Pesquisa aponta que disciplina está à margem de projeto pedagógico na rede pública. Infraestrutura tem diferenças entre campo e cidade
A educação física nas escolas públicas enfrenta
grandes diferenças entre as áreas rural e urbana, quanto a
infraestrutura, e inova pouco pedagogicamente. Estas são as principais
conclusões da pesquisa “Educação física nas Escolas Públicas
Brasileiras”, realizada pelo Ibope em parceria com os institutos Ayrton
Senna e Votorantim e a ONG Atletas pela Cidadania, e divulgada nesta
quarta-feira (28).
Na análise feita dos docentes e de suas práticas pedagógicas, os
pesquisadores avaliaram que os professores de educação física são bem
capacitados, estão satisfeitos com a profissão, sabem de sua importância
para a formação do aluno, mas ainda estão à margem do processo
pedagógico.
De acordo com o levantamento feito com professores e diretores de
458 escolas públicas de áreas rurais e urbanas de todo o País, 94% dos
professores de educação física têm formação superior e 83% em educação
física; 44% fizeram pós-graduação ou especialização e 3% mestrado. Além
disso, 78% participaram de formação continuada.
Os docentes estão motivados, 74% estão muito satisfeitos, e dão nota
média 8,2 para a profissão. Quase 100% concordam que a educação física é
tão importante quanto as outras disciplinas e pode ajudar a melhorar o
desempenho escolar dos alunos como um todo. Mas, apesar de tantos dados
positivos, para 21% a educação física não é tratada com a mesma
importância da de outras disciplinas em suas escolas.
Os métodos de avaliação também apontam uma contradição em relação à
intenção: 60% dos professores avaliam seus alunos com testes e trabalhos
teóricos; 78% avaliam o desempenho físico e 71% por meio de gincanas.
Para os responsáveis pela pesquisa, falta estabelecer parâmetros de
ensino e aprendizagem pautados em propostas pedagógicas que desenvolvam
nos alunos competências pessoais, relacionais, cognitivas e produtivas.
Ou seja, se a educação física pretende formar o cidadão, deveria avaliar
competências como trabalho em time, cooperação, autonomia, liderança.
“O Brasil ainda não aprendeu a transformar insumos em resultados”, afirma Viviane Senna,
presidenta do Instituto Ayrton Senna. Para Viviane, a boa formação dos
professores – especializados e motivados – não é revertida aos
estudantes porque faltam práticas consistentes e gestão estratégica da
disciplina. Outro problema é a existência de muitos objetivos, apontada
pelos entrevistados, que faz com que o profissional não saiba exatamente
aonde quer chegar e perca o foco.
“O esporte é uma via poderosíssima para desenvolver competências na
escola e na vida profissional. E a educação física tem acontecido à
margem de um projeto pedagógico”, completa Tatiana Filgueiras, gerente
de Avaliação e Desenvolvimento do Instituto Ayrton Senna. Tatiana
defende que a aula tenha uma intencionalidade e esteja alinhada a um
objetivo maior para que ela seja um espaço de “aprendizado de fato e não
de recreação”.
Infraestrutra
O estudo também analisou a infraestrutura das escolas e apontou que
as mais carentes estão nas áreas rurais e no Nordeste. Há espaço
específico para a prática de educação física em 70% das unidades – 81%
na área urbana e apenas 19% na rural. No Nordeste, 49% das escolas
contam com um espaço específico, enquanto no Sul este índice chega a 89%
e no Sudeste, 85%. A maioria das escolas (65%) não tem quadra
poliesportiva. Novamente a diferença entre campo e cidade se repete: o
equipamento está em 81% das escolas urbanas e 50% das rurais.
Foto: Marina Morena Costa
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O ex-jogador de futebol Raí avalia que a educação física deve ser mais valorizada
Atletas
A proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas propicia um momento
para tratar o esporte com seriedade, avalia Ana Moser, ex-jogadora de
vôlei e membro da Atletas pela Cidadania. Ana acredita que um país com
educação física para todos seria mais saudável, física e
espiritualmente. “As pessoas desenvolveriam o esporte para o lazer e
melhorariam as relações interpessoais com este hábito mais desenvolvido.
Haveria mais competições e fatalmente teríamos atletas de alto nível”,
destaca.
Para o ex-jogador de futebol Raí, também membro da ONG, a mobilização
em torno do esporte serve para valorizar e trazer o tema para as
secretarias de educação. “A valorização que a educação física tem que
ter na escola ainda não está de acordo com a importância que ela tem
para a vida dos estudantes”, avalia.
Magic Paula, ex-jogadora de basquete, conta que foi na aula de
educação física de uma escola pública que descobriu o esporte. “Fica
claro a importância que a escola teve na minha vida do esporte e
pessoal.”. Para ela, a escola deve pulverizar a prática esportiva e
evitar que os estudantes se concentrem apenas nos esportes que gostam
mais ou têm desempenho melhor
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/com-professor-bem-formado-e-motivado-educacao-fisica-nao-inova/n1597724920500.html
Acesse crônicas do Prof.
Cláudio Silva, sobre educação, em: http://profclaudiosilva.blogspot.com/2011/10/cronicas-sobre-educacao-do-prof-claudio.html
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