quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Oferta de pós cresce no PR, mas qualidade não avança ( GAZETA DO POVO )

Com cursos novos e baixo investimento, estado não apresenta nenhum programa de mestrado e doutorado com nota máxima na avaliação oficial

Publicado em 05/09/2012 | Fernanda Trisotto
 
 / Mauro Ravagnani, pró-reitor de Pós-Graduação da UEM: instituição tem 2 dos 3 programas mais bem avaliados no estado Mauro Ravagnani, pró-reitor de Pós-Graduação da UEM: instituição tem 2 dos 3 programas mais bem avaliados no estado

 
A oferta de programas de pós-graduação no Paraná e o investimento nesta área vêm crescendo nos últimos anos, mas a qualidade dos cursos está estacionada em um nível mediano. Em dois anos, 63 novos programas foram criados nas redes pública e particular e a verba destinada para a área pela Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná triplicou.
Apesar dos esforços, nenhum programa de mestrado e doutorado no estado atingiu a nota máxima na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que vai de 1 a 7. Por outro lado, 77,5% dos cursos receberam conceitos 4 e 5, que são considerados bons, mas não excelentes.
Na UEM, corpo docente e infraestrutura fazem a diferença
Marcus Ayres, da Gazeta Maringá
Entre os três programas de mestrado e doutorado que atingiram o conceito 6 no Paraná, dois são da UEM: o de Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais e o de Zootecnia. O outro programa de pós do estado que obteve essa nota é o de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Na opinião do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UEM, Mauro Ravagnani, esse resultado se deve basicamente a três fatores: qualificação do corpo docente, infraestrutura e produção científica. Em 2011, a área de pós-graduação da UEM recebeu pelo menos R$ 15,5 milhões em recursos destinados à aquisição de equipamentos, programas de bolsas, capacitação de docentes e outras atividades.
Sucesso
O programa de pós-graduação em Zootecnia obteve pela terceira vez consecutiva o conceito 6. Para o coordenador do programa, Antônio Branco, o nível de excelência se deve principalmente à qualidade das publicações dos docentes e à cooperação que existe com empresas e instituições de várias partes do Brasil e do exterior, incluindo países da Europa e América do Norte. “Mantemos uma cooperação interinstitucional muito forte. Mas acredito que ainda temos o que melhorar. Considerando o PIB [Produto interno Bruto] do Paraná, poderíamos receber mais recursos de incentivo à pesquisa”, avalia.
Quase todos os estudantes dos dois programas nota 6 da UEM recebem bolsas de incentivo à pesquisa e a estrutura dos cursos extrapola os limites geográficos. A pós em Zootecnia possui um centro de treinamento e pesquisa em Cidade Gaúcha, no Noroeste do estado, além de uma estação de piscicultura e uma fazenda experimental, instaladas nos distritos maringaenses de Floriano e Iguatemi. Já o programa de Ecologia de Ambientes Aquáticos dispõe de uma base avançada de pesquisa no município de Porto Rico, às margens do Rio Paraná.
Notas
Conheça alguns critérios de avaliação da Capes:
- Os programas recebem notas entre 1 e 7, que avaliam a proposta do programa, corpo docente, corpo discente, teses e dissertações, produção intelectual e inserção social.
- A nota 3 corresponde ao padrão mínimo de qualidade.
- A nota 4 é atribuída a curso que tenha sido avaliado como “bom” em três quesitos, incluindo produção intelectual e discente.
- A nota 5 é a máxima admitida para programas que ofereçam apenas mestrado e exige que o programa seja considerado “muito bom” em quatro quesitos.
- As notas 6 e 7 são reservadas a programas de doutorado classificados com nota 5 em uma etapa preliminar e que tenham desempenho equivalente a de centros internacionais de excelência na área. São cursos consolidados e com titulação em ritmo regular.
Mudança
A aproximação da academia com setores produtivos também pode implicar mudanças na qualidade dos cursos. A Fundação Araucária já fez parcerias com Itaipu e Boticário, e ainda negocia com a Fundação Oswaldo Cruz, Fundação Carlos Chagas e estatais, como a Copel e Sanepar, para aumentar o volume de dinheiro investido em ciência e tecnologia no Paraná.
Para especialistas, o Paraná sofreu um período de estagnação na área e demorou para reagir, o que explica os resultados médios na área. Para o diretor da Fundação Araucária, Paulo Roberto Brofman, apesar dos novos programas, o Paraná não apresenta indicadores tão bons quanto o de outros estados de tamanho equivalente, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, quando se avalia o número de cursos e bolsas de auxílio para pesquisadores.
De acordo com ele, o isolamento do estado – que por muitos anos não se relacionou com as principais agências de fomento à pesquisa, responsáveis por impulsionar boa parte da produção acadêmica do país – é um dos fatores responsáveis pela baixa evolução da qualidade. Brofman conta que, por meio de uma parceria com a Capes, a Fundação Araucária conseguiu triplicar seu orçamento, passando de uma verba anual de cerca de R$ 24 milhões em 2011 para R$ 76 milhões neste ano.
A Constituição estadual determina que 2% das receitas de impostos sejam destinadas à área de ciência e tecnologia, mas apenas 0,3% do total de recursos do estado é repassado para a Fundação Araucária. “O Paraná tem um potencial enorme, só não tinha o dinheiro para investir. Ainda estamos muito longe do ideal, mas esperamos, com apoio do governo do estado, melhorar”, diz.
Novos cursos
O número de cursos de mestrado e doutorado saltou de 182 em 2010 para 245 neste ano. A criação de cursos explica, em parte, a ausência de programas de excelência: em todo o estado, apenas três cursos de mestrado e doutorado receberam nota 6 – dois da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e um da Universidade Federal do Pa­raná (UFPR).
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uni­versidade Tecnológica Fede­ral do Paraná (UTFPR), Luiz Nacamura Júnior, lembra que os cursos iniciantes geralmente recebem conceito 3 da Capes e a evolução das notas é lenta. “São poucos casos em que os cursos elevam o conceito já na primeira avaliação trienal da Capes. Para se atingir o conceito máximo, um programa pode demorar até 15 anos”, pondera. No caso da UTFPR, até o ano 2000 havia três cursos de mestrado e um de doutorado. Atualmente, a instituição conta com 22 programas, e a maior parte foi criada a partir de 2009.
Na UFPR, a avaliação do pró-reitor de pesquisa e pós-graduação, Sérgio Scheer, é de que pelo menos um terço dos cursos de pós que foram avaliados com conceito 5 tem condições de elevar a nota. Por outro lado, ele admite que o caminho é difícil e lembra que a universidade já teve um programa rebaixado: o programa de mestrado/doutorado em Bioquímica, que passou de conceito 6 para 5.
(Des)incentivo
Valor da remuneração dos pesquisadores é considerado baixo
As bolsas concedidas pelos órgãos de fomento à pesquisa ainda têm valores considerados baixos por especialistas. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, oferece 16 modalidades de remuneração para pesquisadores, que variam entre R$ 360 e R$ 14 mil.
Um pesquisador que está elaborando uma dissertação de mestrado, por exemplo, recebe um auxílio de R$ 1.350, enquanto para pesquisadores do doutorado, o valor é de R$ 2 mil. Já os pesquisadores que estão fazendo pós-doutorado recebem bolsas que variam entre R$ 3,7 mil e R$ 4 mil. O valor de R$ 14 mil é oferecido para a modalidade “pesquisador visitante especial”, com o objetivo de atrair para o país cientistas renomados e líderes de grupos de pesquisa no exterior.
A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) oferece programa próprio de bolsas com remunerações superiores às praticadas pelo CNPq. Nos programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, o valor do auxílio é de 13,9% a 50% maior do que os oferecidos pelo programa federal.
Complemento
No Paraná, a Fundação Araucária propõe uma medida para tentar equacionar o problema da baixa remuneração: a complementação de bolsas. Por meio de uma parceria com a Capes, a agência paranaense recebeu recursos para melhorar a remuneração de 80 bolsistas de mestrado e outros 60 de doutorado. A complementação é de R$ 300 para os mestrandos e de R$ 500 para doutorandos. Além disso, dois pesquisadores de pós-doutorado também poderiam receber a ajuda extra, no valor de R$ 1,5 mil.
SUGESTÃO DE  LEITURA:  CONHECE  A  ESTÓRIA  DO  SÁBIO? http://profclaudiosilva.blogspot.com.br/2012/08/lembra-daquela-historia-do-sabio.html


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