sábado, 9 de junho de 2012

PERDI MEU TEMPO?


                                                                                *Por  Cláudio  Silva

Já ouvi esta expressão de pais se referindo à educação dos filhos. Estou lendo a biografia de Stevie Jobs, de Walter Isaacson - presente de aniversário do casal de amigos Professores Valmir Xavier e Leyla Pryjma. E recentemente pude assistir ao filme A Dama de Ferro, no qual Mery Streep recebeu o Oscar 2012 de melhor atriz, pela magistral interpretação da primeira ministra inglesa Margareth Thatcher. Um fato em comum é perceptível nas duas obras: a forte influência da figura paterna no destino dos dois personagens.

Algumas particularidades são realçadas nas duas histórias. No caso de Jobs, este papel foi desempenhado por Paul, seu pai adotivo. A relação entre os dois nunca foi totalmente amistosa, face à rebeldia e ao gênio forte do criador da Apple. Mas é perceptível, que sempre, cessados os rompantes, ele acabava valorizando o pai e o seu trabalho. Um técnico, cuja atividade de reforma de carros exerce em Stevie um fascínio especial, por lidar com design e peças de eletrônica, dois elementos que o atraem e fascinam, e que marcarão futuramente sua trajetória considerada genial no campo da tecnologia avançada. Dois fatos serão recorrentes em sua biografia, palavras e atitudes de incentivo por parte do pai ao longo de sua vida. Às vezes, representando sacrifícios familiares, como quando o jovem, teimosamente, insiste em matricular-se em uma universidade paga, e de preço fora do alcance das condições financeiras da família, preterindo opções mais acessíveis.

No caso de Thatcher, a relação com o pai foi sempre terna e carinhosa. Filha de um modesto  quitandeiro, esforça-se por ajudá-lo trabalhando duro no estabelecimento, mesmo  sob sacrifícios de oportunidades de  lazer. Sofre zombarias e humilhações de colegas de famílias de mais recursos.  O pai a orienta e incentiva quanto ao valor do caráter, da dedicação ao trabalho e aos estudos. É particularmente tocante a cena de sua explosão de alegria ao receber a carta de aprovação para cursar a prestigiosa Harvard. O pai emocionado celebra com ela tão importante conquista que irá marcar sua vida. Pelo contrário, fica o registro de aparente frieza e insensibilidade por parte da mãe. Futuramente, Thatcher irá relembrar um dos marcantes ensinamentos recebidos do pai: “Cuidado com os seus pensamentos, pois eles se tornam palavras; Cuidado com suas palavras, pois elas se tornam ações; Cuidado com suas ações, pois elas se tornam hábitos; Cuidados com seus hábitos, pois eles se tornam o seu caráter; E cuidado com o seu caráter, pois ele se torna o seu destino. O que nós pensamos, nós nos tornamos!”.

Depreendem-se das duas biografias, que independente das realidades familiares, a presença, apoio e incentivo dos pais são elementos fundamentais no processo de formação da personalidade e do caráter. Os dois personagens tiveram a felicidade de contar em suas trajetórias com o melhor dos professores. Quem são eles?  Em outra crônica, denominei-os “Professor Exemplo”. Se não se tiver a felicidade de poder contar com a força conjunta de pai e mãe, que se conte pelo menos com um dos dois, ou de algum adulto significativo.

Das duas histórias podem-se inferir lições importantes: “perder tempo” com os filhos, acompanhá-los em assuntos de seus interesses, sobretudo na escola, o que por vezes poderá impor sacrifícios de momentos de descanso e lazer. Vivenciar, sempre que possível, coletivamente em família. Ser sensível, ouvir o filho com atenção, valorizar e incentivar suas áreas de interesse, pois ali pode estar brotando uma grande vocação. Orientar, cobrar e, se necessário, exigir, principalmente quando envolver questões de limites. Vale a máxima atribuída a Ernesto Che Guevara: “Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás”. Mas acima de tudo, procurar ser modelo a ser seguido, isto, para o filho, será definitivamente o marco para a vida.
E, num futuro, perceberemos que o nosso tempo jamais foi perdido!

Um abraço!
 
*Cláudio Silva é mestre em Educação, atual Secretário Especial de Ensino Superior de Apucarana (Pr), ex Secretário Municipal  de  Educação,  e ex- Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR.                                                                                                                       
Ficha Técnica:
Estrutura: Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva (acadêmica de jornalismo)
Revisão: Prof.ª Doutoranda Leila Cleuri Pryjma

Mais crônicas do  Prof. Cláudio  Silva : http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2011/10/cronicas-sobre-educacao-do-prof-claudio.html

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2 comentários:

Cláudia Yaisa disse...

Parabéns pelo artigo, muito pertinente a reflexão da figura parental na vida dos filhos.

Unknown disse...

Muito bom pai! Com toda certeza, vocês são nossos " Professores exemplos".
Cláudia Layla