Laurence Bittencourt - Jornalista
A literatura pode não salvar, mas aponta o caminho. Minha relação com a literatura sempre foi dessa ordem. Sempre. E penso mesmo que os grandes autores (sempre me vem à mente, de imediato, Marcel Proust e Dostoievski) de alguma forma, demostram e mostram esse caminho. Viver pode ser perigoso como disse certa vez o nosso Guimarães Rosa em um de seus romances mais geniais, e eu acrescentaria viver não é fácil. Nunca foi. Mas há saídas, e a literatura sem dúvida pode ser uma delas. Sem mistificação.
E quando falo saída, não me refiro apenas ao ponto de vista do criador, do artista que encontra um caminho no ato de criar. Não. Refiro-me também ao leitor, ao ato de entrar em contato com um texto, de dialogar com o texto, de aprender com o texto, de responder ao texto e ao seu autor. Ninguém escreve para ser engavetado. Escrever é uma forma de se sentir vivo, e mais, escrevemos para nos mostrar, não no sentido puramente narcísico, e sim, no sentido de promover comunicação, de fazer barreira ao insuportável.
Nunca me esqueci da frase de um dos gigantes da literatura mundial, Jean Genet que revelou certa vez em uma entrevista: por escrever não me tornei um homicida. A literatura e a arte podem não salvar, mas apontam o caminho. Não é à toa que nos primórdios o homem deixou sua marca nos desenhos das cavernas. Quem foi aquele esteta? Quem foi o primeiro esteta? Que necessidade foi aquela de deixar registrado nas paredes das cavernas mais profundas uma arte, um desenho, uma figura? Como diria Freud, o que se chama de civilização passa inevitavelmente pela criação artística. Por consequência podemos dizer que o que não contribui para a civilização tem sua visada no repúdio a arte.
Não é à toa que um dos sintomas e indícios mais fortes do que viria a ser o nazismo e sua barbárie se estampou e hoje pode ser compreendido pelo relacionamento que o Terceiro Reich teve para com a chamada arte moderna. Hitler e seus asseclas encontraram na arte moderna um caminho de desorientação moral e cultural para os jovens, e com isso promoveram o expurgo dessa mesma arte. Para o ditador nazista a arte moderna era degenerada. Não era obviamente. O degenerado era o próprio Hitler. E talvez A metamorfose de Kafka, judeu, exprima e antecipe como nenhuma outra obra de arte o ambiente irrespirável que viria ser o Estado policial totalitário alemão durante a segunda guerra mundial.
E a capacidade do artista através da sua criação, muitas vezes, é expor ou trazer a tona aquilo que quer ficar encoberto sob experiências prosaicas e difusas. O artista é o mestre do desvelamento. Todo grande artista é sempre um Sherlock Holmes com seu olhar arguto e penetrante a desvendar os mistérios do ser. A arte pode não salvar, mas aponta o caminho. Ou, no dizer do grande Marcel Proust (sempre me lembro do poeta Gilberto Avelino), metaforizando o ato de escrever e o texto escrito através do mar ou como uma luz que depois de acesa não pára mais de brilhar. Com a palavra o próprio Proust: "O mar sempre fascinará aqueles em quem o desgosto da vida e a atração exercida pelo mistério precederam as primeiras tristezas. O mar tem o encanto das coisas que não se calam durante a noite, e estas são para a nossa vida inquieta uma permissão para dormir, a promessa de que nada vai desaparecer, como a lâmpada do abajur das crianças, que se sentem menos sós quando ela brilha".
A literatura pode não salvar, mas aponta o caminho. Minha relação com a literatura sempre foi dessa ordem. Sempre. E penso mesmo que os grandes autores (sempre me vem à mente, de imediato, Marcel Proust e Dostoievski) de alguma forma, demostram e mostram esse caminho. Viver pode ser perigoso como disse certa vez o nosso Guimarães Rosa em um de seus romances mais geniais, e eu acrescentaria viver não é fácil. Nunca foi. Mas há saídas, e a literatura sem dúvida pode ser uma delas. Sem mistificação.
E quando falo saída, não me refiro apenas ao ponto de vista do criador, do artista que encontra um caminho no ato de criar. Não. Refiro-me também ao leitor, ao ato de entrar em contato com um texto, de dialogar com o texto, de aprender com o texto, de responder ao texto e ao seu autor. Ninguém escreve para ser engavetado. Escrever é uma forma de se sentir vivo, e mais, escrevemos para nos mostrar, não no sentido puramente narcísico, e sim, no sentido de promover comunicação, de fazer barreira ao insuportável.
Nunca me esqueci da frase de um dos gigantes da literatura mundial, Jean Genet que revelou certa vez em uma entrevista: por escrever não me tornei um homicida. A literatura e a arte podem não salvar, mas apontam o caminho. Não é à toa que nos primórdios o homem deixou sua marca nos desenhos das cavernas. Quem foi aquele esteta? Quem foi o primeiro esteta? Que necessidade foi aquela de deixar registrado nas paredes das cavernas mais profundas uma arte, um desenho, uma figura? Como diria Freud, o que se chama de civilização passa inevitavelmente pela criação artística. Por consequência podemos dizer que o que não contribui para a civilização tem sua visada no repúdio a arte.
Não é à toa que um dos sintomas e indícios mais fortes do que viria a ser o nazismo e sua barbárie se estampou e hoje pode ser compreendido pelo relacionamento que o Terceiro Reich teve para com a chamada arte moderna. Hitler e seus asseclas encontraram na arte moderna um caminho de desorientação moral e cultural para os jovens, e com isso promoveram o expurgo dessa mesma arte. Para o ditador nazista a arte moderna era degenerada. Não era obviamente. O degenerado era o próprio Hitler. E talvez A metamorfose de Kafka, judeu, exprima e antecipe como nenhuma outra obra de arte o ambiente irrespirável que viria ser o Estado policial totalitário alemão durante a segunda guerra mundial.
E a capacidade do artista através da sua criação, muitas vezes, é expor ou trazer a tona aquilo que quer ficar encoberto sob experiências prosaicas e difusas. O artista é o mestre do desvelamento. Todo grande artista é sempre um Sherlock Holmes com seu olhar arguto e penetrante a desvendar os mistérios do ser. A arte pode não salvar, mas aponta o caminho. Ou, no dizer do grande Marcel Proust (sempre me lembro do poeta Gilberto Avelino), metaforizando o ato de escrever e o texto escrito através do mar ou como uma luz que depois de acesa não pára mais de brilhar. Com a palavra o próprio Proust: "O mar sempre fascinará aqueles em quem o desgosto da vida e a atração exercida pelo mistério precederam as primeiras tristezas. O mar tem o encanto das coisas que não se calam durante a noite, e estas são para a nossa vida inquieta uma permissão para dormir, a promessa de que nada vai desaparecer, como a lâmpada do abajur das crianças, que se sentem menos sós quando ela brilha".
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FONTE: http://tribunadonorte.com.br/noticia/viver-de-literatura-e-viver-a-literatura/201390
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a nova crônica do Prof. Cláudio Silva: "PODERIA
TER OCORRIDO COM O SEU FILHO!"- a tragédia de S. Caetano e outras
crônicas do mesmo autor
em http://profclaudiosilva.blogspot.com/2011/10/cronicas-sobre-educacao-do-prof-claudio.html
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