- Dados inéditos do IBGE mostram que maior percentual é no Sudeste: 12,7%
- Incidência cresce de acordo com a faixa etária: de 3,9% entre estudantes com até 24 anos, a 30,1%, com 40 anos ou mais
- Índice é mais alto entre os ocupados no mercado de trabalho (12,6%) em relação aos não ocupados (7,2%)
Os irmãos Bruno Morais Braga e Emanuelle, de 27 e 33 anos, estão cursando a segunda graduação Arquivo pessoal
RIO - O IBGE divulgou, nesta quarta-feira (19), dados inéditos sobre o perfil universitário brasileiro nos resultados da amostra de educação e deslocamento do Censo Demográfico 2010. Segundo o estudo, entre os estudantes de ensino superior, 10,8% já eram formados e estavam cursando uma segunda graduação. O maior percentual foi observado na região Sudeste, com 12,7%, contra 8,8%, no Sul, o menor do país.
De acordo com a pesquisa, a incidência cresce junto com o aumento da idade: de 3,9% entre universitários de até 24 anos, a 30,1%, com 40 anos ou mais. O índice também é mais alto entre os ocupados no mercado de trabalho (12,6%) em relação aos não ocupados (7,2%).
Jacqueline Resch, especialista em recursos humanos, aponta duas hipóteses principais para o retorno à vida universitária de pessoas mais velhas, já formadas e empregadas: a necessidade de se adaptar a um mercado cada vez mais competitivo e multidiscplinar ou o redirecionamento da carreira.
— Ou a pessoa escolheu uma carreira e não se identificou ou sente necessidade de complementar a formação com alguma área que não domina. Como as empresas exigem cada vez mais dos funcionários, há uma busca maior pelo conhecimento. Hoje, as pessoas trabalham em equipes muito interdisciplinares, o que pode despertar mais interesse e necessidade. Isso aumenta com a idade mais avançada, quando a situação financeira já está mais estável — explica Jaqueline.
Sócia-diretora da Resch Recursos Humanos, que faz processos seletivos para empresas como Brasil Brokers, Shell, Vale e White Martins, ela exemplifica como isso pode ocorrer na prática:
— Isso ocorre com pessoas que estão mais antenadas com a demanda do mercado e que vão para cargos de gestão. Se não têm formação em Administração, buscam esse segundo curso, por exemplo. Podem optar por Direito também, por lidar com contratos, e acharem que vão ter um entendimento maior nessa área.
Emanuelle Morais Braga, de 33 anos, se encaixa nesse perfil. Formada originalmente em Publicidade, ela sentiu a necessidade de estudar Direito depois que começou a trabalhar na área de compras e licitações públicas do Ministério do Esporte. Hoje, ela concilia a segunda faculdade com o emprego.
— Fiz Comunicação primeiro e não estava atuando na minha área. Como meu trabalho é muito ligado à legislação, resolvi ampliar o conhecimento na área de publicidade e propaganda para poder advogar na área de direito empresarial. É uma luta: ao mesmo tempo, preciso do trabalho para pagar a faculdade — conta a brasiliense.
Seu irmão Bruno, de 27 anos, está seguindo caminho parecido. Ele se formou em Aviação Civil em 2008. Diante das dificuldades da profissão, decidiu voltar à universidade em 2010. Hoje, cursa Engenharia Civil e estagia numa construtora. Bruno explica que a escolha aliou suas aptidões ao aquecimento do mercado.
— O que mais me motivou a não continuar a carreira de piloto foi o dinheiro. No início, é um gasto muito alto sem receber nada em troca. Agora, estou no 5º período de engenharia e ganho bem como estagiário. Como prefiro a área de cálculo e gosto muito das exatas, pelo que pesquisei era o que mais se encaixava no meu perfil, além de ser uma área que carece de profissionais capacitados — diz Bruno.
Para Andrea Ramal, consultora em educação, dois fatores explicam a opção pela segunda graduação, um mercadológico e outro cultural. O primeiro aspecto pode ser motivado pela escassez de oportunidades profissionais ou pela percepção de uma escolha inadequada. Por isso, ela acredita que a volta aos estudos se intensifique à medida em que se fica mais velho.
— A esta altura, a pessoa já tem mais maturidade para verificar por onde vai o mercado, onde estão as melhores oportunidades e até mesmo qual é sua maior vocação, o que nem sempre acontece na escolha da primeira carreira, quando o estudante é bem jovem e imaturo — compara Andrea.
Na perspectiva cultural, Andrea também cita a interdisciplinaridade e a conexão de saberes, características da atual sociedade. Ela enxerga nesse campo a justificativa pela escolha de um novo curso de ensino superior em vez de uma pós-graduação:
— Alguns profissionais podem ter interesse não em se especializar cada vez mais numa área só (MBA, pós, mestrado etc.), mas em diversificar seu olhar e experiência profissional. Nesses casos, é mais comum que a pessoa busque uma segunda graduação que complemente a primeira. Exemplo: professor ou médico fazendo psicologia, advogado fazendo relações internacionais etc. Às vezes, essas opções são mais valorizadas no mercado, do que uma pós feita muito cedo.
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