21 de dezembro de 2011
Muito antes de ensinar crianças a ler e escrever, escola e família
devem estar preparados para lidar com uma série de outras necessidades
que vão garantir que o aluno se desenvolva plenamente durante os anos
seguintes. Voltada a crianças de zero a seis anos, a Educação Infantil é
uma obrigação do Estado, mas inserir ou não a criança no ambiente
escolar durante essa etapa é uma escolha da família. Especialistas
afirmam que as diretrizes pedagógicas estão melhorando a qualidade do
ensino, mas a área ainda apresenta carências.
Segundo a diretora da Divisão de Educação Infantil e Complementar
(DEdiC) da Unicamp, Roberta Borges, a escola precisa prestar atenção às
necessidades das crianças nesta etapa, que diferem dos alunos mais
velhos. "A educação infantil esbarra na formação do professor e na
organização de espaços. O professor realmente preparado deve realizar um
trabalho voltado ao desenvolvimento da criança, e não apenas adaptar
aquilo que é proposto aos estudantes maiores", diz.
De acordo com Roberta - também organizadora do 2º Fórum Internacional
de Educação Infantil, realizado em novembro -, a Educação Infantil deve
voltar-se às habilidades cognitivas sem deixar de lado o
desenvolvimento afetivo e físico. "É preciso ensinar valores, regras,
limites, como se relacionar bem com o outro. Esses pontos não recebem
muita atenção das escolas. O físico também é muito importante. Ela deve
aprender a cuidar do corpo, se alimentar de maneira saudável, ter uma
rotina, se trocar", exemplifica. Segundo a professora, o desenvolvimento
nos primeiros anos de escola - principalmente entre zero e três anos - é
essencial para a formação posterior. "As experiências devem ser mais
pausadas, para que ela realmente compreenda aquilo que está acontecendo e
se desenvolva de acordo com sua faixa etária", diz.
As Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil, que
contemplam normas de credenciamento e indicadores de qualidade, são
responsáveis por regulamentar creche, frequentada de zero a três anos, e
pré-escola, que antecede o Ensino Fundamental. Segundo a presidente da
Organização Mundial para Educação Pré-Escolar de São Paulo (Omep/SP),
Vera Miles, nessas duas etapas, a preocupação está voltada ao
desenvolvimento pessoal, estimulando atividades lúdicas, a linguagem
artística e oral, além de jogos simbólicos. "É uma fase para brincar. Os
alunos são desafiados a resolver conflitos, cooperar e se relacionar",
diz.
De acordo com a professora, a Educação Infantil tem avançado muito em
relação a legislação, diretrizes e propostas pedagógicas, que tem o
objetivo de garantir um ambiente adequado e seguro. Mesmo assim,
garante, um dos maiores problemas está ligado à falta de preparo dos
educadores. "Esses professores não sabem trabalhar com a família, com a
comunidade, e isso reflete no espaço em que a criança passa a maior
parte do tempo", afirma. A especialista também aponta problemas nos
ambientes aos quais os alunos são expostos. "As instituições têm pouco
material estimulante, poucos equipamentos adequados e hoje está sujeita a
se tornar muito acadêmica. Isso porque os professores não tem uma visão
prática das atividades que devem realizar em sala de aula", sugere.
Mudança na idade mínima gerou polêmica
Recentemente, uma mudança na idade mínima para frequentar o ensino fundamental também gerou polêmica entre especialistas. Anteriormente, a idade para cursar a 1ª série era de sete anos. Com a nova lei, crianças que completam seis anos até 31 de março estão aptas a cursar o 1º ano - que surgiu para servir de ponte entre as duas etapas. "A entrada no Ensino Fundamental aos seis anos preocupa porque os professores não estão preparados para lidar com esses alunos, que requerem uma metodologia diferente. A criança vai para o 1º ano e passa a ficar a maior parte do tempo sentada, seus pezinhos não alcançam o chão. Só que ela deveria estar brincando, já que a vivência deve ser a base desses primeiros anos", pontua.
Recentemente, uma mudança na idade mínima para frequentar o ensino fundamental também gerou polêmica entre especialistas. Anteriormente, a idade para cursar a 1ª série era de sete anos. Com a nova lei, crianças que completam seis anos até 31 de março estão aptas a cursar o 1º ano - que surgiu para servir de ponte entre as duas etapas. "A entrada no Ensino Fundamental aos seis anos preocupa porque os professores não estão preparados para lidar com esses alunos, que requerem uma metodologia diferente. A criança vai para o 1º ano e passa a ficar a maior parte do tempo sentada, seus pezinhos não alcançam o chão. Só que ela deveria estar brincando, já que a vivência deve ser a base desses primeiros anos", pontua.
A professora Roberta chama a atenção para a adequação do 1º ano de
Ensino Fundamental. Segundo ela, é preciso dar continuidade ao trabalho
que teve início nos anos anteriores. "Nessa faixa etária, não dá para
avançar o conteúdo. É importante que ela continue construindo um
raciocínio próprio de sua idade, que tenha, sim, atividades de leitura e
escrita, mas que não haja uma antecipação dos conteúdos. Forçar uma
evolução fora das possibilidades de sua faixa significaria um
retrocesso", alerta.
Por outro lado, a especialista aponta aspectos positivos na
alteração: "A educação infantil não é obrigatória, mas o ensino
fundamental é, e essa mudança faz com que todas as crianças ganhem um
ano a mais de desenvolvimento." A nova resolução aponta que, agora, os
conteúdos do 2º ano equivalem à 1ª série de antigamente, permitindo que o
aluno passe por um ano de adaptação a uma estrutura de ensino diferente
daquela a que estava acostumada
FONTE:http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI5528648-EI8266,00-Educacao+Infantil+desafio+e+entender+as+necessidades+do+aluno.html
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