Apenas 13 dos 437 cursos de graduação do Paraná avaliados pelo Ministério da Educação (MEC) em 2011 obtiveram conceito máximo de qualidade. Os dados são do Conceito Preliminar de Curso (CPC), indicador que considera fatores como desempenho dos graduandos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), a titulação dos professores e a infraestrutura do curso. A escala varia de 1 a 5, sendo os resultados 1 e 2 considerados fracos, o índice 3 satisfatório e os 4 e 5 de boa qualidade.
O CPC avalia cursos diferentes a cada ano, contemplando todas as áreas do conhecimento a cada três anos. O indicador é parte da composição que define o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC), indicador de qualidade de instituições de educação superior, divulgado no início do mês.
Entenda
O IGC é uma nota atribuída à instituição de ensino superior que sintetiza, em um único indicador, a qualidade de todos os cursos de graduação, mestrado e doutorado da mesma instituição. Já o CPC reflete a qualidade de um curso de graduação e considera o desempenho dos estudantes como 55% do total, enquanto a infraestrutura representa 15% da nota e o corpo docente, 30%.
Avanço
Formação continuada e responsabilidade dos alunos são fundamentais
Há três anos o curso Tecnologia em Fabricação Mecânica da UTFPR de Ponta Grossa foi considerado o quinto melhor do país. Hoje, está em primeiro. A evolução é resultado do investimento em equipamentos e professores especializados. Segundo o coordenador do curso, Irapuan Santos, os estudantes tiveram de acompanhar o avanço.
“O investimento feito no curso é levado a sério. Exigimos muito dos estudantes e poucos se formam. Em compensação, nas avaliações o resultado dos que conseguem continuar no curso é muito bom. Todos depois do terceiro período já estão empregados”, diz.
Também em Ponta Grossa, os bacharelados em Física e em Geografia da Universidade Estadual (UEPG) receberam conceito máximo no CPC. Segundo o coordenador do bacharelado em Física Alexandre Camilo Júnior, o incentivo que os estudantes recebem para participar do programa de iniciação científica é um diferencial do curso, que é integral.
Além disso, vários ingressantes participaram do Programa de Iniciação Científica Júnior (PibicJr) quando terminavam o ensino médio, se envolvendo com projetos de pesquisa na universidade. “Tal combinação permite uma boa formação aos alunos. A finalidade de um curso de bacharelado em Física, em primeiro lugar, é formar pessoal para a vida acadêmica, seguindo seus estudos em nível de pós-graduação, mestrado e doutorado. A maior parte dos nossos egressos realmente seguiu a vida acadêmica”, conta.
No Paraná, 34 cursos tiveram desempenho inferior ao esperado, com notas abaixo de 2. Na média, porém, o estado segue a tendência nacional, já que a maioria dos cursos têm nota 3 – veja infográfico. Em todo o país, os cursos com baixo CPC somam 794 e devem passar por avaliações in loco do MEC, correndo o risco de terem processo seletivo de ingresso paralisado ou serem cancelados.
UFPR
Dos 171 cursos brasileiros que tiveram a nota máxima no último ano está o Bacharelado em Letras, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Na outra ponta, três cursos da universidade ficaram com notas abaixo de 2. Segundo Valmir França, coordenador de Políticas de Avaliação Institucional de Ensino da instituição, nos últimos três anos o MEC tem reforçando a fiscalização das universidades e a qualidade do ensino passa por isso. “Estamos fazendo estudos para avaliar o que está acontecendo nesses cursos e também nos que tiveram nota 3, que mostra desempenho satisfatório, mas está no meio termo”, conta.
Para França, as melhorias no desempenho dos cursos do ensino superior de uma forma geral deve demorar de dois a três ciclos para aparecerem. “É um processo de um sistema complexo que tem muitas variáveis, que passam pela qualidade do aluno que chega ao nível superior, qualidade do ensino, investimento em professores e de infraestrutura”, diz.
A força dos estudantes
Dona de cinco cursos com CPC máximo e sem nenhum com notas abaixo do nível satisfatório, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) recebeu conceito 4 no IGC, a nota mais alta entre as universidades brasileiras, já que nenhuma atingiu o grau máximo, que é 5. Segundo o diretor de graduação da UTFPR Álvaro Peixoto de Alencar Neto, a conscientização dos alunos ajudou. “No passado tínhamos dificuldades, pois havia alunos que não davam importância para o Enade e não respondiam de forma coerente o questionário sobre a organização pedagógica e infraestrutura da universidade”, diz.
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