser aplicada ao campo comportamental.

São raciocínios corruptores, cujos males podem ser facilmente percebidos.
 
 Fonte: http://m.estadao.com.br/noticias/impresso,o-poder--corrompe-,914904.htm
 
 Leia crônicas do  Prof. Cláudio  Silva em  : 
  http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2011/10/cronicas-sobre-educacao-do-prof-claudio.html 


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domingo, 12 de agosto de 2012

DO POETA FERREIRA GULLAR ( FOLHA DE S.PAULO )

Só o chefe não sabia

Folha  de  S.Paulo
Falando francamente, qual é a imagem que se tem de Lula? Melhor dizendo, se alguém lhe pedisse uma definição do nosso ex-presidente da República, qual daria? Diria que se trata de uma pessoa desligada, pouco objetiva, que mal repara no que se passa à sua volta? Estou certo de que não diria isso, nem você nem muito menos quem privou ou priva com ele.
Ao contrário de alguém desligado, que entrega aos outros a função de informar-se e decidir por ele, Lula sempre se caracterizou por querer estar a par de tudo o que acontece à sua volta e, muito mais ainda, quando se trata de questões ligadas a seu partido e à realidade política em geral.
As pessoas que o conheceram no começo de sua vida política, como os que lidaram com ele depois, são unânimes em defini-lo como uma pessoa sagaz, atenta e sempre interessada em tudo saber do que se passava na área política e, particularmente, o que dizia respeito às disputas, providências e articulações que ocorriam dentro do seu partido e no plano político de um modo geral.
Isso já antes de sua chegada ao poder. Imagine você como passou a agir depois que se tornou presidente da República. Se hoje mesmo, quando já não ocupa nenhum cargo no governo nem no partido, faz questão de saber de tudo e opinar sobre tudo, acreditaria você que, no governo, deixava o barco correr solto, sem tomar conhecimento do que ocorria? Isto é, sabia de tudo menos do mensalão?
Veja bem, hoje mesmo, alguma coisa se faz na Câmara dos Deputados ou no Senado sem o conhecimento da Dilma? Os repórteres, os comentaristas políticos estão diariamente a nos informar do controle que o Planalto exerce sobre o Parlamento.
A cada problema que surge, a cada decisão importante, Dilma convoca os líderes da base parlamentar para dizer a eles como devem agir, como devem votar, que decisões tomar. Isso Dilma, hoje. Imagine o Lula, quando presidente, mega como sempre foi, mandão por natureza. Sem dúvida que estava a par de tudo e em tudo interferia, por meio de seus paus-mandados. Dá para acreditar, então, que ele só não sabia do mensalão, nem sequer ouvira falar? Claro que você não acredita nisso, nem eu.
É evidente que Lula não podia ignorar o mensalão porque não se tratava de uma questão secundária de seu governo. Longe disso, o mensalão foi o procedimento encontrado para, com dinheiro público, às vezes, e com o uso da máquina pública, noutras vezes, comprar o apoio de partidos e os votos de seus representantes no Congresso.
Não se tratava, portanto, de uma iniciativa secundária, tomada por figuras subalternas, sem o conhecimento do chefe do governo. Nada disso. Tratava-se, pelo contrário, de um procedimento de importância decisiva para a aprovação, pelo Congresso, de medidas vitais ao funcionamento do governo. Portanto, Lula não apenas sabia do mensalão como contava com o apoio dos mensaleiros para governar.
Certamente, o leitor perguntará: por que Lula, esperto como é, arriscou-se tanto? Pela simples razão de que não desejava dividir o poder com nenhum partido forte, capaz de lhe impor condições. Como é próprio de seu caráter e de seu partido, só admitia aliança com quem não lhe ameaçasse a hegemonia.
Não estou inventando nada. Todo mundo leu nos jornais, logo após a vitória nas eleições presidenciais, que José Dirceu articulava a aliança do novo governo com o PMDB.
Só que Lula não aceitou e, em seu lugar, buscou o apoio dos pequenos partidos, aos quais não teria que entregar ministérios e altos cargos nas estatais. Em vez disso, os compraria com dinheiro. E foi o que fez, até que, inconformado, Roberto Jefferson pôs a boca no mundo.
Lula, apavorado, advertiu os seus comparsas para que assumissem a culpa, pois, se ele, Lula, caísse, todos estariam perdidos. E assim foi para a televisão, disse que havia sido traído e se safou.
Bem mais tarde, com a cara de pau que o caracteriza, afirmou que nunca houve mensalão mas, ainda assim, tentou chantagear um ministro do Supremo. Afinal, por tudo isso, recebeu o título de doutor honoris causa! Merecidíssimo, claro!
Ferreira Gullar
Ferreira Gullar é cronista, crítico de arte e poeta. Escreve aos domingos na versão impressa de "Ilustrada".

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/1135559-so-o-chefe-nao-sabia.shtml

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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Alfabetização: MEC precisa definir parâmetros

Apesar de pacto nacional, educação de alunos de até 8 anos precisa ser detalhada

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Professora Luciana dá aula
Foto: Agência O Globo / Eliária Andrade
Professora Luciana dá aula Agência O Globo / Eliária Andrade
SÃO PAULO - Um mês após ter sido criado pelo Ministério da Educação, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa já recebeu a adesão de 19 estados e 3.300 municípios brasileiros. O programa prevê que os governos assumam o compromisso de alfabetizar as crianças até os 8 anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental (antiga 2ª série). Especialistas, porém, afirmam que falta definir melhor o nível de conhecimento esperado dos alunos em cada um dos três primeiros anos do ensino fundamental. E temem que, sem esta definição, alunos de escolas públicas sejam prejudicados.


Tabulações feitas pelo GLOBO nos dados do Censo do IBGE mostram que, entre as crianças mais ricas, de famílias com renda per capita superior a R$ 1.020, a imensa maioria (83%) já está alfabetizada aos 6 anos. Entre as mais pobres (renda per capita inferior a R$ 128), são menos da metade (42%). Aos 10 anos, o analfabetismo entre as mais ricas é residual (1%), mas ainda é significativo entre as mais pobres, chegando a 14%. No total da população dessa idade, o analfabetismo atinge 6%.

De acordo com o ex-secretário executivo do MEC e presidente da organização não governamental Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, crianças de 6 anos já são capazes de entender o código alfabético e compreender como as letras transcrevem os sons da língua. Mas, para ele, o MEC precisa definir melhor o que entende como alfabetização, e isto não está explicitado no texto do pacto:
— Alfabetizar é aprender como funciona o alfabeto. Não são necessários mais que alguns meses para aprender isso. Nas escolas particulares, a alfabetização ocorre aos 6 anos. O MEC não define o que é alfabetizar.

Compreensão de texto e matemática
A professora do Programa de Pós-graduação em Distúrbios de Desenvolvimento da Universidade Mackenzie Alessandra Seabra teme que os professores responsáveis por alfabetizar as crianças fiquem perdidos sobre o que se espera dos alunos de 8 anos.

— Os professores podem pensar que apenas para dominar o código alfabético as crianças podem levar três anos. Ou seja, o professor pode ficar três anos fazendo o que poderia fazer em um ano — afirma.
O secretário de Educação Básica do MEC, Antônio César Callegari, concorda que é possível fazer com que os alunos, aos 6 anos, sejam capazes de compreender o código alfabético. Mas diz que o objetivo do ministério é que, aos 8 anos, eles saibam mais do que isso, que consigam entender e construir textos e resolver questões matemáticas.

De acordo com Callegari, as definições sobre o que se espera das crianças em cada etapa dos três primeiros anos do ensino fundamental em relação à alfabetização estarão expressas de forma clara em um programa, que está sendo finalizado pelo governo, de formação continuada para os 315 mil professores alfabetizadores.

— Esse programa de formação continuada dos 315 mil professores alfabetizadores no Brasil contém os objetivos e direitos de aprendizagem durante o ciclo de alfabetização, esclarecendo quais são as habilidades, os conteúdos e direitos que qualquer criança tem que ter concretizado durante o ciclo de alfabetização. Estamos organizando quais são os objetivos intermediários ao final de cada uma das etapas dos três primeiros anos do ensino fundamental — afirma Callegari.

Assim como o MEC, a ONG Todos pela Educação tem como meta lutar para que todas as crianças estejam plenamente alfabetizadas aos 8 anos, sejam capazes de interpretar um texto, compreender o contexto dele e tenham noções mínimas de matemática. Exame aplicado pela ONG em 2011 em escolas públicas e privadas concluiu que apenas 56% das crianças que terminaram o 3º ano do ensino fundamental compreenderam o que era esperado em leitura; e 43%, em matemática.

— Se a criança não consolida a alfabetização na idade certa, ela compromete o seu desempenho nos anos seguintes — afirma a coordenadora-geral da ONG, Andrea Bergamaschi.

Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undimes), Cleuza Repulho lembra que cada criança tem um ritmo próprio e diz que apressar a escolaridade, fazendo com que os alunos pulem etapas, não é aconselhável.

— Uma criança pode ser alfabetizada antes (dos 8 anos), mas não queremos forçá-la a ter o mesmo ritmo. O aluno pode até entender o código alfabético aos 5 anos, mas o que não pode é ultrapassar os 8 anos sem estar alfabetizado — afirma Cleuza.

Preparo de professor é criticado
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa prevê que sejam feitas três avaliações para analisar se os estudantes sabem de fato ler e escrever: no início e no final do 2º ano do ensino fundamental, além de uma no final do 3º ano. E estão previstos ainda a formação continuada de professores alfabetizadores e o apoio do MEC com material didático.

A maneira como as universidades e os cursos preparam os professores que vão ensinar as crianças a ler e escrever é alvo de críticas de especialistas.

— A formação de professores está muito distante do que é necessário. Tem muito professor que chega com um conteúdo grande em sala, mas não sabe como gerir uma sala de aula, não está preparado para a prática — afirma Andrea Bergamaschi.

Leia crônicas do  Prof. Cláudio  Silva em  : 
  http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2011/10/cronicas-sobre-educacao-do-prof-claudio.html 


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