Parcela de leitores passou de 55% para 50% da população entre 2007 e 2011. Até entre crianças e adolescentes, que leem por dever escolar, houve redução
Nathalia Goulart
(Thinkstock)
O brasileiro está lendo menos. É isso que revela a pesquisa Retrato da
Leitura no Brasil, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Pró-Livro
em parceria com o Ibope Inteligência. De acordo com o levantamento
nacional, o número de brasileiros considerados leitores – aqueles que
haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa –
caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2
milhões (50%), em 2011.
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A redução da leitura foi medida até entre crianças e adolescentes, que
leem por dever escolar. Em 2011, crianças com idades entre 5 e 10 anos
leram 5,4 livros, ante 6,9 registrados no levantamento de 2007. O mesmo
ocorreu entre os pré-adolescentes de 11 a 13 anos (6,9 ante 8,5) e entre
adolescente de 14 a 17 (5,9 ante 6,6 livros).
Para Marina Carvalho, supervisora da Fundação Educar DPaschoal, que
trabalha com programas de incentivo à leitura, uma das razões para a
queda no hábito de leitura entre o público infanto-juvenil é a falta de
estímulos vindos da família. “Se em casa as crianças não encontram pais
leitores, reforça-se a ideia de que ler é uma obrigação escolar. Se
existe uma queda no número de leitores adultos, isso se reflete no
público infantil”, diza especialista. “As crianças precisam estar
expostas aos livros antes mesmo de aprender a ler. Assim, elas criam uma
relação afetuosa com as publicações e encontram uma atividade que lhes
dá prazer.”
O levantamento reforça um traço já conhecido entre os brasileiros: o
vínculo entre leitura e escolaridade. Entre os entrevistados que
estudam, o percentual de leitores é três vezes superior ao de não
leitores (48% vs. 16%). Já entre aqueles que não estão na escola, a
parcerla de não leitores é cerca de 50% superior ao de leitores: 84% vs.
52%.
Outro indicador revela a queda do apreço do brasileiro pela leitura
como hobby. Em 2007, ler era a quarta atividade mais apreciada no tempo
livre; quatro anos depois, o hábito caiu para sétimo lugar. Antes, 36%
declaravam enxergar a leitura como forma de lazer, parcela reduzida a
28%.
À frente dos livros, apareceram na sondagem assistir à TV (85% em 2011
vs. 77% em 2007), escutar música ou rádio (52% vs. 54%), descansar (51%
vs. 50%), reunir-se com amigos e família (44% vs. 31%), assistir a
vídeos/filmes em DVD (38% vs. 29%) e sair com amigos (34% vs. 33%). "No
século XXI, o livro disputa o interesse dos cidadãos com uma série de
entretenimentos que podem parecer mais sedutores. Ou despertamos o
interesse pela leitura, ou perderemos a batalha", diz Christine Castilho
Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, que
há 13 anos promove ações de incentivo a leitura.
Um levantamento recente do Ecofuturo revelou a influência das
bibliotecas sobre os potenciais leitores. De acordo com o levantamento,
estudantes de escolas próximas a bibliotecas comunitárias obtêm
desempenho superior ao de alunos que frequentam regiões sem biblioteca.
Nesses casos, o índice de aprovação chega a ser 156% superior, e a taxa
de abandono cai até 46%. "Ainda temos uma desafio grande a ser
enfrentado, já que grande parte das escolas da rede pública não contam
com biblioteca." Uma lei aprovada em 2010 obriga todas as escolas a ter
uma biblioteca até 2020. Na época, o movimento independente Todos Pela
Educação estimou que, para cumprir com a exigência, o país teria de
erguer 24 bibliotecas por dia.
A pesquisa Retrato da Leitura no Brasil foi realizada entre 11 de junho
e 3 de julho de 2011 e ouviu 5.012 pessoas, com idade superior a 5 anos
de idade, em 315 municípios. A margem de erro é de 1,4 ponto
percentual.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/habito-de-leitura-no-brasil-cai-ate-entre-criancas
Acesse crônicas do Prof.
Cláudio Silva, sobre educação, em: http://profclaudiosilva.blogspot.com/2011/10/cronicas-sobre-educacao-do-prof-claudio.html
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