Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Supervisora acadêmica do ISAE/FGV,
Viviane Ternoski está na segunda fase de um curso de português ofertado
aos colaboradores da instituição
Há
tempos negligenciado na lista de qualificações exigidas pelo mundo
corporativo, o português voltou à cena e tem sido cada vez mais
procurado por executivos e profissionais de grandes empresas que querem
se aperfeiçoar na língua pátria para fugir dos deslizes gramaticais e
dos textos prolixos que não levam a lugar algum.
Para
ter sucesso profissional é preciso dominar as competências relacionadas
à comunicação. Negligenciar o português pode ser um tiro no próprio pé,
garantem os consultores da área.
Reciclagem melhorou desempenho no trabalho
Supervisora acadêmica do ISAE/FGV, Viviane Ternoski está na segunda fase de um curso de português ofertado aos colaboradores da instituição. Formada em Administração com ênfase em Comércio Exterior, ela conta que a principal dificuldade antes de começar o curso era escrever. “Eu demorava muito para colocar as ideias no papel”. Agora sente que sua maneira de escrever mudou bastante. Como se comunica muito por e-mail, Viviane diz que também passou a ficar mais atenta àquilo que escreve. Antes escrevia um e-mail e já mandava. Depois, relendo o texto, percebia erros bobos que poderiam ter sido evitados. “A forma como você escreve é a maneira como você se expressa. Escrever errado pode mudar todo o sentido daquilo que você estava querendo dizer”, ressalta ela.No regresso ao Brasil, depois de passar dois anos estudando na Irlanda, a jornalista Maureen Bertol resolveu aperfeiçoar seus conhecimentos na língua portuguesa para se recolocar no mercado de trabalho, principalmente porque a escrita e o português são suas ferramentas de trabalho. Ela fez o curso de Aperfeiçoamento Gramatical e o texto em Redes Sociais, ministrado pela consultoria Toda Letra, também para se ambientar ao novo acordo ortográfico. “Depois de dois anos falando e escrevendo em inglês, eu precisava voltar a pensar na minha língua materna”.
Hábitos
Falta de leitura é um complicador para manter a língua em dia“Uma pessoa que não tem costume de ler, sempre terá dificuldades para escrever”, afirma Ana Paula, da Toda Letra. Segundo ela, a maioria das pessoas perde esse hábito, porque não existe a obrigação de ler. Ao longo do tempo, a consequência disso é o empobrecimento das noções da língua. Outro ponto difícil de ser revertido são os vícios de linguagem. Uma vez adquiridos, é preciso muito treino e atenção para eliminá-los. Por fim, Ana Paula destaca a questão da objetividade, que faz parte de uma mudança mais profunda na forma de escrever. “Ser objetivo é ter outro olhar sobre o texto e trabalhar para colocá-lo em prática. Leva mais tempo, mas é perfeitamente possível com o conhecimento e a prática”.
Para acompanhar a demanda crescente por esse tipo de serviço,
surgiram consultorias especializadas na língua portuguesa, que ensinam a
falar e escrever corretamente. “O aumento massivo da comunicação via
internet, por meio das redes sociais e da ferramenta e-mail, criou uma
demanda que não existia há 10 anos, quando a conversa pessoal e o
telefone ainda os principais canais de comunicação das empresas”, afirma
Ana Paula Mira, diretora-geral da Toda Letra, consultoria especializada
em língua portuguesa que está há dois anos e meio no mercado.
Segundo Ana Paula, as dificuldades mais comuns que levam as empresas a
buscar aperfeiçoamento para seus profissionais estão relacionadas à
ortografia, pontuação e escrita, com destaque para a falta de clareza e
objetividade na hora de compor um texto, por menor que ele seja.
Contudo, se de um lado a demanda por cursos de português vem aumentando
nos últimos anos, ainda existe um número considerável de empresas que
acreditam não precisar de aperfeiçoamento nessa área.
“É difícil para o profissional reconhecer que precisa fazer uma
reciclagem na própria língua. Estudar inglês ou espanhol tem o status de
fazer um segundo idioma, mas quando se fala em aperfeiçoar o português a
receptividade é bem menor”, afirma o diretor da Fundação Fisk,
Christian Ambros. Desde 2008, as escolas de idioma Fisk oferecem um
curso de português para brasileiros, com duração de um ano. A maior
procura, garante ele, é das empresas, que convidam seus profissionais a
melhorarem seus conhecimentos na língua mãe. Ambros afirma que em todo o
Brasil já são mais de 12 mil alunos.
Deslizes custam caro
Erros de português em entrevistas de emprego, relatórios ou e-mails
podem ir além dos prejuízos para a imagem e credibilidade do
profissional ou da companhia. A diretora-geral da Toda Letra relata a
situação de uma empresa que procurou a consultoria depois que um e-mail
mal escrito acabou levando ao cancelamento de um contrato importante. “O
e-mail dava a entender que o valor do desconto seria maior que de fato
era. Na hora de esclarecer o mal entendido, o cliente acabou cancelando o
negócio.”
Fonte: GAZETA DO POVO
CRÔNICA INÉDITA DO PROF.
CLÁUDIO SILVA: AS RAPOSAS E O GALINHEIRO
http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2012/09/as-raposas-e-o-galinheiro-refletindo.html
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