quarta-feira, 31 de outubro de 2012

HOJE É DIA D ( FOLHA DE S. PAULO )

CADÃO VOLPATO
ESPECIAL PARA A FOLHA


Acervo Fundação Casa de Rui Barbosa
O poeta Carlos Drummond de Andrade, que completaria 110 anos nesta quarta-feira (31)
O poeta Carlos Drummond de Andrade, que completaria 110 anos nesta quarta-feira (31
 
Hoje faz 110 anos que Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu. O Instituto Moreira Salles lançou, no ano passado, o Dia D para comemorar o aniversário do poeta e difundir a sua obra. 

Este 31 de outubro de 2012 é, portanto, o segundo Dia D, e vale lembrá-lo com aquilo que o poeta escreveu: algumas das melhores linhas da literatura universal. 

Os admiradores da poesia de Drummond costumam preferir os poemas que tratam da angústia moderna, do tempo, da família ou do amor nas mais diversas idades. 

Há um poema, porém, que corre por fora. Ele foi publicado no "Diário Carioca", em 1953, e depois no livro "Fazendeiro do Ar", de 1955, com um título antiquado: "A Luís Maurício, Infante". 

Foi escrito em uma das únicas cinco viagens que o poeta fez ao exterior --todas elas para Buenos Aires, onde a filha Julieta vivia. 

Luís Maurício é o segundo neto do poeta, nascido em agosto de 1953. O poema começa assim: "Acorda, Luís Maurício. Vou te mostrar o mundo,/ se é que não preferes vê-lo de teu reino profundo". 

Como aconteceu com o primeiro neto, Carlos Manuel, Drummond estava na cidade para acompanhar o nascimento de Luís Maurício, e ali escreveu o poema. 

"Trata-se de um poema-batismo de vida, ou um poema de boas-vindas a um mundo nem tão bom assim", explica o professor, ensaísta e poeta Antonio Carlos Secchin. 

O cantor João Gilberto conhece os 72 versos de "Luís Maurício" de cor. Um dos trechos preferidos de João é aquele que diz: "Mas seja humilde tua valentia. Repara que há veludo nos ursos". 

Já o poeta Eucanaã Ferraz recita com admiração um trecho que diz: "E imagina ser pensado,/ pela erva que pensas. Imagina um elo, uma afeição surda, um passado/ articulando os bichos e suas visões". 

O infante Luís Maurício é hoje um matemático quase sexagenário que, embora tenha praticamente nascido com o poema, tem muitas histórias para contar, ouvidas em família. 

"Durante uma de suas visitas à casa de saúde onde nasci, num momento dado alguém percebeu que eu não estava no quarto: procura daqui, procura de lá, até que fui encontrado. Estava debaixo de um travesseiro sobre o qual Carlos estava sentado." 

Os três netos de Drummond costumam tratá-lo pelo primeiro nome, e o poeta usava da mesma informalidade, dando cambalhotas para agradá-los ou fazendo caretas na hora das fotografias. 

O último poema de Drummond, "Elegia a um Tucano Morto", também foi inspirado pelos netos.
Conta a história de Picasso, ave da família que vivia num sítio que precisou sofrer uma amputação, já que eles eram contrários ao sacrifício. 

Um dia, encontraram Picasso morto. "Uma ave sem a perninha é um animal desnaturalizado", disse o poeta. E isso virou uma verdade familiar.
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"A LUÍS MAURÍCIO, INFANTE"
Carlos Drummond de Andrade
Acorda, Luís Mauricio. Vou te mostrar o mundo,
se é que não preferes vê-lo de teu reino profundo. 

Despertando, Luís Mauricio, não chores mais que um tiquinho.
Se as crianças da América choram em coro, que seria, digamos, do teu vizinho? 

Que seria de ti, Luís Mauricio, pranteando mais que o necessário?
Os olhos se inflamam depressa, e do mundo o espetáculo é vário 

e pede ser visto e amado. É tão pouco, cinco sentidos.
Pois que sejam lépidos, Luís Mauricio, que sejam novos e comovidos. 

E como há tempo para viver, Luís Mauricio, podes gastá-lo à janela
que dá para a "Justicia del Trabajo", onde a imaginosa linha da hera 

tenazmente compõe seu desenho, recobrindo o que é feio, formal e triste.
Sucede que chegou a primavera, menino, e o muro já não existe. 

Admito que amo nos vegetais a carga de silêncio, Luís Mauricio.
Mas há que tentar o diálogo quando a solidão é vício. 

E agora, começa a crescer. Em poucas semanas um homem
Se manifesta na boca, nos rins, na medalhinha do nome. 

Já te vejo na proporção da cidade, dessa caminha em que dormes.
Dir-se-ia que só o anão de Harrods, hoje velho, entre garotos enormes, 

conserva o disfarce da infância, como, na sua imobilidade,
à esquina de Córdoba e Florida, só aquele velho pendido e sentado, 

de luvas e sobretudo, vê passar (é cego) o tempo que não enxergamos,
o tempo irreversível, o tempo estático, espaço vazio entre ramos. 

O tempo "" que fazer dele? Como adivinhar, Luís Mauricio,
o que cada hora traz em si de plenitude e sacrifício? 

Hás de aprender o tempo, Luís Mauricio. E há de ser tua ciência
uma tão íntima conexão de ti mesmo e tua existência, 

que ninguém suspeitará nada. E teu primeiro segredo
seja antes de alegria subterrânea que de soturno medo. 

Aprenderás muitas leis, Luís Mauricio. Mas se as esqueceres depressa,
Outras mais altas descobrirás, e é então que a vida começa, 

e recomeça, e a todo instante é outra: tudo é distinto de tudo,
e anda o silêncio, e fala o nevoento horizonte; e sabe guiar-nos o mundo. 

Pois a linguagem planta suas árvores no homem e quer vê-las cobertas
de folhas, de signos, de obscuros sentimentos, e avenidas desertas 

são apenas as que vemos sem ver, há pelo menos formigas
atarefadas, e pedras felizes ao sol, e projetos e cantigas 

que alguém um dia cantará, Luís Mauricio. Procura deslindar o canto.
Ou antes, não procures. Ele se oferecerá sob forma de pranto 

ou de riso. E te acompanhará, Luís Mauricio. E as palavras serão servas
de estranha majestade. É tudo estranho. Medita por, exemplo, as ervas, 

enquanto és pequeno e teu instinto, solerte, festivamente se aventura
até o âmago das coisas. A que veio, que pode, quanto dura 

essa discreta forma verde, entre formas? E imagina ser pensado,
pela erva que pensas. Imagina um elo, uma afeição surda, um passado 

articulando os bichos e suas visões, o mundo e seus problemas;
imagina o rei com suas angústias, o pobre com seus diademas, 

imagina uma ordem nova; ainda que uma nova desordem, não será bela?
Imagina tudo: o povo,com sua música; o passarinho, com sua donzela; 

o namorado com seu espelho mágico; a namorada, com seu mistério;
a casa, com seu calor próprio; a despedida, com seu rosto sério; 

o físico, o viajante, o afiador de facas, o italiano das sortes e seu realejo;
o poeta sempre meio complicado; o perfume nativo das coisas e seu arpejo; 

o menino que é teu irmão, e sua estouvada ciência
de olhos líquidos e azuis, feita de maliciosa inocência, 

que ora viaja enigmas extraordinários; por tua vez, a pesquisa
há de solicitar-te um dia, mensagem perturbadora na brisa. 

É preciso criar de novo, Luís Mauricio. Reinventar nagôs e latinos,
E as mais severas inscrições, e quantos ensinamentos e os modelos mais finos, 

de tal maneira a vida nos excede e temos de enfrentá-la com poderosos recursos.
Mas seja humilde tua valentia. Repara que há veludo nos ursos. 

Inconformados e prisioneiros, em Palermo, eles procuram o outro lado,
E na sua faminta inquietação, algo se liberta da jaula e seu quadrado. 

Detém-te. A grande flor do hipopótamo brota da água "" nenúfar!
E dos dejetos do rinoceronte se alimentam os pássaros. E o açúcar 

que dás na palma da mão à língua terna do cão adoça todos os animais.
Repara que autênticos, que fiéis a um estatuto sereno, e como são naturais. 

É meio-dia, Luís Maurício, hora belíssima entre todas,
pois, unindo e separando os crepúsculos, à sua luz se consumam as bodas 

do vivo com o que já viveu ou vai viver, e a seu puríssimo raio
entre repuxos, os "chicos" e as "palomas" confraternizam na "Plaza de Mayo". 

Aqui me despeço e tenho por plenamente ensinado o teu ofício,
que de ti mesmo e em púrpura o aprendeste ao nascer, meu netinho Luís Mauricio. 


CADÃO VOLPATO é músico, jornalista e escritor, autor de "Relógio Sem Sol" (ed. Iluminuras), entre outros 

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Enem 2012: perguntas e respostas ( AGÊNCIA BRASIL )

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil

Brasília – No próximo fim de semana, 5,7 milhões de estudantes participam do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No sábado (3), primeiro dia de provas, os candidatos vão responder a questões de ciências humanas e ciências da natureza. No domingo (4), serão aplicadas as provas de linguagens e códigos e de matemática. Além disso, no último dia do exame, o aluno fará a redação, que vale 50% da nota total.

Confira a lista que a Agência Brasil elaborou com as respostas para as principais dúvidas sobre o exame.
  
*O Enem serve para quê?
O exame avalia os conhecimentos dos estudantes que concluem o ensino médio e é usado como parte do processo seletivo de diversas de instituições de ensino superior públicas e privadas.
As universidades e faculdades podem tanto usar o Enem em substituição ao vestibular quanto considerar a nota no exame para concessão de bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) e ingresso de candidatos pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

*Quando será o Enem?
As provas serão realizadas nos dias 3 e 4 de novembro. Os portões de acesso serão abertos ao meio-dia e fechados às 13h (horário de Brasília). A recomendação do Ministério da Educação (MEC) é que todos os candidatos cheguem ao local das provas até as 12h. Os alunos devem ficar atentos ao relógio nos estados em que há mudança de fuso horário ou que estão fora do horário de verão. O MEC orienta o candidato a verificar, com antecedência, no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o local de prova. Também é importante conhecer o trajeto até o local antes do dia do exame.

*Qual o conteúdo cobrado?
O Enem é composto por quatro provas objetivas, com 45 questões cada, e uma redação.
No sábado (3 de novembro) serão aplicadas as provas de ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias.
No dia seguinte, os alunos farão provas de linguagens, códigos e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias e a redação.

*Quantas horas o estudante tem para terminar a avaliação?
No primeiro dia de provas, os participantes terão quatro horas e meia para responder a todas as questões. No domingo, quando é realizada a redação, o tempo é estendido em uma hora. Com isso, os inscritos terão cinco horas e meia para realizar o exame.

*O que o aluno deve fazer para descobrir o local de prova caso não tenha recebido o cartão de confirmação?
O MEC orienta o candidato a verificar o local de prova na página do Inep.

*A prova só pode ser feita por quem está concluindo o ensino médio este ano?
Não. A prova pode ser feita por qualquer pessoa que já tenha concluído o ensino médio ou esteja terminando este ano. O exame não é obrigatório, mas aumenta as chances de acesso ao ensino superior já que muitas universidades usam a nota no Enem como critério de seleção.

*Quantas universidades e institutos federais de ensino aceitam o Enem como forma de ingresso?
Ao todo, são 95 instituições, incluindo 38 institutos federais.

*O que levar no dia da prova? E o que é proibido?
Cada participante deve ter em mãos caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente. O uso de lápis, borracha e lapiseira não é permitido.

*O que pode eliminar o candidato durante a prova?
Qualquer espécie de consulta ou comunicação com outro participante, o uso de lápis, lapiseira, borracha, livros, manuais, impressos, anotações, óculos escuros e quaisquer dispositivos eletrônicos, como celulares. O candidato também será eliminado se deixar a sala de provas antes de completar duas horas do início do exame.
Os participantes só podem levar para casa os cadernos de questões nos últimos 30 minutos de prova. Os três últimos candidatos presentes na sala de provas só são liberados juntos.

*Quais documentos precisam ser apresentados para fazer a prova?
É necessário apresentar um documento de identificação original com foto, que pode ser a carteira de identidade, emitida por Secretaria de Segurança Pública, Forças Armadas, Polícia Militar ou Polícia Federal; identidade expedida pelo Ministério das Relações Exteriores para estrangeiros;  identificação fornecida por ordens ou conselhos de classe, que por lei tenham validade como documento de identificação; Carteira de Trabalho e Previdência Social; certificado de reservista; passaporte; ou Carteira Nacional de Habilitação com foto.
Em caso de perda de documento de identificação, o participante deve apresentar boletim de ocorrência com data de, no máximo, 90 dias antes da prova.

* O que o participante tem que observar quando receber as provas?
Os cadernos são apresentados em cinco cores diferentes: azul, amarelo, branco, rosa e cinza. Antes de iniciar a prova, o candidato deve verificar se o caderno contém a quantidade de questões indicadas no cartão de respostas.

*O que é cobrado na redação?
A redação deve ser um texto dissertativo-argumentativo de, no máximo, 30 linhas. O participante deve desenvolver uma reflexão escrita sobre um tema que estará descrito na prova, de ordem política, social ou cultural.
A nota da redação representa 50% do resultado total. O candidato ficará sem nota na redação em caso de:
- Fuga ao tema: não atender à proposta solicitada ou desenvolver outra estrutura textual que não seja a do tipo dissertativo-argumentativo;
- Folha em branco: entregar a folha de redação sem texto escrito;
- Texto insuficiente: escrever apenas (até) sete linhas;
- Cópia dos textos motivadores: não desenvolver argumentos próprios;
- Usar termos chulos ou obscenos;
- Preencher o espaço destinado à redação com desenhos;
- Desrespeitar os direitos humanos.

*Quando saem os resultados?
Os gabaritos das provas objetivas serão divulgados na página do Inep no dia 7 de novembro de 2012.
Os participantes podem acessar os resultados individuais do Enem 2012 no dia 28 de dezembro de 2012, com o número de inscrição e senha ou CPF e senha.
 
Edição: Juliana Andrade e Lílian Beraldo

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terça-feira, 30 de outubro de 2012

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA PELA UFPR

POLO OFERECE Especialização na área educacional

O Polo Apucarana da Universidade Aberta do Brasil (UAB) comunica que vão estar abertas até o dia 09 de novembro, exclusivamente pelo site www.nupe.ufpr.br, inscrições para o curso de Especialização em Coordenação Pedagógica, na modalidade à distância. 

O curso é gratuito, terá duração de 18 meses (carga horária de 405 horas mais TCC), sendo ofertado pela Universidade Federal do Paraná (UTFPR). São 40 vagas e a seleção dos inscritos será por intermédio de análise de currículo e elaboração de um texto (online). 

Aos aprovados, as aulas devem começar já em novembro. Os encontros, inicial e final, serão em Curitiba. Já o conteúdo presencial do curso será aos sábados pela manhã no Polo de Apucarana. 

Mais informações no site de inscrição ou pelo fone (043) 3425-1603.

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Leitura é um hábito que se adquire pelo exemplo, diz escritora (AGÊNCIA BRASIL)

Aline Leal
Repórter da Agência Brasil

Brasília - No Dia Nacional do Livro, comemorado hoje (29), a especialista em literatura infantil e escritora Ieda de Oliveira ressaltou que a leitura é um hábito passado essencialmente pelo exemplo. Contar historinhas para as crianças é um bom começo para despertar um leitor ávido por novas e emocionantes narrativas.“A transição entre ouvir as histórias contadas pelos pais e ler as histórias tem que ser uma busca própria da criança." Ela disse ainda que os pais não devem restringir, entre os livros infantis, quais os que os filhos devem ou não ler. “Deixe ele fazer a escolha dele, dentro de um contexto infantil.”

Ieda de Oliveira avalia que atualmente existem muitas opções de boa literatura infantil, que instiga o espírito crítico da criança. “Isso abre portas, influencia muito na formação do indivíduo”, ressaltou. A literatura infantil não serve para, ensinar, empurrar informações”, acentua. "Educar é conduzir. É tratar o leitor como ser inteligente, é orientar a aprendizagem e não adestrar", completou.

"Eu me educo quando leio Guimarães Rosa, eu me educo quando leio Jorge Amado, tanto quanto me educo quando leio Ana Maria Machado. Educo-me ainda diante de uma tela de Renoir ou ouvindo Mozart ou Chico Buarque de Holanda. Quando o artista, por meio de um domínio técnico, conduz o seu leitor para fora de si mesmo, levando-o, pelo prazer estético, a refletir e olhar o mundo a sua volta, estabelecendo novos sentidos, ele o está educando. Cada um trabalhando com sua matéria-prima, que no caso do escritor é a palavra ", ressaltou.

A escritora acredita que o brasileiro está lendo mais. “Não podemos assegurar que o conteúdo é bom, mas está aumentando o número de indivíduos que leem. Estamos vendo um movimento do governo de melhorar o acesso aos livros. Os meios de informação também estão tendo uma função muito importante de difundir a papel que a leitura tem na vida das pessoas.”

Ieda vê nas redes sociais, não uma concorrente da literatura, mas uma forma de divulgação, não só da literatura como de todas as formas de artes. “Um amigo, ou amigo de amigo publica uma resenha, diz que aprecia um quadro, isso chega como um estímulo a mergulhar no mundo das artes”, disse.
 
Edição: Aécio Amado//O texto original foi publicado às 21h20, do dia 29 de outubro

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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

JOVENS QUE ESTÃO MUDANDO O MUNDO PELA EDUCAÇÃO (O GLOBO)

Exemplos como a paquistanesa Malala Yousafzai e a brasileira Isadora Faber mostram que é possível lutar para reverter a realidade

26.10.11
O mundo hoje torce pela recuperação da jovem paquistanesa Malala Yousafzai, 14, que sofreu neste mês um atentado enquanto ia para a escola por defender o direito do acesso das meninas à educação. O caso de Malala mobilizou autoridades, políticos e gente comum, que tem compartilhado sua foto nas redes sociais. A boa notícia é que a moça não está só. Como Malala, há muitos jovens que estão transformando, cada um a sua forma, o seu entorno pela educação. Alguns, inclusive, estão indo muito além de mudar a realidade local. Confira!



1. Malala Yousafzai, 14 anos - A menina que só queria poder estudar
Malala é uma jovem paquistanesa que, desde muito nova, ficou conhecida por seu ativismo em favor da educação das meninas no distrito de Swat, dominado pelo talebã. Em 2009, então com 11 anos, ela começou a escrever um blog para a BBC em que relatava as dificuldades de viver em uma região onde a violência era algo normal. Na mesma época, o jornal The New York Times produziu o documentário Class Dismissed (Aula Cancelada, em livre tradução), em que mostrava a menina e sua família às vésperas da escola onde estudava ser fechada pelos extremistas. No vídeo, ela e seu pai falam do sonho que a jovem tem de ser médica e de seu medo de ser obrigada a parar de estudar.

Em 9 de outubro, Malala sofreu um atentado enquanto ia para a escola. A van em que estava com outras meninas foi interceptada por homens armados e ela foi atingida por tiros no ombro e na cabeça. A menina foi levada às pressas para um hospital local em estado crítico e, tão logo suas condições de saúde permitiram, ela foi removida para a Inglaterra. O talebã confirmou a autoria do ataque e reafirmou que segue com sua intenção de matar Malala e seu pai. Apesar disso, a parte boa é que, segundo a imprensa britânica, o estado de saúde da garota ainda inspira cuidados, mas ela apresenta melhoras consistentes e já consegue ficar de pé. Uma legião de pessoas tocadas pelo que aconteceu com ela tem compartilhado sua foto e sua história nas redes sociais.

2. Brittany Wenger, 17 anos - A jovem que ajudou a diagnosticar o câncer
A norte-americana Brittany Wenger, 17, criou um programa de computador que ajuda os médicos a detectarem câncer de mama. A jovem levou dois anos para concluir suas pesquisas e, em julho, foi a vencedora do 2{+o} Prêmio Google de Feira de Ciências, que condecora pesquisas de jovens cientistas de todo o mundo. Pelo programa, os médicos podem inserir características das células doentes (como aparência, tamanho e espessura) e o app aponta sua probabilidade de malignidade. “Tive casos de câncer na família, especificamente câncer de mama”, diz a jovem à emissora norte-americana ABC. Brittany quer continuar seus estudos e se tornar médica oncologista pediatra. No mesmo vídeo, sua mãe conta que, desde pequena, a menina é questionadora. “Quando ela tinha 3 ou 4 anos, ela sempre perguntava o porquê das coisas. As pessoas diziam que ia passar. Hoje ela tem 17 e continua perguntando.”

3. William Kamkwamba, 25 anos - O menino que dominou o vento aos 14
 William Kamkwamba hoje tem 25 anos, mas seus feitos começaram quando ele ainda tinha 14 no Maláui, no sudoeste da África. Em sua TED Talk de 2009, o rapaz conta que seu país sofreu com uma fome muito forte em 2001. Naquele ano, sua família, que vivia de plantar milho, só comia uma vez por dia; ele e seus irmãos desmaiavam com frequência de fraqueza. “Eu olhei para o meu pai e para aqueles campos secos e aquilo era um futuro que eu não podia aceitar”, diz ele.

Mal tendo como sobreviver, seus pais não puderam arcar com as despesas da educação de William, que precisou deixar os estudos. “Mas eu estava determinado a fazer o que fosse possível para nunca parar de estudar”, afirmou. Ia à biblioteca local e lia livros, especialmente de ciências. Em um deles, viu o desenho de um moinho de vento e descobriu que aquela estrutura era capaz de bombear água e gerar eletricidade. Ele buscou os materiais de que precisava em um ferro-velho. “Eu consegui construir minha máquina”, disse o rapaz que, com sua engenhoca feita com partes de bicicleta, canos de PVC e um ventilador de caminhão, conseguiu levar luz à casa de seus pais. “As pessoas faziam fila na porta de casa para carregar seus celulares”, contou.

A história do menino que dominou o vento foi contada na biografia “The boy who harnessed the wind” e inspirou uma onda de outros projetos pela África que buscam levar energia elétrica a lugarejos afastados a partir de mecanismos simples.

4. Daniel Burd, 16 anos - O menino que descobriu bactérias que comem plástico
O trabalho de escola do canadense Daniel Burd, 16, fez a ciência refazer as contas. Sua descoberta transformou os milhares de anos necessários para decompor plástico em apenas três meses. O jovem fez um experimento em que misturava lixo, água e plástico e deixou o tempo agir. Ele percebeu que o plástico estava, de fato, se decompondo muito mais rapidamente que pelo curso natural. Refez o experimento em outros meios e temperaturas e viu que o processo se repetia. Analisando o material, Daniel identificou que as responsáveis pela ação eram duas bactérias.

5. Isadora Faber, 13 anos ; e 6. Martha Payne, 9 - As meninas que denunciaram suas escolas
A brasileira Isadora Faber, 13, criou a página Diário de Classe no Facebook e virou um fenômeno na internet. A menina começou a usar a rede para denunciar os problemas de sua escola, em Florianópolis. Ela tirava fotos de fios soltos e desencapados, portas quebradas, ventiladores que não funcionavam. A página virou um sucesso instantâneo e hoje tem quase 350 mil apoiadores.

Isadora conta que sua inspiração para criar a página foi a escocesa Martha Payne, 9, que montou o blog NeverSecond para reclamar da qualidade da merenda de sua escola. Com o sucesso da brasileira, muitos outros diários de classes surgiram pelo Brasil e hoje Isadora lidera movimentos em prol da qualidade da educação pública no Brasil.

Com informações do Tree Hugger

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AS VINTE METAS DO PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO ( AGENCIA SENADO )


Entre os principais objetivos está a erradicação do analfabetismo até 2020

AGÊNCIA SENADO

BRASÍLIA — Entre as 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE) 2011-2020, aprovado no último dia 16 pela Câmara dos Deputados e a ser encaminhado para exame do Senado Federal, estão a de universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de quatro e cinco anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até três anos.

O plano pretende ainda universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de seis a 14 anos, bem como universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% nesta faixa etária.

Outra meta é a de universalizar, para a população de quatro a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino.

O plano também pretende alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade; oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica; e atingir médias nacionais progressivas para o Ideb até 2021.

Há também a meta de elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos, de modo a alcançar o mínimo de 12 anos de estudo para as populações do campo, região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional.

Analfabetismo
Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional é outra das metas do PNE 2011-2020.

O plano também pretende oferecer o mínimo de 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, além de duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta.

Outra meta é a de elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50%, e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta. O governo também quer elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores.

O plano também pretende elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores. Pretende garantir ainda, em regime de colaboração entre a União, estados, Distrito Federal e municípios, que todos os professores da educação básica tenham formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

Valorização
Outro objetivo é o de formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu e garantir a todos formação continuada em sua área de atuação.

O plano apresenta ainda as metas de valorizar o magistério público da educação básica, a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de 11 anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente; assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino.

A última meta prevista no plano é a de garantir, mediante lei específica aprovada nos estados, Distrito Federal e municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar.

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AFINAL, COMPETIÇÃO É SAUDÁVEL OU NÃO PARA A CRIANÇA? ( FOLHA DE S. PAULO )

  Pesquisadores debatem sobre a importância da competição para as crianças

MATT RICHTEL
DO "NEW YORK TIMES"

 
The New York Times Logo antes da hora de dormir, meus dois filhos pequenos foram ao banheiro escovar os dentes. No caminho, o de 4 anos disse à sua irmãzinha: "Eu vou ganhar!". Ele falava da escovação dos dentes. 


Ele tem espírito competitivo. Quando Milo e eu jogamos beisebol, ele me diz: "Eu vou ser os Yankees e você pode ser um time que eles derrotaram". 


É melhor ensinar às crianças difíceis lições de vida, como a de que a emoção de vencer é mais doce se você já conheceu o sofrimento da derrota? Ou é melhor deixar a criança vencer, deixando que a vitória seja parte da diversão? 


"As evidências sugerem de modo avassalador que a competição é destrutiva, especialmente, mas não exclusivamente, para as crianças", disse o autor e palestrante Alfie Kohn. "É uma maneira tóxica de criar filhos." 


Kohn suscita controvérsia, o que não surpreende. É difícil conciliar suas ideias com a realidade da vida moderna. 


Mas fiquei surpreso com o grau em que muitos pesquisadores concordam com aspectos da ideia de Kohn de que a competição do tipo vale-tudo, que eu sempre vi como algo que faz parte da vida moderna, pode promover a ansiedade, prejudicar a autoestima e levar ao isolamento emocional. 


Uma análise a ser publicada no "Psychological Bulletin", periódico da Associação Americana de Psicologia, estuda centenas de pesquisas sobre a competição e a performance e não encontra um vínculo claro entre as duas coisas. Parece que às vezes a competição fortalece a performance, mas, num número igual de casos, ela não o faz. 


Como conciliar visões opostas sobre a competição?

De acordo com David Shields, professor assistente de psicologia educacional na Faculdade Pública St. Louis, no Missouri, a boa notícia é que existe uma chance real para os pais começarem com uma "lousa em branco", quando se trata de definir a competição para as crianças.

"As crianças têm um entendimento superficial da competição", explicou Shields. "Elas só sabem que a palavra 'ganhar' é usada aí fora." Em outras palavras, meu filho não está pensando profundamente no que está dizendo quando fala que quer ganhar de mim. Assim, o primeiro conselho que Shields me dá é: "Deixe-o realizar sua fantasia." 


Qual é a lição que os pais devem tirar disso? Para Shields, tentar mudar a natureza das brincadeiras que você compartilha com seus filhos para enfatizar a cooperação. Resolvi tentar. 


Milo e eu estávamos sentados na sala quando propus meu plano: "Vamos jogar bola e contar quantas vezes podemos jogá-la um para o outro sem que ela caia no chão". "Vamos!" disse Milo. Ele fez uma pausa. "Eu vou pegar a bola mais vezes que você." 


Mesmo pesquisadores que não são grandes fãs de metáforas de batalha que destacam a natureza soma zero de algumas competições reconhecem que competir é uma parte inevitável da vida. 


John Tauer é professor de psicologia na Universidade St. Thomas, no Minnesota, onde estuda a competição e treina o time de basquete masculino. "Quando ouço propostas de eliminar a competição, digo que isso não é realista", comentou. "Não dá para fugir da competição, a não ser que adotemos um sistema em que todo o mundo possa fazer o que quiser, quando quiser." 


Numa série de estudos feitos ao longo de cinco anos, Tauer analisou o desempenho de crianças de 9 a 14 anos fazendo arremessos livres de basquete em três situações: quando um jogador compete com outro, quando dois jogadores colaboram para obter a maior contagem conjunta possível e quando dois jogadores se unem para tentar marcar mais pontos que um terceiro. 


A combinação de cooperação e competição resultou em satisfação maior e, com frequência, mais pontos.

"As crianças preferem a combinação de competição e cooperação", concluiu Tauer. 


Mas o que dizer quando uma criança está brincando sozinha, com uma irmã ou com algumas outras crianças? 


Tauer oferece um conselho concreto: ainda mais básica que a necessidade de ganhar é a necessidade de sentir-se bem e ter uma visão de mundo que corresponda à realidade. 


Assim, se eu deixar Milo ganhar o tempo todo, ele pode inicialmente sentir-se bem, mas em algum momento vai perceber que algo não está certo. 


Procurei o conselho de um campeão do tênis, Erik van Dillen, que em sua adolescência no final dos anos 1960 era o melhor jogador dos Estados Unidos e hoje é pai de cinco filhos. 


Dillen me disse que a ênfase sobre a competição não é o principal. Os maiores jogadores, segundo ele, são pessoas que encontram soluções para problemas. Vencer ou perder é simplesmente um reflexo de até que ponto resolveram o problema. 


David Johnson, professor emérito de psicologia educacional na Universidade de Minnesota, sugeriu uma maneira de mudar a cultura em torno do vencer: ensinar Milo a incentivar outras crianças. Desse modo, disse Johnson, ele vai fomentar um espírito de cooperação. Ao afastar a ênfase do vencer e direcioná-la para dominar uma atividade, o indivíduo e a equipe --a classe, o país, o mundo-- vão crescer.


"A criatividade, a inovação e a qualidade do produto aumentam quando você alimenta os talentos e o desempenho de outros." 

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APÓS AS ELEIÇÕES - Aécio Neves ( Folha de S. Paulo )

29/10/2012 

Acabado o segundo turno das eleições, é hora de os partidos e seus líderes se esforçarem para dar significado político ao resultado das urnas.

Teima-se em usar a lógica das eleições locais, ignorando suas circunstâncias próprias, como viés determinante para projetar o futuro. Assim, busca-se ajustar os resultados às conveniências do momento, daqueles que venceram ou sucumbiram ao voto popular. 

A contabilidade mais importante, a que interessa, porém, é outra. Passadas a euforia e as comemorações, os novos prefeitos vão ter que se haver com uma dura realidade: o enfraquecimento continuado das nossas cidades --cada vez mais pobres em capacidade financeira e, por consequência, sem autonomia política. 

Os novos administradores terão que governar com arrecadações e transferências de recursos em queda e responsabilidade administrativa cada vez maior, sem a necessária contrapartida financeira. Obrigatoriamente, serão instados pela realidade a esquecerem a briga política e os palanques para buscar parcerias e fazer funcionar uma inventividade gerencial, a fim de cumprirem os compromissos assumidos com os eleitores.

Lembro que a Constituição de 1988 tratou da distribuição de recursos entre os diferentes entes federados de acordo com suas obrigações e deveres com a população. Movia os constituintes a lúcida percepção de que não pode existir país forte com Estados e municípios fracos e dependentes, de pires na mão. Um crônico centralismo redivivo aos poucos permeou governos de diferentes matizes e se exacerbou agora, incumbindo-se de desconstruir a obra federativa criada naquele momento histórico, de revisão constitucional. 

Fato é que, hoje, do total arrecadado no país, mais da metade fica nos cofres federais. Os Estados e os mais de 5.000 municípios brasileiros têm que sobreviver com percentuais muito inferiores, incluídas as transferências obrigatórias. Cada vez menos a União participa com recursos e responsabilidades das principais políticas públicas nacionais. Basta fazer as contas: nas principais áreas, a presença federal é minoritária, quando não decrescente. 

A consequência, óbvia, consta de recente estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro: 83% dos municípios brasileiros simplesmente não conseguem se sustentar. 

Impassível diante dessa realidade, o governo central ignora Estados e municípios como parceiros e poderosas alavancas para a produção de um crescimento diferenciado, descentralizado, mais inclusivo e também mais democrático, fundamental neste momento de crise, em que as fórmulas tradicionais estão esgotadas e fechamos o ano na lanterna dos países emergentes. 

AÉCIO NEVES escreve às segundas-feiras neste espaço. 

Aécio Neves Aécio Neves é senador pelo PSDB-MG. Foi governador de Minas Gerais entre 2003 e 2010. É formado em economia pela PUC-MG. Escreve às segundas-feiras na página A2 da versão impressa.

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POLÍTICA E MENTIRAS - Sergio Telles ( O ESTADO DE S. PAULO )


SÉRGIO TELLES
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27 de outubro de 2012 

SÉRGIO TELLES - O Estado de S.Paulo
 
Acontecimento da maior importância para o avanço de nossas instituições republicanas e democráticas, o julgamento do mensalão pelo STF se encaminha para a finalização dos procedimentos.

Acostumado a governar sem entraves, o PT não contava com este inesperado revés. Atônito, esboçou um ataque direto ao STF e recuou, concentrando esforços nas eleições. A vitória - especialmente em São Paulo - supostamente atenuaria os estragos causados pela condenação.

Parece difícil que a eventual vitória nas urnas tenha esse efeito. Ganhando ou perdendo as almejadas prefeituras, o partido necessitará de uma estratégia para lidar com o devastador efeito do julgamento, sendo que não são muitas as alternativas à sua disposição.

 Uma delas seria o acatamento às decisões do STF, a aceitação das condenações e as devidas penas, motivo para uma ampla reflexão sobre a forma como tem conduzido o poder. Ao que tudo indica, tal encaminhamento é pouco provável. Persistirá a negação pura e simples do mensalão? Continuará a tentativa de substituir os fatos sobejamente apurados por artefatos fictícios, o imaginado complô engendrado pela "direita", pela "elite", pela "imprensa comprada"? Será possível manter essa postura? Por quanto tempo e a que custo?

Há pouco, Fernando Gabeira comparou neste jornal a tática usada por Lula e outros próceres do PT, que insistiam em afirmar que o mensalão nunca existiu, à de Maluf, que, contra todas as evidências, continua negando ter dinheiro em contas no exterior. Em ambos os casos, há um deliberado ataque à verdade e sua substituição por uma mentira mais adequada a seus propósitos.

Tal prática é de rigor nos regimes totalitários, mas não apenas neles. A mentira parece ser intrínseca à prática política e fica muito explícita por ocasião das eleições, quando os candidatos fazem promessas mirabolantes, das quais têm plena consciência que jamais teriam condições de cumprir. Atualmente a situação fica ainda mais complicada quando lembramos que as campanhas seguem modelos advindos da publicidade comercial e os políticos são vendidos como produtos para o consumo.

Essa importante questão é examinada em toda sua complexidade por Derrida em História da Mentira - Prolegômenos (texto disponível na internet). Antes de abordar sua incidência no campo da política, Derrida deixa de lado o enfoque moralista e se estende sobre a mentira como uma contingência humana, indissociável das práticas sociais, discriminando-a do erro e da ignorância, caracterizando-a como o deliberado empenho de enganar o outro e levantando a questão de cunho psicanalítico sobre a possibilidade de mentir a si mesmo, o autoengano. Não é possível resumir a amplitude de seu raciocínio, me atenho a apontar alguns itens do roteiro por ele empreendido na abordagem do tema. Partindo de um texto de Nietzsche que especula se existe um mundo "verdadeiro" em oposição a um mundo "de mentira", Derrida comenta as ideias de Platão, Santo Agostinho, Kant, Benjamin Constant, Koyré e Hanna Arendt sobre a mentira, ilustrando os argumentos com vários exemplos da história política recente.

De Hanna Arendt examina com detalhe o Truth and Politics (capítulo de Entre o Passado e o Futuro - Editora Perspectiva - e também disponível em inglês na rede), um artigo que ela escreveu para a The New Yorker em 1967, cujo disparador foi a controvérsia gerada por sua reportagem publicada como Eichmann em Jerusalém (Companhia das Letras). Ali mostra a insuperável tensão entre o poder e a verdade, da qual decorre a importância da mentira no discurso político: "As mentiras sempre foram consideradas instrumentos necessários e legítimos, não somente do ofício do político ou do demagogo, mas também do estadista. Por que será assim? O que isso significa quanto à natureza e dignidade do campo político por um lado, quanto à natureza e dignidade da verdade e da boa fé por outro lado?"

Arendt acredita que na modernidade teria havido uma mutação na história da mentira, pois ela se tornou "completa e definitiva" no campo político, tendo chegado a um extremo que transforma a própria história em mentira absoluta: "A possibilidade da mentira completa e definitiva, que era desconhecida em épocas anteriores, é o perigo que nasce da manipulação moderna dos fatos. (...) A tradicional mentira política, tão proeminente na história da diplomacia e dos negócios de Estado, costumava dizer respeito ou a verdadeiros segredos - dados que nunca haviam sido expostos ao público - ou intenções (...) Ao contrário, as mentiras políticas modernas lidam eficientemente com coisas que definitivamente não são segredos e sim conhecidas praticamente por todos. Isso é óbvio no caso em que se reescreve a história contemporânea na frente daqueles que a testemunharam".

A relação da mentira com a política apontada por Arendt não deve ser entendia como uma depreciação definitiva da prática política. Para ela, como sublinha Derrida, "entre mentir e agir, agir em política, manifestar a própria liberdade pela ação, transformar os fatos, antecipar o futuro há como que uma afinidade essencial. (...) A imaginação é a raiz comum à 'capacidade de mentir' e à 'capacidade de agir'. (...) A mentira é o futuro, podemos nos arriscar a dizer para além da letra, sem trair a intenção de Arendt nesse contexto. Ao contrário, dizer a verdade é dizer aquilo que é ou terá sido, seria antes dizer o passado.(...) Há uma afinidade inegável da mentira com a ação, com a mudança do mundo, ou seja, com a política".

Essa visão da onipresença multifacetada da mentira nas relações humanas, e especialmente na política, não retira dela a conotação perversa, e menos ainda anula a necessidade radical de contrapô-la à verdade, mostra que essa não é uma tarefa de pouca monta.

Fora de seu rico contexto e denso embasamento, as ideias de Arendt e Derrida talvez pareçam esquemáticas e simplistas, o que seria um equívoco. Elas mostram formas pelas quais o poder é exercido, o que nos ajuda a vê-lo de forma mais adulta e realista. Quem sabe as citações sirvam como um estímulo à leitura desses dois textos fundamentais.

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