sexta-feira, 5 de outubro de 2012

CEGA, SURDA, MUDA, escritora e conferencista (crônica do Prof. Cláudio Silva)


*Por Cláudio Silva
Ontem tive a graça de mais uma vez participar do grupo de oração Sagrada Família na Catedral de Apucarana. Tem sido uma bênção em minha vida. Pessoas unidas pela fé, numa unidade que acaba se traduzindo em fraternidade, pois um clima agradável de paz e acolhimento vai às pessoas desde a recepção. As orações e reflexões sobre a Palavra de Deus vão atuando como um abastecimento que revigora o espírito. Ao ponto de se sentir falta quando, por algum motivo, é necessário faltar. Algumas das exortações foram voltadas à família. 

Enquanto eu  orava vinha-me à mente um depoimento que havia ouvido no dia anterior, a respeito de um pai que havia perdido o filho, vitimado pelas drogas. E que o outro, menor, está indo pelo mesmo caminho. Pessoalmente eu refletia como a família moderna tem sofrido o fenômeno do distanciamento entre os seus membros. De forma que chegamos a constatar casos de filhos que se assemelham a órfãos, de pais vivos.  Dada às carências afetivas por conta de distanciamentos impostos pela correria do dia-a-dia. 

Crises atingem indistintamente pais e filhos, distanciam o casal entre si e estes dos filhos. A casa, em certas situações, acaba se assemelhando a um hotel, e não a um lar. Cada um vive a sua vida isolada. Faltam conexões sadias, enriquecedoras entre os seus membros. Certa vez, eu lia que a palavra lar é um derivativo de lareira, lugar que aquece. O que nem sempre corresponde à realidade. E durante a reflexão eu meditava sobre o nosso importante papel de pais, pois podemos contribuir decisivamente para o desenvolvimento de grandes personalidades. Cuidando para que o ambiente familiar seja esse terreno fértil para que essas plantas, que são os nossos filhos, encontrem o clima propício para crescer de forma sadia e equilibrada. 

Por mais contraditória que a realidade aparentemente possa parecer, os filhos podem e devem acontecer para a vida. A esse respeito, lembrei-me de uma personagem que marcou a minha vida, e que gostaria hoje de apresentá-la aos leitores. Chama-se Hellen Keller. Ela nasceu no Alabama, e já nos seus primeiros anos de vida foi acometida por uma doença grave que a deixou cega, surda e muda. Por essas coincidências, que preferimos chamar de atos da Providência, uma professora de Braille, Anne Sullivan, verdadeiramente apaixonada pela sua missão de educadora, se interessa pelo seu caso. E a assume com todo o amor e devotamento que se poderia esperar de uma verdadeira educadora. E, através da orientação paciente de Anne, o milagre simplesmente aconteceu. Contando apenas com o auxílio do tato e uma enorme força de vontade, ela aprende a ler e escrever em Braille, chegando a falar, por imitação das vibrações da garganta da professora que captava com as pontas dos dedos. 

Seu desenvolvimento torna-se espantoso, sendo citado como um dos casos mais ilustrativos da história da educação, pois Hellen Keller tornou-se escritora famosa, filósofa e conferencista, tendo oportunidade de correr o mundo ao lado de sua professora, ficando marcada pelo seu trabalho em prol das pessoas portadoras de deficiências. Na base, o amor de uma família, que foi complementado pelo amor dedicado de um anjo a que chamamos de educadora. 

Uma exortação de Hellen poderá ter o condão de nos acordar, a nós, que nos julgamos perfeitos:

“Use os olhos como se fosse ficar cego amanhã (...) Escute a música das vozes, o canto dos pássaros, as poderosas notas de uma orquestra, como se fosse ficar surdo. Toque cada objeto como se o sentido do tato lhe fosse faltar amanhã. Sinta o aroma das flores e o sabor de cada bocado de comida como se amanhã já não pudesse cheirar nem sentir o gosto de nada”.

O seu filho, independentemente de  sua  condição pessoal, nasceu para a vida em plenitude. E  você pode  contribuir. Sendo uma presença presente, que  incentiva e  ajuda  a  desenvolver suas  potencialidades, corrigindo quando necessário, para a  formação de uma personalidade íntegra e ética, jamais encobrindo suas faltas ou apoiando-o no  erro e, fundamentalmente, ajudando-o a educar-se na fé. Essa dimensão tão importante  da  vida humana e que por vezes é deixada em plano  inferior.  Os frutos virão ao seu tempo, como  nos é explicitado  no evangelho de João no capítulo 15, nossa sugestão para sua reflexão neste  dia, e como bem atesta o impressionante testemunho de Hellen.

Para os amigos que se interessarem em conhecer melhor a história  de Hellen Keller, recomendamos a leitura de  “A história da minha vida” (dados abaixo). E a sua vida, com certeza, não será mais a mesma.

Pense nisso!

(Se achou esta crônica interessante, poste o seu comentário abaixo ou envie por  email. Sua referência é importante para nós. As mais acessadas irão integrar o  próximo  livro. No box de postagem a  opção mais utilizada tem sido o Google. Grato. OS EDITORES)

*Cláudio Silva é mestre em Educação, Secretário Especial de Ensino Superior de Apucarana (Pr), ex-Secretário de Educação de  Apucarana e ex- presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação-UNDIME/PR.      
                                                                                                                 
Ficha Técnica:
Estrutura: Cláudia Alenkire Gonçalves da Silva (acadêmica de jornalismo)
Revisão: Prof.ª Doutoranda Leila Cleuri Pryjma

Bibliografia
·        KELLER, Hellen. A história da  minha  vida. São Paulo: Editora José Olympio, 2008

MAIS ACESSADA: AS RAPOSAS E O  GALINHEIRO
http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2012/09/as-raposas-e-o-galinheiro-refletindo.html

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6 comentários:

Junior Tarelho disse...

Professor Cláudio!

Conheci a história de Hellen Keller em 2011, quando cursei a disciplina de Libras na formação pedagógica. Minha professora (surda) nos apresentou o filme indiano "Black" (de 2005, dirigido por Sanjay Leela Bhansali) que é baseado na trajetória da Hellen. Bem, ao final da exibição, questionei-me sobre o quão injusto sou ao, às vezes, me sentir amedrontado por desafios. E que, muitas vezes, a limitação é algo que nós mesmos nos impomos. Recomendo este filme, além dos documentários e biografias! Abraço!

Cláudia Yaisa disse...

Parabéns pela crônica.
Sem dúvida os pais e responsáveis possuem fundamental papel na educação dos filhos. Winnicott, renomado psicanalista inglês, escreve a respeito da importância do ambiente para a constituição de um adequado desenvolvimento emocional no indivíduo. Podendo ser esse ambiente tudo que está no entorno da criança, ou seja, pais, tios, avós, escola, vizinhos, etc.
e para contribuir recomendo também além do livro exposto no texto, o filme O Milagre de Anne Sullivan, para saber mais sobre a história de Hellen Keller.

Prof. Cláudio Silva disse...

Oi Júnior,

São grandes exemplos de vida que servem para nos desinstalar, sair um pouco da zona de conforto e perceber que é possível ir bem mais além. Grato pela postagem. Um abraço

Prof. Cláudio Silva disse...

DE:
DE: IVONE GONÇALVES MOREIRA

Olá!

Estou sempre torcendo por seu sucesso e sua felicidade.
Tudo o que você faz é muito bem feito.
Parabéns por mais essa bela produção.
Um abraço.

Ivone

Prof. Cláudio Silva disse...

Olá Ivone,

Recebemos suas palavras como um grande incentivo. Somos conscientes de nossas limitações. Mas é com satisfação que ousamos dividir um pouco de nossas inspirações com os amigos.

Um grande abraço

Prof. Cláudio Silva disse...

Dra Yaísa,

Esperamos que as reflexões possam servir para despertar as pessoas. Vocês da psicologia estão em contato direto com situações semelhantes, e suas contribuições são por demais importantes para o reequilíbrio das pessoas. Muito agradecido por nos honrar com o consistente comentário que é muito importante para o aprofundamento dos leitores. Um abraço