Repórter da Agência Brasil
Belém – Viver durante duas semanas em outra realidade social,
desenvolvendo atividades com comunidades carentes espalhadas pelo
Brasil, é o trabalho de 380 rondonistas, entre estudantes e professores
universitários, que participam como voluntários da Operação Açaí, no
Pará.
Para a estudante de comunicação social do Centro Universitário
Internacional de Curitiba (Uninter), Alessandra Ferreira, 31 anos, o
Projeto Rondon é uma experiência que muda vidas e faz com que os
universitários saiam do conforto de suas casas para se deparar com outra
realidade. “Sempre vivi em um mundinho muito fechado e o que me motivou
a vir trabalhar nesse projeto foi poder ampliar os horizontes. Nesses
quatro dias em que a gente está na cidade, acredito que já mudei como
ser humano”.
Alessandra e mais 19 estudantes estão desenvolvendo atividades no
município paraense de Bonito, a cerca de 145 quilômetros da capital
Belém. Eles deixaram o frio de 9 graus Celsius para enfrentar o clima
quente e úmido do estado do Pará. De acordo com o professor do Uninter
Jack de Castro Holmer, 27 anos, além da mudança de clima, há uma série
de dificuldades, como a falta de água. “Às 19h acaba a água. São 20
pessoas para tomar banho e quando voltam das atividades, não há mais
água. Por isso, a gente tem de separar a água. São três garrafas PET por
pessoa para o banho da manhã”.
A Operação Açaí, que começou no último dia 6, abrange 19 municípios
paraenses e conta com a participação de representantes de 38
instituições de ensino superior de nove estados e do Distrito Federal.
Durante 17 dias, os universitários promovem palestras e oficinas sobre
temas como cultura, direitos humanos, justiça, educação, saúde,
comunicação, meio ambiente, trabalho, tecnologia e produção.
De acordo com a estudante de relações internacionais da Uninter
Aline Stéfani Corrêa, 23 anos, o projeto está superando as expectativas.
“A gente está trabalhando em equipe, são 20 pessoas que não se
conhecem, não têm intimidade nenhuma. Apesar de não ter estrutura aqui
no Norte, há muita história de superação. Quando a gente está
conversando com as pessoas, achando que vai ensinar alguma coisa, acaba
aprendendo muito mais”.
Para o estudante de enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) Guilherme Gomes Silva, 21 anos, o projeto permitiu conhecer um
Brasil totalmente diferente. Ele e outros alunos estão trabalhando no
município de Ipixuna do Pará. “Eu vi que é possível viver mesmo sem
coisas que você considera básicas. A gente está sem água, fica sem luz,
mas, mesmo assim, está vivendo”.
As pessoas da comunidade também estão aproveitando a oportunidade.
Segundo a dona de casa Ana Júlia Machado Mendes, 38 anos, o Projeto
Rondon está sendo gratificante. “A cidade precisa de iniciativas como
essa. Pena que as pessoas são muito acomodadas e não dão muita
importância”
Criado em 1967 pelo Exército, durante a ditadura militar, o programa
foi interrompido por uma ação do governo entre 1989 e 2004, sendo
retomado em 2005. De acordo com o coordenador de Operações do projeto,
major Sidnei Sérgio Vial, estimular a consciência cidadã e o
desenvolvimento local sustentável são alguns dos objetivos do Projeto
Rondon. "Queremos dar uma lição de cidadania. Nesse quesito, o resultado
é maravilhoso. Os universitários voltam diferentes, mais amadurecidos”.
O Projeto Rondon é realizado duas vezes por ano, durante o período
de recesso das universidades. A gestão é feita por um comitê composto
por oito ministérios. A Operação Açaí acaba no próximo dia 22. A segunda
operação, denominada Capim Dourado, começa amanhã (14) no Tocantins.
Edição: Graça Adjuto
Leia crônicas do Prof. Cláudio Silva em : http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2011/10/cronicas-sobre-educacao-do-prof-claudio.html
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