terça-feira, 27 de novembro de 2012

Um sebo com o pé na estrada ( GAZETA DO POVO)


Fotos: Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Fotos: Marcelo Elias/Gazeta do Povo / Os sócios Hamilton de Lócco (à esq.) e Jahir Eleuthério dentro do sebo móvel On the Road: levando a arte até o povoOs sócios Hamilton de Lócco (à esq.) e Jahir Eleuthério dentro do sebo móvel On the Road: levando a arte até o povo
Dupla de músicos transforma uma antiga Kombi dos Correios em uma loja de discos e livros em um projeto inovador que esbarra na burocracia oficial


GAZETA  DO  POVO ( 27.11.2012)
Sandro  Moser

Bob Dylan, Cartola e Jack Kerouac circulam pelas ruas de Curitiba. E fazem isso a bordo de uma Kombi amarela que, depois de aposentada pelos Correios, foi transformada no primeiro sebo móvel da cidade.
Livros, discos de vinil, CDs e DVDs novos e usados para venda, compra e troca são oferecidos ao público no esquema tradicional dos sebos. A diferença é que agora é possível ter acesso a eles nas portas de bares, em praças, festas de bairro e também em domicílio.
 / Produtos novos e usados estão disponíveis para compra e troca na Kombi, como nos sebos tradicionaisAmpliar imagem
Produtos novos e usados estão disponíveis para compra e troca na Kombi, como nos sebos tradicionais
Garimpo
Confira alguns destaques entre os livros e discos que estão à venda no sebo móvel
On the Road:
Discos
Django Reinhardt & Quintette du Hot Club de France, de Django Reinhardt (1932). R$ 78.
Jongo Trio, de Jongo Trio (1965). R$ 195.
Donato e Deodato, de Eumir Deodato e João Donato (1968). R$ 119.
Bringing It All Back Home, de Bob Dylan (1965). R$ 128.
Fósforos de Oxford, Cabine C (1986). R$ 195.
Livros
A Redoma de Cristal, de Sylvia Plath. R$ 48.
Leão-de-chácara, de João Antonio (1ª edição). R$ 35.
O Pavão Desiludido, de José Carlos de Oliveira. R$ 39.
A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna. R$ 58.
Mamãe Não Voltou do Supermercado, de Mário Bortolotto. R$ 35.
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A ideia inovadora saiu da cabeça do músico Hamilton de Lócco, o Camarão, ex-integrante da banda curitibana OAEOZ. “Dentro daquela lógica de que a arte tem que ir aonde o povo está”, explica.
Ele, que já teve um sebo tradicional e também comprava e vendia livros pela internet, fez as contas e avaliou que adquirir a Kombi por cerca de R$ 19 mil era mais vantajoso do que alugar um imóvel. “Sem contar que é muito mais divertido sair pela cidade, viajar e conhecer as pessoas do que ficar parado.”
Seu parceiro na empreitada é o também músico Jahir Eleuthério, ex-guitarrista do Gruvox e de outras bandas locais. O projeto foi batizado de On the Road, título original da obra-prima de Jack Kerouac. Isto, pois segundo Jahir, a ideia é “cair na estrada”.
A primeira viagem foi à Feira Literária de Guaratuba, no litoral do estado. No ano que vem, a dupla planeja várias outras viagens, incluindo a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro.
Acervo
No acervo de livros, explica Camarão, estão apenas itens que passam pelo crivo do gosto pessoal da dupla de sócios. “Clássicos, contracultura, publicações de arte em geral e livros técnicos na área das ciências humanas”, define. Na música, a curadoria segue a mesma linha: “Muito rock, jazz, música brasileira, experimental, cult, e discos raros. Só coisa boa”, garante.
Dentro do utilitário ano 2010, luminárias a bateria ajudam os leitores a decidir sobre as compras quando a noite já caiu. Já quem quiser um disco pode atestar o bom estado do vinil em uma vitrola portátil, a pilha.
Camarão conta que o sebo móvel tem chamado muita atenção pelas ruas onde passa. “Às vezes, rola um estranhamento, as pessoas pensam que é alguma coisa do governo. Mas, depois que percebem o que realmente é, somos bem-aceitos.”
Ele conta que o projeto foi escolhido como um case de marketing por um grupo de alunos e professores da agência experimental de publicidade e propaganda do Centro Universitário Curitiba UniCuritba, que vai prestar assessoria ao projeto.
Alvará
A proposta inusitada do sebo móvel criou, entretanto, um impasse para os sócios quando enfrentou a burocracia estatal. Camarão não conseguiu o alvará de funcionamento, nem a liberação para ocupar via públicas, pois a modalidade de empresa não está prevista na legislação.
“Há uma lista de coisas que podem ser vendidas por ambulantes, como algodão doce e cachorro-quente. Discos de rock não estão neste rol”, alfineta.
A dupla espera legalizar a empresa em breve e assim conseguir instalar uma máquina de cartão de crédito, cuja falta tem atrapalhado os negócios. “Mas vai dar certo. 2013 será o nosso ano”, acredita Jahir.

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